A história se repete, como farsa e como tragédia, nas últimas eleições. O eleitorado da cidade de São Paulo pode ser dividido em três grandes blocos "geopolíticos". Os mais ricos, moradores dos Jardins, Itaim-Bibi, V. Mariana, Perdizes, Pinheiros - grosso modo pode-se chamar de região sudoeste da Capital, votam no PSDB, com índices variando de 65% a 70%. Nestes bairros, Serra ganhou disparado, Marina foi a segunda colocada e Dilma amargou um terceiro lugar.
Os mais pobres, moradores da periferia mais distante do Centro (Grajaú, Parelheiros, Jardim Ângela, Campo Limpo, Capão Redondo, Sapopemba, Guaianzes, Cidade Tiradentes, Itaquera, São Miguel, Itaim Paulista, V. Brasilândia, Perus, Jaraguá) votam mais no PT. Aí deu Dilma na cabeça, com larga margem, Serra em segundo e Marina em terceiro.
Os bairros intermediários e tradicionais- localizados entre os bairros ricos e a extrema periferia - tem votação mais equilibrada, mas ainda assim com vantagem também para os tucanos. Santo Amaro, Jabaquara, Lapa, Freguesia do Ó, Casa Verde, Pirituba, Butantã, Penha, Santana, V. Maria, Tatuapé, Móoca, V. Formosa, V. Prudente, Ipiranga, etc.
Esta polarização do voto tem sido muito prejudicial para o desempenho da esquerda nas eleições. A cada ano, a partir do centro, o conservadorismo se expande e a "onda vermelha" vai se concentrando progressivamente entre os mais pobres e os moradores mais periféricos.
O grande desafio para as forças democráticas, progressistas e de esquerda é reverter esse quadro. A nossa proposta política e programática é ampla e plural, tem como destinatárias as amplas maiorias sociais e políticas. O equilíbrio entre essa proposta e o respaldo legitimador da imensa maioria será talvez o maior desafio para todos aqueles que militamos na capital paulista.