sábado, 2 de maio de 2009

Serra e Aécio

Outro dia eu postei que o namoro do PPS com Itamar Franco e a ideia de indicá-lo vice de Serra seria uma prova de que o cisma no ninho dos tucanos era bem forte. Ocorre que eu li uma matéria do Alon, em seu Blog, dizendo que essa costura tinha o aval de Aécio. Acho que ele tem razão, pelo que eu li nos jornais nos dias seguintes.

Final do Paulistão

Futebol é uma caixinha de surpresas, reza a lenda. Mas, convenhamos: o Corinthians, que precisa deum empate para manter a vantagem, ganhou por 3 a 1 do Santos e, agora, pode perder até por dois gols que conquista o título.

Não há caixinha de surpresas que possa reverter esse quadro. Só uma tragédia tirará o 26º título do Timão, na final de amanhã, no Pacaembu. Eu não acredito em bruxas, pero ...

Primeiro de Maio

Há um falso dilema no ar: primeiro de maio com pouca gente e muita política ou muita gente e pouca política? Transformar esse dia de luta e reflexão em uma confraria de companheiros não é, na minha opinião, o melhor caminho. O ideal é associar a mobilização de massas - contando com o apelo popular, por exemplos, de artistas consagrados pelo público, com uma agenda política bem feita.

Para isso, a direção do ato precisa ficar sob a direção dos organizadores sindicais e não de empresas especializadas em grandes eventos musicais que procuram subordinar tudo aos humores (ou falta de) dos artistas e empresários do setor.

Aqui em São Paulo, o ano passado, fizemos um primeiro de maio meio chinfrin. Este ano, associados com a UGT e a NCST e uma nutrida grade musical, pudemos dialogar com 200 mil pessoas. Bem melhor, claro. Falta avançar em um esquema de difusão do nosso ideário classista de forma mais organizada e articulada.

Serra e Aécio

Outro dia eu postei que o namoro do PPS com Itamar Franco e a ideia de indicá-lo vice de Serra seria uma prova de que o cisma no ninho dos tucanos era bem forte. Ocorre que eu li uma matéria do Alon, em seu Blog, dizendo que essa costura tinha o aval de Aécio. Acho que ele tem razão, pelo que eu li nos jornais nos dias seguintes.

Final do Paulistão

Futebol é uma caixinha de surpresas, reza a lenda. Mas, convenhamos: o Corinthians, que precisa deum empate para manter a vantagem, ganhou por 3 a 1 do Santos e, agora, pode perder até por dois gols que conquista o título.

Não há caixinha de surpresas que possa reverter esse quadro. Só uma tragédia tirará o 26º título do Timão, na final de amanhã, no Pacaembu. Eu não acredito em bruxas, pero ...

Primeiro de Maio

Há um falso dilema no ar: primeiro de maio com pouca gente e muita política ou muita gente e pouca política? Transformar esse dia de luta e reflexão em uma confraria de companheiros não é, na minha opinião, o melhor caminho. O ideal é associar a mobilização de massas - contando com o apelo popular, por exemplos, de artistas consagrados pelo público, com uma agenda política bem feita.

Para isso, a direção do ato precisa ficar sob a direção dos organizadores sindicais e não de empresas especializadas em grandes eventos musicais que procuram subordinar tudo aos humores (ou falta de) dos artistas e empresários do setor.

Aqui em São Paulo, o ano passado, fizemos um primeiro de maio meio chinfrin. Este ano, associados com a UGT e a NCST e uma nutrida grade musical, pudemos dialogar com 200 mil pessoas. Bem melhor, claro. Falta avançar em um esquema de difusão do nosso ideário classista de forma mais organizada e articulada.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Contradição

A derrota desta quarta-feira foi comemorada pela torcida do Corinthians e lamentada pela vitoriosa torcida do Atlético Paranaense. Pelo regulamento da Copa do Brasil, vale ouro o gol no campo adversário. Os 3 a 2, portanto, foi uma vitória de Pirro do time paranaense. Eu assisti o jgo em um local público de SP dividido, como é de praxe, em dois grandes campos: os pró e os anti-Corinthians.

Nosotros, os prós, saímos comemorando. A derrota serviu de alerta para a final de domingo. Vamos matar um leão de cada vez.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Contradição

A derrota desta quarta-feira foi comemorada pela torcida do Corinthians e lamentada pela vitoriosa torcida do Atlético Paranaense. Pelo regulamento da Copa do Brasil, vale ouro o gol no campo adversário. Os 3 a 2, portanto, foi uma vitória de Pirro do time paranaense. Eu assisti o jgo em um local público de SP dividido, como é de praxe, em dois grandes campos: os pró e os anti-Corinthians.

