sábado, 12 de setembro de 2009

Salada paulista

Nas eleições gerais do ano que vem, sobram dúvidas e faltam certezas em São Paulo. Uma questão a ser resolvida é a provável candidatura de Serra à presidência da República. Ele precisa, antes, se acertar com o Aécio. Feito o acerto, fica a pergunta: se não for candidato à reeleição, quem Serra apoiaria em São Paulo?

Dizem que ele apoia qualquer um, desde que não seja seu desafeto Geraldo Alckmin. Ocorre que seu nome in pectore, o chefe da Casa Civil Aloysio Nunes, patina nas pesquisas. Seu fiel aliado, o prefeito Kassab de São Paulo, vive um inferno astral, mas dizem que ele é uma carta na manga do governador Serra.

Para o lado da oposição as coisas também estão indefinidas. Começa com o favoritismo do tucanato, que desde 1995 está instalado no Palácio dos Bandeirantes.

O PT trabalha com os nomes do prefeito de Osasco, Emídio de Souza, do deputado federal Antônio Palloci, da ex-prefeita Marta Suplicy ou com o ex-presidente da Câmara federal, Arlindo Chinaglia.

Todos, cada um a seu modo, com dificuldades para ameaçar a hegemonia do PSDB no Estado. O PDT parece que desistiu de propor o nome do Dr. Hélio, prefeito de Campinas, e a opção Ciro Gomes, do PSB, está em ponto morto.

A política e o xadrez tem algumas semelhanças. Duas delas: é importante dominar o centro do jogo e ter a iniciativa no movimento das peças. Esses fundamentos parecem em falta no tabuleiro sucessório paulista, nos dois lados, situação e oposição.

Pelo peso político e eleitoral, as definições em São Paulo sempre são muito entrelaçadas com o quadro nacional. Se o campo do governo Lula cresce na sucessão presidencial, pode-se prever um embaralhamento da disputa em São Paulo e o alegado favoritismo dos tucanos pode se esfumaçar.

PIB 1,9%!

(Texto publicado originalmente no meu blog do portal vermelho: http://www.vermelho.org.br/. )


O alto crescimento do PIB brasileiro no segundo trimestre superou todas as expectativas. No segundo mandato do Lula, é a segunda maior elevação. Essa notícia trará impactos positivos na economia e na política.

O PIB é calculado da seguinte forma: PIB = C + I + G + X - M, onde C=consumo privado, I=investimento, G=gastos governamentais, X=volume total de exportações e M=volume de importações.

No Brasil, o consumo privado, principalmente o consumo das famílias, tem sido uma importante âncora tanto para amortecer o impacto da crise como para alavancar o crescimento econômico.

Por isso a importância social e econômica da política de valorização do salário mínimo e de outros rendimentos, dos programas de transferência de rendas, do crédito consignado e outras medidas distributivistas que fortaleçem o mercado interno.

Da mesma forma, ao contrário do que papagueia a mídia liberal, os gastos governamentais também são necessários para enfrentar e superar a crise. O mérito do governo Lula foi o de manter essas políticas no auge da crise.

A sustentabilidade do crescimento, no entanto, requer a elevação maior dos investimentos públicos e privados, o aumento da formação bruta de capital fixo, na empolada língua dos economistas. Requer, entre outras coisas, o barateamento do dinheiro via redução dos juros e spreads bancários.

Seja como for, o vento sopra para o lado do governo. Sempre que isso acontece, a oposição, vanguardeada pela mídia, procura mudar o foco do debate. Geralmente com escândalos, denúncias e outras questões periféricas.

O que interessa mesmo para o Brasil e para a imensa maioria dos brasileiros é uma outra agenda, que coloque no centro a luta por um novo projeto nacional de desenvolvimento. Esse é o debate que interessa.

