É bom ou ruim para o Brasil sediar a próxima Copa do Mundo? E as Olimpíadas? Os gastos para a realização dos dois maiores eventos esportivos do mundo compensam? Um país como o Brasil, com tantas desigualdades sociais e desequilíbrios regionais pode se dar ao luxo de promover esses eventos?
Ao ler o noticiário dos jornais, os programas de rádio e TV e toda a cobertura sobre a Copa do Mundo, não há como não recordar Nelson Rodrigues e o seu famoso "Complexo de Vira-Latas", patologia da subserviência que contamina a cabeça de parte das elites brasileiras.
Há um fio que liga as críticas às megas competições com o dogma do PIB potencial, essa esdrúxula concepção segundo a qual a economia do Brasil não pode crescer muito, porque isso provocaria um choque de oferta e insuportáveis pressões inflacionárias.
Com essa mentalidade tacanha, procura-se propagar a ideia de que tudo o que é grande deveria ser proibido no Brasil, desde o crescimento acelerado da economia até a promoção de competições esportivas de magnitude. O Brasil não estaria preparado para tanto!
A grande verdade é que o país encontra-se em um a grande encruzilhada: ou dá um salto para a frente, rompe os grilhões do atraso e se torna uma nação próspera, democrática, justa e soberana, ou permanece patinando na modorrenta situação de país subaterno e atrasado.
As condições políticas e econômicas podem fazer do Brasil a quinta ou quarta potência mundial em pouco tempo. O crescimento robusto da economia precisa estar associado a uma ampla política de distribuição de renda. E o país precisa jogar papel protagonista em todas as esferas internacionais.
Com visão ampla, qualquer análise isenta enxerga o óbvio: a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil é uma vitória espetacular para o país. Além dos ganhos econômicos e sociais com tais eventos, a imagem brasileira terá uma projeção mundial sem paralelo em sua história.
Os gastos com a construção das arenas, da ampliação e melhoria do transporte público e outras ações que viabilizem o êxito desses eventos esportivos terão retornos econômicos muito maiores e deixarão um legado positivo para o país e para as cidades-sedes.
A campanha frenética contra a Copa e as Olimpíadas no Brasil, que procura reduzir todos os investimentos a gastos perdulários e sem transparência e a tentativa de se criar uma falsa contradição entre gastos públicos x necessidades sociais é uma das manifestações do "Complexo de Vira-Latas".
Os opositores dessas competições fazem um cálculo político: o governo federal será o principal beneficiário da Copa e das Olimpíadas. Para diminuir o tamanho e a qualidade do ganho político, a mídia procura injetar na cabeça das pessoas a falsa informação de farra com o dinheiro público.