sábado, 1 de janeiro de 2011

SP: todo mundo quer jogar na meia-esquerda

O governador Geraldo Alckmin tomou posse hoje na Assembleia Legislativa de São Paulo. A imprensa diz que ele quer que o seu time jogue com olho na esquerda - em bom português, fazer um "governo de centro-esquerda".

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, embora não jogue com a mesma camisa do novo governador, repete a mesma toada. Propõe-se a sair do DEM e ingressar no PMDB e se reposicionar politicamente. Mais à esquerda.

Há bem pouco tempo se dizia que esse negócio de esquerda e direita não existia mais e que até as ideologias, pasmem!, também faziam parte do passado. Nada como um dia depois do outro. Seja como for, esse jogo embolado no meio do campo não pode continuar assim por muito tempo.

Na hora do pega-pra-capar as posições ficarão mais claras. Esse embolamento persiste só na fase classificatória. Na hora do mata-mata (as eleições municipais de 2012, por exemplo), todo mundo vai chutar da correntinha para cima. E não vai dar para todos ficarem eternamente ciscando no meio de campo e olhando só para a esquerda. Quem viver, verá!

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Pra começar bem o ano!

O Brasil de Dilma

As mãos femininas de Dilma passam a assumir as rédeas do país. Substituir uma figura mítica como Lula não será tarefa fácil, mas a nova presidente é talentosa e conta com expectativas positivas da maioria da população.

Seu maior desafio será manter e melhorar a situação do país legado de Lula. Fazer o Brasil crescer de forma sólida e sustentável, melhorar a vida das pessoas, ampliar a integração internacional, tudo isso isso em um ambiente democrático.

Tudo parece conspirar a favor. Salvo a má vontade da mídia e de setores recalcitrantes da sociedade, pode-se dizer que o Brasil vive um clima de otimismo, quase de euforia, uma sensação boa de que a coisa está dando certo.

Muitas cascas de banana surgirão no caminho, mas o Brasil parece ter encontrado sua rota. Talvez não avance com a velocidade e profundidade necessárias, mas o sentido geral é postitivo. Que a primeira mulher presidente do Brasil escreva seu nome com letras maiúsculas nos anais da nossa História!


segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Pleno emprego no Brasil?

O presidente Lula, ao fazer balanço de seu governo, disse que o Brasil está se aproximando do pleno emprego. Alguns analistas econômicos, pasmem!, disseram que Lula foi até modesto, por que, na realidade, o pas já estaria vivendo uma situação de pleno emprego.

A conceituação de pleno emprego varia de acordo com cada corrente de pensamento econômico. Aceita-se como razoável, nos marcos de uma economia capitalista, a tese segundo a qual o pleno emprego é a utilização de todos os fatores disponíveis, a preços de equilíbrio.

Em bom português, essa visão expressa uma situação onde todos os que aceitam receber os "salários de equilíbrio", tudo pela ótica capitalista, insista-se, são empregados. A taxa de desempregados seria, portanto, a medida daqueles trabalhadores que se recusam a trabalhar pelos salários disponíveis no mercado.

Em reunião recente com as centrais sindicais, a própria direção técnica do Dieese admitiu essa realidade, sugerindo que a agenda dos trabalhadores para os próximos dez anos deveria migrar da simples busca pelo emprego para a luta por empregos de melhor qualidade.

O crescimento robusto da economia brasileira não consegue encontrar uma resposta adequada do mercado de trabalho. Um dado: consta que faltam milhares de engenheiros civis para dar conta da expansão da construção civil no país e que o número de formandos na área não conseguirá suprir a demanda por um largo período.

Além de engenheiros, há falta de profissionais de finanças e executivos de alto nível. Na outra ponta, há carência também de mestre de obras, eletricistas, operadores de "call center", caixas de supermercado, atendentes de "fast-food", vendedores de lojas, etc. A famosa tabuleta de "precisa-se" voltou a ser pendurada nas fachadas de diversos estabelecimentos.

O aumento exponencial na oferta de empregos tem como uma de suas consequências positivas o aumento da massa salarial. Além da valorização permanente do salário mínimo, que atinge diretamente mais de 46 milhões de pessoas, estudos do Diesse apontam que 97% das categorias profissionais conseguiram firmar convenções coletivas com aumento real.

Diante dessa realidade, impõe-se a necessidade de ampliar dramaticamente os investimentos em educação e qualificação profissional. As próprias empresas procuram enfrentar essa carência de mão-de-obra investindo pesado em cursos de qualificação para seus empregados.

A tendência é a de que esse fenômeno de super oferta de emprego se aprofunde no Brasil. A exploração das reservas do pré-sal, a Copa do Mundo e as Olimpíadas, só para citar três exemplos significativos, sugerem que o mercado de trabalho no país continuará bastante aquecido.

Dessa forma, depois de um quarto de século, onde a questão central para o sindicalismo foi a luta pelo emprego, surge no horizonte uma nova realidade no mercado de trabalho cujos efeitos tendem a modificar as prioridades da agenda sindical.

Combater a altíssima rotatividade e o trabalho precário, limitar e regulamentar as terceirizações, repassar para o trabalho os ganhos de produtividade para melhorar a distribuição funcional da renda e priorizar a formação e qualificação profissional são pontos que devem ocupar o topo da agenda sindical na atual fase.

Além disso, o movimento sindical brasileiro precisa se preparar para a possibilidade muito forte de um grande incremento de trabalho  imigrante no Brasil. Os países vizinhos, principalmente aqueles de economia mais frágil, podem se tornar grandes exportadores de mão-de-obra para o país.

A mão-de-obra imigrante, geralmente, sofre com salários rebaixados, limitação de direitos e pouca ou nenhuma proteção sindical, com riscos potenciais de limitar, pela concorrência predatória, os ganhos salariais até aqui obtidos.

Um exemplo expressivo é a superexploração a que são submetidos a maioria dos 200 mil bolivianos que moram em São Paulo, alguns dos quais submetidos a trabalho escravo. Essa situação pode se agravar nos próximos anos, o que vai exigir respostas mais incisivas dos trabalhadores brasileiros.

Uma visão classista e avançada desse fenômeno deve levar o sindicalismo nacional não para práticas segregacionistas ou preconceituosas, mas, sim, para o trabalho cooperativo e solidário com todos os trabalhadores, independentemente de suas nacionalidades.

Seja como for, a atual conjuntura coloca "bons problemas" para os trabalhadores. É alentador o fato de que o fantasma do desemprego em massa seja apenas amargas recordações de um passado que não se quer de volta.