Salada paulista

Nas eleições gerais do ano que vem, sobram dúvidas e faltam certezas em São Paulo. Uma questão a ser resolvida é a provável candidatura de Serra à presidência da República. Ele precisa, antes, se acertar com o Aécio. Feito o acerto, fica a pergunta: se não for candidato à reeleição, quem Serra apoiaria em São Paulo?

Dizem que ele apoia qualquer um, desde que não seja seu desafeto Geraldo Alckmin. Ocorre que seu nome in pectore, o chefe da Casa Civil Aloysio Nunes, patina nas pesquisas. Seu fiel aliado, o prefeito Kassab de São Paulo, vive um inferno astral, mas dizem que ele é uma carta na manga do governador Serra.

Para o lado da oposição as coisas também estão indefinidas. Começa com o favoritismo do tucanato, que desde 1995 está instalado no Palácio dos Bandeirantes.

O PT trabalha com os nomes do prefeito de Osasco, Emídio de Souza, do deputado federal Antônio Palloci,  da ex-prefeita Marta Suplicy ou com o ex-presidente da Câmara federal, Arlindo Chinaglia. 

Todos, cada um a seu modo, com dificuldades para ameaçar a hegemonia do PSDB no Estado. O PDT parece que desistiu de propor o nome do Dr. Hélio, prefeito de Campinas, e a opção Ciro Gomes, do PSB, está em ponto morto.

A política e o xadrez tem algumas semelhanças. Duas delas: é importante dominar o centro do jogo e ter a iniciativa no movimento das peças. Esses fundamentos parecem em falta no tabuleiro sucessório paulista, nos dois lados, situação e oposição.

Pelo peso político e eleitoral, as definições em São Paulo sempre são muito entrelaçadas com o quadro nacional. Se o campo do governo Lula cresce na sucessão presidencial, pode-se prever um embaralhamento da disputa em São Paulo e o alegado favoritismo dos tucanos pode se esfumaçar.

PIB: 1,9%!

O alto crescimento do PIB brasileiro no segundo trimestre superou todas as expectativas. No segundo mandato do Lula, é a segunda maior elevação. Essa notícia trará impactos positivos na economia e na política.

O PIB é calculado da seguinte forma: PIB = C + I + G + X - M, onde C=consumo privado, I=investimento, G=gastos governamentais, X=volume total de exportações e M=volume de importações.

No Brasil, o consumo privado, principalmente o consumo das famílias,   tem sido uma importante âncora tanto para amortecer o impacto da crise como para alavancar o crescimento econômico.

Por isso a importância social e econômica da política de valorização do salário mínimo e de outros rendimentos, dos programas de transferência de rendas, do crédito consignado e outras medidas distributivistas que fortaleçem o mercado interno.

Da mesma forma, ao contrário do que papagueia a mídia liberal, os gastos governamentais também são necessários para enfrentar e superar a crise. O mérito do governo Lula foi o de manter essas políticas no auge da crise.

A sustentabilidade do crescimento, no entanto, requer a elevação maior dos investimentos públicos e privados, o aumento da formação bruta de capital fixo, na empolada língua dos economistas. Requer, entre outras coisas, o barateamento do dinheiro via redução dos juros e spreads bancários.

Seja como for, o vento sopra para o lado do governo. Sempre que isso acontece, a oposição, vanguardeada pela mídia, procura  mudar o foco do debate. Geralmente com escândalos, denúncias e outras questões periféricas.

O que interessa mesmo para o Brasil e para a imensa maioria dos brasileiros é uma outra agenda, que coloque no centro a luta por um novo projeto nacional de desenvolvimento. Esse é o debate que interessa.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Sobre a crise

O professor Frederico Mazzuchelli fez interessante palestra nesta quinta-feira (10/9) sobre a crise do capitalismo na sede nacional do PCdoB. Didático e profundo, o professor aponta para um mundo em redefinição nos termos de funcionamento da economia e da sociedade.

