As rajadas da metralhadora giratória do deputado federal Ciro Gomes (PSB/CE) atingiram, desta vez, até o PCdoB. Nesta quinta-feira, 18, em entrevista à "TV Estadão", o deputado diz que "não tem vocação para PCdoB", partido que, para ele, se "humilha" para ser aliado do PT.
Ciro Gomes é um político experiente. Já foi deputado estadual, prefeito de Fortaleza, governador do Ceará, ministro da Fazenda do Governo Itamar Franco, ministro da Integração Nacional do primeiro mandato do governo Lula e duas vezes candidato à presidência da República. Hoje é deputado federal, eleito com os votos de 16% dos cearenses, a maior votação proporcional da história do Brasil.
É famoso por ter uma língua ferina. Fala duas vezes antes de pensar. Mas sua fala contra o PCdoB incomodou, e muito! Primeiro por que a crítica feita ao partido é descabida, fruto talvez do isolamento político a que ele próprio está se condenando. Segundo, é uma crítica desleal, já que o PCdoB, nesses últimos anos, tem apoiado Ciro Gomes em quase todas as oportunidades.
Neste último período, para dar um exemplo, o PCdoB esteve na linha de frente na articulação de uma ampla coalizão partidária para lançar Ciro Gomes como o candidato de oposição ao governo de São Paulo. Provavelmente o empenho do PCdob terá sido maior do que o próprio partido do deputado.
No entanto, com exceção do governador mineiro, o preferido de Ciro para a disputa presidencial, ninguém escapa das críticas do deputado. Pode-se dizer, hoje, que o socialista Ciro Gomes reza pela mesma cartilha do tucano e neoliberal Aécio Neves, figura a quem ele não economiza elogios e sucessivas juras de respeito, admiração e fidelidade.
Óbvio que é um direito do deputado cearense optar pela carreira solo, desdenhar os seus aliados e falar o que lhe der na telha. Com essa característica e esses procedimentos, certamente ele está coberto de razão ao dizer que não tem "vocação para ser PCdoB".
Em matéria de partido político, o deputado já está, pelo menos, em sua sexta tentativa de achar a vocação. Sua militância heterodoxa e cambiante înclui a direita (Arena e PDS), o PMDB, que hoje ele tanto critica, o PSDB do seu desafeto José Serra, o PPS e, agora, o PSB, partido pelo qual postula a presidência.
Haverá a terceira margem do rio? Para viabilizar suas ambições presidenciais, Ciro precisa desmontar um cenário em consolidação de eleição plebiscitária. Essa é a única motivação para suas críticas à ampla coalizão partidária em torno da pré-candidata Dilma. O resto são palavras, palavras, palavras...
Opiniões, comentários e notas sobre política, sindicalismo, economia, esporte, cultura e temas correlatos.
sexta-feira, 19 de março de 2010
quarta-feira, 17 de março de 2010
Sucessão em São Paulo - Parte II
Quem fica parado é poste, ensina o Zé Simão. Em política, então, os movimentos são frenéticos. O que ontem era sólido, hoje se esfumaça no ar. C"est la vie...
Esse prolegômeno todo é para atestar uma situação nova que vai se gestando na sucessão em São Paulo. O que mudou? A mudança em curso atende pelo nome Ciro Gomes. Seus últimos movimentos, não há como negar, demonstram pouca vontade política de ser candidato a governador.
Quem acha isso? O secretário-geral nacional do PSB, Senador Renato Casagrande, foi enfático: "São Paulo ele já descartou, não tem volta".O próprio presidente estadual da legenda, deputado Márcio França, considerou "infeliz" a última entrevista de Ciro e aposta em outro nome.
Também pensam assim tanto o presidente nacional do PT, José Dutra, como a eminência parda petista, José Dirceu. Os dois se pronunciaram em defesa do nome do senador Mercadante. Com isso, Marta Suplicy ocuparia uma das vagas em disputa para o Senado.
O grande nó é o seguinte: como formar uma ampla coalizão partidária e garantir espaços para os partidos no G-4 (governador, vice, e duas vagas para o Senado). O PT sozinho, por exemplo, se lançar o Mercadante ao governo, fica com a metade das vagas majoritárias, já que a disputa pelo Senado o partido não abre mão.
O tempo vai se estreitando e as negociações ficam complexas, até porque todos os partidos têm seus objetivos próprios. O PDT quer a vaga de vice, o PCdoB uma de Senado, o PSB apresenta nomes para o governo e para o senado.