Nosotros, os prós, saímos comemorando. A derrota serviu de alerta para a final de domingo. Vamos matar um leão de cada vez.

Virgens de bordel

Alguns políticos brasileiros, oportunistas, querem ganhar popularidade posando de impolutos, campeões da ética e da moralidade. Submissos e cúmplices das campanhas da mídia para desqualificar a atuação política, eles até ganham uma certa aura de cidadãos acima de qualquer suspeita ... até que, eles próprios, caem nas armadilhas que montam.

O Fernando Gabeira foi um deles. Com a maior cara de pau, tentou fazer uma mea-culpa pelo uso abusivo das passagens aéreas. A mídia fez um malabarismo danado para dar ares de credibilidade ao neo-conservador Gabeira.

Já o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, espécie de guardião nacional da moralidade, toda hora é pego com desatino. Esse cidadão morador de Recife integra o Conselho de Admnistração de uma estatal paulistana (Anhembi) e fatura R$ 7 mil por mês para participar de uma única reunião mensal. Ele diz que não tem nada a ver pagamento político do esquema Serra/Kassab. Deve ser verdade. O Sr. Freire deve ter notável saber em turismo, muito acima dos onze milhões de paulistanos.

Mas tem mais: agora ele foi identificado como um dos maiores farristas de passagens aéreas da Câmara Federal. Detalhe: ele usa as passagens mesmo sem mandato. Esse caradura devia se recolher e parar de querer dar aula de moral para os seus pares.

O ex-deputado federal do PSOL João Alfredo, hoje vereador em Fortaleza, diz no Estadão que está arrependido de ter bancado a família em vinte e quatro viagens com o dinheiro da Câmara. Depois das vinte e quatro viagens ele se arrependeu, parece piada!

Já o presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, vive o constrangimento público de ver sua filha, Luciana Cardoso, funcionária-fantasma, R$ 7 mil por mês, no gabinete do senador Heráclito não sei das quantas, DEM/PI, sofrer execreção pública. A moça teve que demitir-se por que odiava a bagunça do Senado e preferia trabalhar em casa, longe dos holofotes. Muito bem, dona Luciana.

Digo tudo isso por achar uma vergonha que a mídia brasileira, em meio a maior e mais grave crise do capitalismo, gaste toneladas de papel e tinta só para discutir essas mesquinharias. E a oposição, por não ter programa ou propostas de fôlego para o país, se nutre dessas pequenas podridões para tentar engabelar o povão.

Por isso vale a pena vê-los chafurdar na lama da pocilga que eles tanto dizem combater.

Virgens de bordel

Alguns políticos brasileiros, oportunistas, querem ganhar popularidade posando de impolutos, campeões da ética e da moralidade. Submissos e cúmplices das campanhas da mídia para desqualificar a atuação política, eles até ganham uma certa aura de cidadãos acima de qualquer suspeita ... até que, eles próprios, caem nas armadilhas que montam.

O Fernando Gabeira foi um deles. Com a maior cara de pau, tentou fazer uma mea-culpa pelo uso abusivo das passagens aéreas. A mídia fez um malabarismo danado para dar ares de credibilidade ao neo-conservador Gabeira.

Já o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, espécie de guardião nacional da moralidade, toda hora é pego com desatino. Esse cidadão morador de Recife integra o Conselho de Admnistração de uma estatal paulistana (Anhembi) e fatura R$ 7 mil por mês para participar de uma única reunião mensal. Ele diz que não tem nada a ver pagamento político do esquema Serra/Kassab. Deve ser verdade. O Sr. Freire deve ter notável saber em turismo, muito acima dos onze milhões de paulistanos.

Mas tem mais: agora ele foi identificado como um dos maiores farristas de passagens aéreas da Câmara Federal. Detalhe: ele usa as passagens mesmo sem mandato. Esse caradura devia se recolher e parar de querer dar aula de moral para os seus pares.

O ex-deputado federal do PSOL João Alfredo, hoje vereador em Fortaleza, diz no Estadão que está arrependido de ter bancado a família em vinte e quatro viagens com o dinheiro da Câmara. Depois das vinte e quatro viagens ele se arrependeu, parece piada!