Para ele, marchamos para o fim da hegemonia unipolar dos ianques para um mundo multipolar, ainda com a presença forte dos EUA, dividindo as rédeas do mundo com uma Europa forte, uma China fortíssima e também com os países emergentes como o Brasil.

Frederico Mazzuchelli destacou cinco pontos que, a seu ver, devem compor uma análise contemporânea do mundo:

1. O mundo será multipolar; 2. mundo não pode viver sem a presença ativa do Estado, é falácia a tese do mercado auto-regulável; 3. questão central é o controle do sistema financeiro e do crédito pelo Estado; 4. o capitalismo sempre reproduz suas mazelas, como o desemprego. Mundo não pode conviver com desemprego de dois dígitos (mais de 10%, como hoje). Decisões privadas não resolvem problema do desemprego, só a ação do Estado pode viabilizar o pleno emprego; 5. o Estado precisa se responsabilizar pela universalização da saúde e da educação, questão mínima para uma vida decente.

Por último, o professor aposta na queda irreversível do liberalismo e no ressurgimento, com novo vigor, das ideias progressistas e socialistas.

Sobre a crise

O professor Frederico Mazzuchelli fez interessante palestra nesta quinta-feira (10/9) sobre a crise do capitalismo na sede nacional do PCdoB. Didático e profundo, o professor aponta para um mundo em redefinição nos termos de funcionamento da economia e da sociedade.

Para ele, marchamos para o fim da hegemonia unipolar dos ianques para um mundo multipolar, ainda com a presença forte dos EUA, dividindo as rédeas do mundo com uma Europa forte, uma China fortíssima e também com os países emergentes como o Brasil.

Frederico Mazzuchelli destacou cinco pontos que, a seu ver, devem compor uma análise contemporânea do mundo:

1. O mundo será multipolar; 2. mundo não pode viver sem a presença ativa do Estado, é falácia a tese do mercado auto-regulável; 3. questão central é o controle do sistema financeiro e do crédito pelo Estado; 4. o capitalismo sempre reproduz suas mazelas, como o desemprego. Mundo não pode conviver com desemprego de dois dígitos (mais de 10%, como hoje). Decisões privadas não resolvem problema do desemprego, só a ação do Estado pode viabilizar o pleno emprego; 5. o Estado precisa se responsabilizar pela universalização da saúde e da educação, questão mínima para uma vida decente.

Por último, o professor aposta na queda irreversível do liberalismo e no ressurgimento, com novo vigor, das ideias progressistas e socialistas.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Aposentadoria de novo

Em julho de 2009 a Previdência Social no Brasil pagou R$ 17 bilhões para 26,6 milhões de beneficiários. Desse total, 21.169.102 são aposentadorias e pensões.

O montante gasto é grande, mas o benefício individual é pequeno. 621 mil  (2,33% do total) recebem menos de um piso previdenciário, equivalente a um salário mínimo, hoje no valor de R$ 465,00.  Quase 18 milhões (67%) recebem um piso previdenciário.  A grande maioria (90%) recebe até três pisos previdenciários.

As sucessivas reformas previdenciárias rebaixaram o valor dos proventos e pensões e retardaram o período de concessão dos benefícios. O vilão da vez é o fator previdenciário, fórmula maquiavélica que arrocha a aposentadoria e prolonga em demasia o tempo de contribuição.

Para responder as pressões dos trabalhadores e aposentados, o governo apresentou uma proposta aquém das expectativas. O principal problema é a não eliminação do fator previdencário.

A CTB, a NCST e a COPAB não aceitaram o acordo subscrito pela CUT, Força Sindical, UGT e CGTB.  A temperatura vai esquentar em Brasília, pois essa matéria é de interesse imediato de milhões de brasileiros e provavelmente haverá posições diferenciadas na base governista.

Filosofando

A política de alianças se sustenta na lógica dialética. A lógica formal não consegue compreender todas as dimensões dessa política. Pela lei da não-contradição (uma das leis da lógica formal) só existe antagonismo. Contradição não antagônica, mesmo temporária, passa ao largo da lógica formal desde que Aristóteles a inventou.