PT, PDT, PCdoB, PRB, PSC, PTN e PSL tendem a se compor. A incógnita maior fica por conta do PSB. Se a opção Ciro não se efetivar, hoje tendência maior, o partido lança o presidente da Fiesp, Paulo Skaf. Pelo menos é o que promete o presidente estadual da legenda.
A presidente do PCdoB/SP, Nádia Campeão, afirma, com razão, que em abril o palanque paulista precisa estar montado. A candidatura ao governo do Estado, em certa medida, condiciona muitas definições, por isso, como dizia o humorista, o tempo ruge.
Todo esse debate tem importância porque, repita-se, as possibilidades de vitória existem. O eleitorado de São Paulo é o maior do Brasil e nossos desafios são duplos: fortalecer a candidatura Dilma no Estado (na última pesquisa IBOPE/CNI, ela cresceu 10% na região sudeste) e derrotar, aqui, os tucanos depois de longa hegemonia.
Esse prolegômeno todo é para atestar uma situação nova que vai se gestando na sucessão em São Paulo. O que mudou? A mudança em curso atende pelo nome Ciro Gomes. Seus últimos movimentos, não há como negar, demonstram pouca vontade política de ser candidato a governador.
Quem acha isso? O secretário-geral nacional do PSB, Senador Renato Casagrande, foi enfático: "São Paulo ele já descartou, não tem volta".O próprio presidente estadual da legenda, deputado Márcio França, considerou "infeliz" a última entrevista de Ciro e aposta em outro nome.
Também pensam assim tanto o presidente nacional do PT, José Dutra, como a eminência parda petista, José Dirceu. Os dois se pronunciaram em defesa do nome do senador Mercadante. Com isso, Marta Suplicy ocuparia uma das vagas em disputa para o Senado.
O grande nó é o seguinte: como formar uma ampla coalizão partidária e garantir espaços para os partidos no G-4 (governador, vice, e duas vagas para o Senado). O PT sozinho, por exemplo, se lançar o Mercadante ao governo, fica com a metade das vagas majoritárias, já que a disputa pelo Senado o partido não abre mão.
O tempo vai se estreitando e as negociações ficam complexas, até porque todos os partidos têm seus objetivos próprios. O PDT quer a vaga de vice, o PCdoB uma de Senado, o PSB apresenta nomes para o governo e para o senado.
PT, PDT, PCdoB, PRB, PSC, PTN e PSL tendem a se compor. A incógnita maior fica por conta do PSB. Se a opção Ciro não se efetivar, hoje tendência maior, o partido lança o presidente da Fiesp, Paulo Skaf. Pelo menos é o que promete o presidente estadual da legenda.
A presidente do PCdoB/SP, Nádia Campeão, afirma, com razão, que em abril o palanque paulista precisa estar montado. A candidatura ao governo do Estado, em certa medida, condiciona muitas definições, por isso, como dizia o humorista, o tempo ruge.
Todo esse debate tem importância porque, repita-se, as possibilidades de vitória existem. O eleitorado de São Paulo é o maior do Brasil e nossos desafios são duplos: fortalecer a candidatura Dilma no Estado (na última pesquisa IBOPE/CNI, ela cresceu 10% na região sudeste) e derrotar, aqui, os tucanos depois de longa hegemonia.
terça-feira, 16 de março de 2010
Menos Estado, mais ONGs
Alguém cunhou a expressão "neoliberalismo sustentável" para caracterizar o núcleo do programa de governo de Marina da Silva, candidata do Partido Verde à presidência da República.
Essa variante neoliberal coloca a defesa absoluta do meio ambiente, conhecido como visão santuarista, no topo da agenda política, subordinando, com isso, todos os outros interesses do estado e da sociedade.
Nessa linha, trabalha-se com a consigna de MENOS ESTADO E MAIS ONGs, verdadeiro mantra dos verdes tupiniquins. É o velho conservadorismo encoberto pelo manto verde do ambientalismo. Embora não assumam, a expressão se encaixa bem nas propostas do PV.
Quem quiser que faça como o peixe, que vê a isca e não enxerga o anzol, como diz um amigo nosso.
Essa variante neoliberal coloca a defesa absoluta do meio ambiente, conhecido como visão santuarista, no topo da agenda política, subordinando, com isso, todos os outros interesses do estado e da sociedade.
Nessa linha, trabalha-se com a consigna de MENOS ESTADO E MAIS ONGs, verdadeiro mantra dos verdes tupiniquins. É o velho conservadorismo encoberto pelo manto verde do ambientalismo. Embora não assumam, a expressão se encaixa bem nas propostas do PV.
Quem quiser que faça como o peixe, que vê a isca e não enxerga o anzol, como diz um amigo nosso.
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