Já o presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, vive o constrangimento público de ver sua filha, Luciana Cardoso, funcionária-fantasma, R$ 7 mil por mês, no gabinete do senador Heráclito não sei das quantas, DEM/PI, sofrer execreção pública. A moça teve que demitir-se por que odiava a bagunça do Senado e preferia trabalhar em casa, longe dos holofotes. Muito bem, dona Luciana.

Digo tudo isso por achar uma vergonha que a mídia brasileira, em meio a maior e mais grave crise do capitalismo, gaste toneladas de papel e tinta só para discutir essas mesquinharias. E a oposição, por não ter programa ou propostas de fôlego para o país, se nutre dessas pequenas podridões para tentar engabelar o povão.

Por isso vale a pena vê-los chafurdar na lama da pocilga que eles tanto dizem combater.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Pensando alto

O fim da História de Francis Fukuyama e a Nova Ordem Mundial de Bush pai (fim da década de 80 e início da década de 90 do século passado), proclamados diante dos escombros do Muro de Berlim, deixou-nos os advogados do socialismo na defensiva. Isso é um fato.

Outro fato é que, vinte anos depois, como reconhecem os próprios ideólogos do liberalismo, a atual crise do capitalismo representa um duro golpe nos dogmas da turma do Consenso de Washington. No limite, o jogo está empatado do ponto de vista da luta de ideias.

Quem melhor dissecou o capitalismo, a inevitabilidade das crises desse sistema e a necessidade histórica de superá-lo foi Marx. Logo, estudar Marx ajuda a compreender melhor o problema, 50% do caminho a ser percorrido.

Os outros quinhentos é cantar "que alegria, que alegria, estou preparando o funeral da burguesia!", como cantaram os delegados gaúchos em um dos congressos partidários.

Avancemos. No escravismo e no feudalismo, modos de produção anteriores ao capitalismo, o explorador consumia a massa de produto excedente dos produtores diretos. Não havia, como regra, acumulação.

No capitalismo, a mais-valia (a parte do trabalho não remunerada), é investida na produção, processo que gera a acumulação de capital. Os capitalistas não produzem para si, mas para o mercado. Dependem, cada vez mais, de demanda equivalente à produção crescente.

Devido à concorrência no mercado, eles buscam aumentar a produtividade para vender suas mercadorias em melhores condições do que os rivais. Para tanto, investem bem mais em capital constante (meios de produção: máquinas, equipamentos, terrenos) do que em capital variável (empregado para a aquisição da força de trabalho).

O capital constante transfere mas não agrega valor ao produto final. Quem agrega valor é uma mercadoria especial chamada força-de-trabalho. Ocorre que o capital constante cresce em progressão geométrica e o capital variável em progressão aritmética. As inovações tecnológicas e os novos métodos produtivos que substituem o trabalho humano são exemplos práticos disso.

O capitalista busca sempre o lucro máximo. Ocorre que quanto maior a produtividade, menor é o lucro. Parece uma contradição, mas não é. A produtividade está associada fundamentalmente ao capital constante, não ao variável.

O aumento da produtividade garante lucros imediatos para uma fração da burguesia, mas no conjunto o que se tem é uma tendência à queda da taxa de lucros, já que o lucro é originário, como se sabe, da mais-valia, e a mais-valia é obtida com a exploração da força de trabalho, com o trabalho humano.

Se se diminui a composição orgânica do capital (mais capital constante e menos capital variável), inevitavelmente se diminui a massa de força de trabalho sobre a qual se extrai mais-valia. Essa assimetria é que dá base à queda na taxa de lucros.

Um assunto mais complicado é o que trata do capital financeiro (capital portador de juros). Destaco apenas que uma parte desse capital é o capital fictício, que não tem correspondência na produção, na economia real. O lucro obtido na forma de juros é exacerbado e se chega ao paroxismo.

O capital fictício cresce tanto que não há mais-valia para sua realização. Os derivativos são famosos exemplos disso. Em dezembro de 2007, segundo o Banco de Compensações Internacionais, os derivativos somavam US$ 516 trilhões, dez vezes mais que o PIB mundial!

De um lado a produção aumenta exponencialmente, atingindo um volume maior do que a capacidade de consumo, sobretudo de bens de produção. De outro, a elevação monumental do capital fictício. Esses dois fatores combinados provocam um curto-circuito no sistema e detona crise.