Lógica formal e lógica dialética

Na luta de ideias, a lógica formal, por ser mais simples, direta, "coerente", tende a levar vantagem sobre a lógica dialética. É mais fácil dizer que A é A e nunca pode ser B do que explicar, por exemplo, que vida emorte fazem parte de uma única realidade e que a lei da unidade e luta dos contrários explica esse aparente absurdo.

Da mesma forma, a luta entre o senso comum e o conhecimento científico não é brincadeira. Um cara escreveu que o senso comum é empírico, acrítico, passivo, assistemático, ametódico, aparente, subjetivo, superficial, particular, prático, utilitário.

O liberalismo e o trotsquismo, na minha modestíssima opinião, são filhos da lógica formal e do senso comum. Nosotros reivindicamos para nossas ideias o selo de qualidade da lógica dialética e do conhecimento científico.

Nós e eles

Apesar do imenso esforço da mídia, os ventos não sopram com muita intensidade para o lado dos tucanos. Além da manutenção da popularidade do presidente Lula, as crises políticas periódicas,  fabricadas ou exageradas pela mídia, também não trincam a blindagem do cara. E a crise econômica parece que não vai ter aquele impacto que se imaginava.

E, para piorar ainda mais para eles, as gigantescas descobertas de petróleo em águas marítimas profundas - chamadas de pré-sal - podem alavancar a economia e a auto-estima dos brasileiros. Isso leva água para a horta do governo.

Parece que o caminho único vislumbrado pelo conservadorismo é dividir a tropa governista, açulando nomes como o da Marina. Só os ingênuos não conhecem a velha tese do dividir para reinar. Fiquei estupefato lendo um artigo de um cara saudando a hipótese de o Brasi se apresentar com três nomes de "esquerda" nas eleições. Como se isso fosse bom...

Mas o problema atinge também nossos adversarios. Serra, por exemplo, com todos os seus poderosos apoios, enfrenta pelo menos dois problemas internos: nacionalmente, disputa com o governador mineiro Aécio Neves. Em São Paulo, não está disposto a digerir a candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin à sua própria sucessão.

A hipótese de  Aécio e Alckmin serem expurgados pelo rolo compressor de Serra é tudo o que os estrategistas do governo Lula sonham. Melhor do que isso, só a candidatura à reeleição de Yeda.

"El fuego se apagó"

Las ilusiones desvanecidas. El sueño roto em mil pedazos desparramado por el piso... Los que todos temían pasó y lo que todos soñaban se convertió en pesadilla. Todas essas frases eu as retirei de jornais argentinos, chorando a derrota por 3 a 1.

Eu aprecio a Argentina e os argentinos, gosto do Maradona e senti pelos três ex-corintianos (Tevez, Mascherano e Sebá) que jogaram na Seleção argentina, mas a tranquilidade do Brasil em Rosário, terra natal do grande Ernesto Che Guevara, foi impressionante. Uma das mais belas partidas (ou inteligentes, nas palavras de Kaká) da seleção nos últimos tempos.

Capitalismo e gestão de riscos

Um dos problemas do capitalismo e dos capitalistas é a gestão dos riscos bancários. Para enfrentar a encrenca, desde o início da década de 70 do século passado foi constituído o Comitê de Regulamentação Bancária e Práticas de Supervisão.

Sediado no Banco de Compensações Internacionais - BIS - em Basileia, na Suiça, esse órgão também é conhecido como Comitê de Basileia. Ele é composto por representantes dos Bancos Centrais e de autoridades econômicas dos países mais ricos.

O Comitê de Basileia pretende melhorar a qualidade da supervisão bancária e fortalecer a segurança do sistema bancário internacional, principalmente depois do fim do sistema monetário internacional baseado em taxas de câmbio fixas (1973).

