sábado, 26 de junho de 2010

São Paulo: a hora da virada!

Onze partidos políticos concluíram a mais ampla coligação para as eleições em São Paulo. A chapa terá o senador Aloizio Mercante como candidato a governador pelo PT, o vice será o professor da USP, Coca Ferraz, do PDT, e os dois candidatos ao Senado serão Netinho de Paula, do PCdoB, e Marta Suplicy pelo PT.

Todos os fatores relevantes para a disputa deste ano estão mais favoráveis para a oposição aos tucanos em São Paulo. O produto certamente será melhor, ima disputa acirrada que pode derrotar os tucanos e, de quebra, garante um poderoso palanque para Dilma.

Enquanto a unidade e a boa convivência marcam o campo dilmista no Estado, o PSDB e seu candidato exibem cenas de fraturas cada vez maiores. A última é o traumático desfecho da escolha do vice do ex-governador paulista José Serra.

Irônico, César Maia, um dos caciques do DEM, afirmou que o PSDB acaba de lançar um livro em São Paulo, pela Editora Labirinto, chamado "Estratégia de como Perder Eleições". Promete pular fora do barco se o seu partido não compor a chapa presidencial.

A chapa tipo puro-sangue para as presidenciais, que segundo o mesmo César Maia nunca ganhou eleições desde 1945, provocou um tsunami nas relações entre os dois maiores partidos do conservadorismo brasileiro. Há até a ameaça de racha, tamanho o descontentamento entre os Democratas.

Tem sido assim nas últimas semanas. Só notícia boa no arraial da Dilma e só notícia ruim no poleiro dos tucanos. Uma jornalista da Folha, insuspeita, chegou a afirmar que a baixa resistência do Serra fez com que ele fosse atingido por uma doença oportunista. O agente da patologia atende pelo nome de  Álvaro Dias.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

O beijo da morte

Álvaro Dias é senador e seu mandato vai até 31 de janeiro de 2015. Provavelmente esta é a mais forte razão para ele aceitar o "sacrifício" de ser vice de Serra. Perdendo, ele ganha um pouco mais de visibilidade e depois volta docemente constrangido ao Senado.

Mas chapa puro-sangue coagula. Exibe uma renúncia à disputa no Centro-Oeste, no Nordeste e no Norte. Sem contar que no Sudeste também a coisa vai mal para os tucanos, com a exceção, até agora, de São Paulo.

As pesquisas apontam que o melhor desempenho de Serra é no Sul. O nome escolhido é justamente da região onde ele menos precisava de apoio. A justificativa é de que a solução encontrada pode inviabilizar a coligação do PDT de Osmar Dias (irmão de Álvaro) com o PMDB e PT.

A tese é razoável, mas a campanha estava reclamando muito mais do que isso.  O resultado da novela do vice  terá sido pífio. De uma quantidade razoável de palanques problemáticos, o máximo que a candidatura conservadora consegue é equacionar um caso.

É muito pouco para quem já amarga um segundo lugar nas pesquisas. A entrada em cena de Álvaro Dias pode ter sido o beijo da morte de uma candidatura com muitas dificuldades.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Dunga: a metamoforse

Mano Menezes, Felipão, Dunga. Parece que a marca dos técnicos de futebol gaúchos é serem durões. Disciplina tática, defesas fortes para não sofrer gol, meio-de-campo compacto e ataques que precisam fazer pelo menos meio gol por partida.

O próprio Dunga, quando da convocação, recebeu muitas críticas pornão ter chamado o Ronaldinho Gaúcho, o Ganso e o Neymar, estrelas do chamado futebol-arte, com certa indisciplina tática para valorizar o talento individual.

O tempo passa e o nosso técnico resolveu peitar nada mais nada menos do que a toda-poderosa Rede Globo. De repente não mais do que de repente o Dunga deixou de ser a Geni e passou a encarnar o símbolo da luta contra o império global das comunicações.

Campanhas são feitas para, entre outras coisas, boicotar a TV Globo e assistir a parte mais importante da Copa no canal alternativo - a Band. O veículo da campanha é a Internet e o seu resultado será mais simbólico do que real - milhares contra milhões.

Mas, para uma Copa meio sem graça é até um aditivo interessante a mais essa campanha. Vou de Luciano do Valle. Bye-bye, Galvão...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Jabulani

O nome da bola da Copa Mundial da Fifa se chama jabulani. O nome provém do idioma Bantu isiZulu e seu significado é "celebrar". A polêmica bola tem onze cores, para representar os onze idiomas e onze etnias da África do Sul, número também de jogadores de cada equipe.

Dizem que a bola é mais leve e mais rápida do que as habituais, o que tem dificultado o controle e os chutes para o gol. O Luiz Fernando Veríssimo, em sua crônica, zomba dessa tese, dizendo que a bola é infiel com alguns jogadores, mas se apaixona por outros, os que tem intimidade com a dita-cuja.

No futebol, diante das derrotas, muitos culpavam o juiz, o campo, a torcida adversária ou qualquer outra desculpa esfarrapada. Esta Copa inaugura uma nova desculpa: a vilã de plantão é a pobre bola, a nossa famosa jabulani.

Depois da overdose de jogos da Copa, o tema dominante serão as eleições. É a luta não pela gol, mas pelo voto. Nesta modalidade de disputa, é tão duro conquistar voto quanto marcar gol no futebol.

Só se espera que os derrotados nas eleições não responsabilizem os eleitores pelo insucesso. Chamar o voto do povo de errático como a trajetória da jabulani é, para tomar emprestada uma expressão filosófica, um argumento falacioso.