A desconfinaça nos papeis, a retração do crédito, a superprodução, tudo, enfim, exigirá uma enorme destruição de capital, hoje quantificados em inacreditáveis trilhões de dólares! Todos são atingidos pela crise, mas de forma desigual e assimétrica.

Parcela da burguesia, com a liquidação dos concorrentes, até ganha com a crise. Exemplo: se a Sadia quebra, como parece que vai acontecer, a Perdigão leva vantagem. Já para os trabalhadores não há ganho, só perdas: de emprego, de salário e de direitos.

Minhas limitações teóricas, neste ponto, atingem o apogeu. Creio até que algumas formulações precisariam ser mais claras, alguns conceitos talvez demandem uma melhor definição. Agradeço quem, com mais propriedade, possa preencher essas lacunas.

Mas o ponto que me pertuba mesmo é o seguinte: as crises por si só não derrubam o capitalismo. Elas são os fatores objetivos. Sem os fatores subjetivos (consciência, organização e mobilização) não se inicia a jornada para um novo modo de produção.

Como alguém disse, o capitalismo precisa de um coveiro para enterrá-lo, sem o que ele retoma sua trajetória, como fênix.

As palavras de ordem de propaganda ganham vigor novo. Hoje, o socialismo já não é coisa de dinossauros, faz parte do debate. Combinar essa perspectiva estratégica com uma agenda de medidas imediatas e mediatas é o desafio para acumular forças, conquistar hegemonia, edificar um novo poder. Em uma frase: empreender o caminhoda transição ao socialismo.

Cabo da Boa Esperança

Quinta-feira da semana passada (23), eu recebi a visita da minha rinite alérgica velha de guerra. Desta vez, no entanto, além dos espirros e da congestão nasal, eu senti uma certa obstrução respiratória, sintoma parecido com a apneia.

Às cinco da manhã!, com insônia, resolvi ir a um otorrino. Ele disse que o ar seco e poluído de São Paulo potencializa a rinite. Receitou-me apenas o "Nasacort", em cuja bula se lê que tal medicamento "(triancilona acetonida) é um poderoso antialérgico indicado para o tratamento das rinites alérgicas sazonal e perene..."

Dia seguinte fui à Fortaleza. O forte ar condicionado do hotel em contraposição ao calor cearense me derrubou de vez. Voltei para São Paulo na tarde de domingo, convalescendo da rinite e nocauteado pela gripe.

Pensei que estava dobrando o Cabo da Boa Esperança - aquele período da vida em que tudo começa a dar errado - quando soube, ainda no Aeroporto, que o Corinthians metera três no Santos, dois dos quais obras-primas do Fenômeno.

Em vez de declamar "Perdi o bonde e a esperança, volto pálido para casa...", de Drumond, socorri-me em Fernando Pessoa, para o qual "Tudo vale a pena se a alma não é pequena". E a alma dos corintianos tem o tamanho do mundo.

Uai

O Estadão noticia que o PPS namora Itamar Franco para indicá-lo vice na chapa do Serra. Como o PPS está mais do que fechado com o PSDB, pode-se concluir que:
1. Aécio é mesmo uma pedra no sapato do Serra; e
2. Para evitar o mal maior, o governador paulista e seus aliados buscam alternativas para evitar um estouro da boiada no poderoso colégio eleitoral mineiro.

Pensando alto

O fim da História de Francis Fukuyama e a Nova Ordem Mundial de Bush pai (fim da década de 80 e início da década de 90 do século passado), proclamados diante dos escombros do Muro de Berlim, deixou-nos os advogados do socialismo na defensiva. Isso é um fato.

Outro fato é que, vinte anos depois, como reconhecem os próprios ideólogos do liberalismo, a atual crise do capitalismo representa um duro golpe nos dogmas da turma do Consenso de Washington. No limite, o jogo está empatado do ponto de vista da luta de ideias.

Quem melhor dissecou o capitalismo, a inevitabilidade das crises desse sistema e a necessidade histórica de superá-lo foi Marx. Logo, estudar Marx ajuda a compreender melhor o problema, 50% do caminho a ser percorrido.

Os outros quinhentos é cantar "que alegria, que alegria, estou preparando o funeral da burguesia!", como cantaram os delegados gaúchos em um dos congressos partidários.

Avancemos. No escravismo e no feudalismo, modos de produção anteriores ao capitalismo, o explorador consumia a massa de produto excedente dos produtores diretos. Não havia, como regra, acumulação.