O Comitê em tela aprovou o Acordo de Basileia em julho de 1988. Esse acordo definiu mecanismos para medir risco de crédito e exigência de capital mínimo pelos reguladores nacionais, construindo três conceitos:

1) Capital regulatório - capital próprio para cobrir riscos;
2) Fatores de Ponderação de Risco de Ativos;
3) Índice Mínimo de Capital para Cobertura de Risco de Crédito (Índice de Basileia), que deve ser igual ou superior a 8%. (Observação: segundo o presidente do Banco Central do Brasil, os bancos brasileiros adotam índices maiores, mais ou menos 14%, uma das razões, segundo ele, para que a banca tupiniquim não quebrasse).

Em 1996 houve exigências adicionais - mais controle de riscos e mais requisitos para definir capital mínimo ou regulatório. Em 2004, houve o Novo Acordo de Capital (Basileia II), com o intuito de a) promover a estabilidade financeira e fortalecer a estrutura de capital das instituições, b) favorecer melhores práticas degestão de riscos e c) estimular maior transparência e disciplina de mercado.

Para isso, definiu-se quatros componentes de risco:

1) PD ( Probability of Default) ou FEI - Frequência Esperada de Inadimplência;
2) LGD (Loss Given Default) ou PDE - Perda Dada a Inadimplência - dívida de cliente não recuperável;
c) EAD (Exposure at Default) Exposição no Momento de Inadimplência - tendência do cliente aumentar o endividamento por não conseguir honrar compromissos;
4) EM (Effective Maturity) Maturidade Efetiva - prazo até o vencimento dao peração.

Isso tudo é muito bonito, mas na hora do pega pra capar a crise atingiu o coração do capitalismo, bancos, seguradoras e empresas gigantes quebraram. Agora mesmo, no G-20, se discute colchões amortecedores para enfrentar as crises.

É a tal da fórmula contracíclica. Quando a economia está bombando, ampliam-se as reservas. Quando a crise vier, usa-se esses recursos para estimular a economia com créditos e outros incentivos fiscais. Eles pensam que, assim, eternizarão o capitalismo.

Big Brother e a crise


Timothy Geithner, secretário do Tesouro dos EUA (acima), escreveu um artigo no "Financial Times" (*) antecipando as posições daquele país na reunião do G-20. Vale a pena conhecer o pensamento do cara, até por que ele expressa o rumo adotado pela maior economia do mundo.

Para Geithner, há um ano o mundo vivia com endividamento excessivo que quase leva o sistema financeiro mundial ao colapso, o que teria efeitos devastadores para a economia. Trilhões de dólares foram usados para evitar isso e os diversos governos instauraram sistemas de segurança para limitar os efeitos da crise.

Segundo o secretário, as instituições financeiras precisam de regulação, reservas e margem de capital proporcionais aos riscos e capacidade de absorver prejuízos sem recorrer ao Tesouro. Ele afirma que a estrutura regulatória fracassou devido à subestimação dos riscos por parte dos governos e do mercado.

As organizações financeiras, ainda segundo Geithner, operavam com baixo nível de capitalização, dependentes de instáveis operações de curto prazo e recompensavam seus executivos pelos ganhos com altas dosagens de riscos. Isso tornou o sistema financeiro mundial perigosamente frágil.

Na reunião do G-20, o secretário de Tesouro dos EUA vai defender uma nova estrutura regulatória para proteger os consumidores e investidores e garantir maior estabilidade financeira. Para tanto, será preciso: a) regulamentação mais severa dos derivativos, dos mercados de securitização (**)e das agências de classificação de crédito e b) dotar os governos de ferramentas mais poderosas para liquidar empresas falidas.

O objetivo é proteger o sistema financeiro e não as empresas individualmente e criar regras para reduzir as tendências pró-cíclicas do capitalismo. A modernização da estrutura regulatória daria suporte ao sistema financeiro para assimilar quebras de instituições grandes e complexas.