No capitalismo, a mais-valia (a parte do trabalho não remunerada), é investida na produção, processo que gera a acumulação de capital. Os capitalistas não produzem para si, mas para o mercado. Dependem, cada vez mais, de demanda equivalente à produção crescente.

Devido à concorrência no mercado, eles buscam aumentar a produtividade para vender suas mercadorias em melhores condições do que os rivais. Para tanto, investem bem mais em capital constante (meios de produção: máquinas, equipamentos, terrenos) do que em capital variável (empregado para a aquisição da força de trabalho).

O capital constante transfere mas não agrega valor ao produto final. Quem agrega valor é uma mercadoria especial chamada força-de-trabalho. Ocorre que o capital constante cresce em progressão geométrica e o capital variável em progressão aritmética. As inovações tecnológicas e os novos métodos produtivos que substituem o trabalho humano são exemplos práticos disso.

O capitalista busca sempre o lucro máximo. Ocorre que quanto maior a produtividade, menor é o lucro. Parece uma contradição, mas não é. A produtividade está associada fundamentalmente ao capital constante, não ao variável.

O aumento da produtividade garante lucros imediatos para uma fração da burguesia, mas no conjunto o que se tem é uma tendência à queda da taxa de lucros, já que o lucro é originário, como se sabe, da mais-valia, e a mais-valia é obtida com a exploração da força de trabalho, com o trabalho humano.

Se se diminui a composição orgânica do capital (mais capital constante e menos capital variável), inevitavelmente se diminui a massa de força de trabalho sobre a qual se extrai mais-valia. Essa assimetria é que dá base à queda na taxa de lucros.

Um assunto mais complicado é o que trata do capital financeiro (capital portador de juros). Destaco apenas que uma parte desse capital é o capital fictício, que não tem correspondência na produção, na economia real. O lucro obtido na forma de juros é exacerbado e se chega ao paroxismo.

O capital fictício cresce tanto que não há mais-valia para sua realização. Os derivativos são famosos exemplos disso. Em dezembro de 2007, segundo o Banco de Compensações Internacionais, os derivativos somavam US$ 516 trilhões, dez vezes mais que o PIB mundial!

De um lado a produção aumenta exponencialmente, atingindo um volume maior do que a capacidade de consumo, sobretudo de bens de produção. De outro, a elevação monumental do capital fictício. Esses dois fatores combinados provocam um curto-circuito no sistema e detona crise.

A desconfinaça nos papeis, a retração do crédito, a superprodução, tudo, enfim, exigirá uma enorme destruição de capital, hoje quantificados em inacreditáveis trilhões de dólares! Todos são atingidos pela crise, mas de forma desigual e assimétrica.

Parcela da burguesia, com a liquidação dos concorrentes, até ganha com a crise. Exemplo: se a Sadia quebra, como parece que vai acontecer, a Perdigão leva vantagem. Já para os trabalhadores não há ganho, só perdas: de emprego, de salário e de direitos.

Minhas limitações teóricas, neste ponto, atingem o apogeu. Creio até que algumas formulações precisariam ser mais claras, alguns conceitos talvez demandem uma melhor definição. Agradeço quem, com mais propriedade, possa preencher essas lacunas.

Mas o ponto que me pertuba mesmo é o seguinte: as crises por si só não derrubam o capitalismo. Elas são os fatores objetivos. Sem os fatores subjetivos (consciência, organização e mobilização) não se inicia a jornada para um novo modo de produção.

Como alguém disse, o capitalismo precisa de um coveiro para enterrá-lo, sem o que ele retoma sua trajetória, como fênix.

As palavras de ordem de propaganda ganham vigor novo. Hoje, o socialismo já não é coisa de dinossauros, faz parte do debate. Combinar essa perspectiva estratégica com uma agenda de medidas imediatas e mediatas é o desafio para acumular forças, conquistar hegemonia, edificar um novo poder. Em uma frase: empreender o caminhoda transição ao socialismo.

Cabo da Boa Esperança

Quinta-feira da semana passada (23), eu recebi a visita da minha rinite alérgica velha de guerra. Desta vez, no entanto, além dos espirros e da congestão nasal, eu senti uma certa obstrução respiratória, sintoma parecido com a apneia.