Resumo da ópera: os EUA querem salvar o capitalismo, mesmo que para isso tenham que jogar alguns capitalistas, mesmo poderosos, ao fundo do mar. Pior: dizem que problemas de magnitude tal só ocorreram por problemas de regulação e gestão. Com o novo marco regulatório, reinicia-se a farra financeira, até que uma nova crise sobrevenha...

(*) íntegra do artigo na Folha de São Paulo deste sábado, 5 de setembro.

(**) Securitização é transformar um recibível em títulos negociáveis e vendê-los a investidores.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Filosofando

A política de alianças se sustenta na lógica dialética. A lógica formal não consegue compreender todas as dimensões dessa política. Pela lei da não-contradição (uma das leis da lógica formal) só existe antagonismo. Contradição não antagônica, mesmo temporária, passa ao largo da lógica formal desde que Aristóteles a inventou.

Lógica formal e lógica dialética

Na luta de ideias, a lógica formal, por ser mais simples, direta, "coerente", tende a levar vantagem sobre a lógica dialética. É mais fácil dizer que A é A e nunca pode ser B do que explicar, por exemplo, que vida emorte fazem parte de uma única realidade e que a lei da unidade e luta dos contrários explica esse aparente absurdo.

Da mesma forma, a luta entre o senso comum e o conhecimento científico não é brincadeira. Um cara escreveu que o senso comum é empírico, acrítico, passivo, assistemático, ametódico, aparente, subjetivo, superficial, particular, prático, utilitário.

O liberalismo e o trotsquismo, na minha modestíssima opinião, são filhos da lógica formal e do senso comum. Nosotros reivindicamos para nossas ideias o selo de qualidade da lógica dialética e do conhecimento científico.

domingo, 6 de setembro de 2009

Nós e eles

Apesar do imenso esforço da mídia, os ventos não sopram com muita intensidade para o lado dos tucanos. Além da manutenção da popularidade do presidente Lula, as crises políticas periódicas,  fabricadas ou exageradas pela mídia, também não trincam a blindagem do cara. E a crise econômica parece que não vai ter aquele impacto que se imaginava.

E, para piorar ainda mais para eles, as gigantescas descobertas de petróleo em águas marítimas profundas - chamadas de pré-sal - podem alavancar a economia e a auto-estima dos brasileiros. Isso leva água para a horta do governo.

Parece que o caminho único vislumbrado pelo conservadorismo é dividir a tropa governista, açulando nomes como o da Marina. Só os ingênuos não conhecem a velha tese do dividir para reinar. Fiquei estupefato lendo um artigo de um cara saudando a hipótese de o Brasi se apresentar com três nomes de "esquerda" nas eleições. Como se isso fosse bom...

Mas o problema atinge também nossos adversarios. Serra, por exemplo, com todos os seus poderosos apoios, enfrenta pelo menos dois problemas internos: nacionalmente, disputa com o governador mineiro Aécio Neves. Em São Paulo, não está disposto a digerir a candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin à sua própria sucessão.

A hipótese de  Aécio e Alckmin serem expurgados pelo rolo compressor de Serra é tudo o que os estrategistas do governo Lula sonham. Melhor do que isso, só a candidatura à reeleição de Yeda.

"El fuego se apagó"

Las ilusiones desvanecidas. El sueño roto em mil pedazos desparramado por el piso... Los que todos temían pasó y lo que todos soñaban se convertió en pesadilla. Todas essas frases eu as retirei de jornais argentinos, chorando a derrota por 3 a 1.

Eu aprecio a Argentina e os argentinos, gosto do Maradona e senti pelos três ex-corintianos (Tevez, Mascherano e Sebá) que jogaram na Seleção argentina, mas a tranquilidade do Brasil em Rosário, terra natal do grande Ernesto Che Guevara, foi impressionante. Uma das mais belas partidas (ou inteligentes, nas palavras de Kaká) da seleção nos últimos tempos.