Às cinco da manhã!, com insônia, resolvi ir a um otorrino. Ele disse que o ar seco e poluído de São Paulo potencializa a rinite. Receitou-me apenas o "Nasacort", em cuja bula se lê que tal medicamento "(triancilona acetonida) é um poderoso antialérgico indicado para o tratamento das rinites alérgicas sazonal e perene..."

Dia seguinte fui à Fortaleza. O forte ar condicionado do hotel em contraposição ao calor cearense me derrubou de vez. Voltei para São Paulo na tarde de domingo, convalescendo da rinite e nocauteado pela gripe.

Pensei que estava dobrando o Cabo da Boa Esperança - aquele período da vida em que tudo começa a dar errado - quando soube, ainda no Aeroporto, que o Corinthians metera três no Santos, dois dos quais obras-primas do Fenômeno.

Em vez de declamar "Perdi o bonde e a esperança, volto pálido para casa...", de Drumond, socorri-me em Fernando Pessoa, para o qual "Tudo vale a pena se a alma não é pequena". E a alma dos corintianos tem o tamanho do mundo.

Uai

O Estadão noticia que o PPS namora Itamar Franco para indicá-lo vice na chapa do Serra. Como o PPS está mais do que fechado com o PSDB, pode-se concluir que:
1. Aécio é mesmo uma pedra no sapato do Serra; e
2. Para evitar o mal maior, o governador paulista e seus aliados buscam alternativas para evitar um estouro da boiada no poderoso colégio eleitoral mineiro.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Crise do capitalismo

Karl Marx demonstrou que a própria lógica de funcionamento do capitalismo provoca crises. Superprodução, tendência de queda na taxa de lucros, e por aí vai. A emergência dessa nova crise, a maior de todas, ratifica os ensinamentos de Marx.

Tudo bem, mas o que nós precisamos compreender melhor não são as causas e as explicações da crise, que pululam aos borbotões. O grande dilema é sobre as saídas para a crise, como avançar para romper com esse sistema, quais são as medidas emergenciais e estruturais que jogam água na acumulação de forças para reverter o quadro, conquistar a hegemonia e abrir caminho para a transição socialista.

Nesta área é que residem, na minha compreensão, as grandes insuficiências do debate contemporâneo. Frases como "não há saída keynesiana para a atual crise" ou a de que "essa crise não tem solução nos marcos do próprio capitalismo" parecem indicar que essa é a "última" crise do capitalismo e que o socialismo se apresenta como alternativa imediata.

Essa lacuna analítica parece indicar aquilo que um dia João Amazonas disse sobre a insuficiência teórica da atual geração de marxistas.

Ronaldo


Provérbio chinês: se um cavalo ganha uma vez, é sorte; se ganha a segunda, é coincidência; se ganha a terceira, aposte nele.

Para aqueles (e aquelas!) profetas do apocalipse que vaticinaram o fim do Fenômeno, nada como um dia depois do outro. Para quem gosta de futebol, para além das paixões clubísticas, é sempre um prazer renovado ver como Ronaldo joga.

Crise do capitalismo

Karl Marx demonstrou que a própria lógica de funcionamento do capitalismo provoca crises. Superprodução, tendência de queda na taxa de lucros, e por aí vai. A emergência dessa nova crise, a maior de todas, ratifica os ensinamentos de Marx.

Tudo bem, mas o que nós precisamos compreender melhor não são as causas e as explicações da crise, que pululam aos borbotões. O grande dilema é sobre as saídas para a crise, como avançar para romper com esse sistema, quais são as medidas emergenciais e estruturais que jogam água na acumulação de forças para reverter o quadro, conquistar a hegemonia e abrir caminho para a transição socialista.

Nesta área é que residem, na minha compreensão, as grandes insuficiências do debate contemporâneo. Frases como "não há saída keynesiana para a atual crise" ou a de que "essa crise não tem solução nos marcos do próprio capitalismo" parecem indicar que essa é a "última" crise do capitalismo e que o socialismo se apresenta como alternativa imediata.

Essa lacuna analítica parece indicar aquilo que um dia João Amazonas disse sobre a insuficiência teórica da atual geração de marxistas.

Ronaldo


Provérbio chinês: se um cavalo ganha uma vez, é sorte; se ganha a segunda, é coincidência; se ganha a terceira, aposte nele.

Para aqueles (e aquelas!) profetas do apocalipse que vaticinaram o fim do Fenômeno, nada como um dia depois do outro. Para quem gosta de futebol, para além das paixões clubísticas, é sempre um prazer renovado ver como Ronaldo joga.