sábado, 9 de julho de 2011

Emprego e desindustrialização

Os sindicatos dos Metalúrgicos do ABC (principal entidade da CUT no Brasil) e de São Paulo (principal entidade da Força Sindical) realizaram nesta sexta-feira, 8, uma grande manifestação com cerca de 30 mil trabalhadores.

O ato unitário dos dois sindicatos, que chegou a parar a Via Anchieta (estrada que liga São Paulo ao litoral sul paulista) expôs um dramático problema que atinge a economia do país: a perda de espaço da indústria e, em consequência, a diminuição dos empregos industriais.

Muita coisa se pode falar a respeito dessa manifestação, mas neste espaço destaco algumas questões. Em primeiro lugar, ao contrário do discurso de alguns dirigentes nacionais da CUT, a prática fala mais alto e a unidade nesta e em outras batalhas é fundamental.

Enquanto em plano nacional os cutistas falam que não podem abrir mão de seus "princípios" em troca da unidade, os metalúrgicos do ABC, de longe a mais importante vitrine do sindicalismo da CUT, inauguram uma nova etapa de ação unitária bem no coração da central, o ABC.

Quanto ao mérito da luta, também aí os dois sindicatos acertaram. A perversa combinação de juros altos e câmbio valorizado torna as mercadorias produzidas no país mais caras e, com isso, diversos setores da economia, em particular a indústria, perdem competitividade.

A precoce desindustrialização no Brasil, como muitas vozes vem alertando, pode limitar em demasia o crescimento econômico do país. Exportar commodities e outras mercadorias de baixo valor agregado e importar produtos industrializados é um tiro no pé.

Para os trabalhadores, significa a geração de empregos de baixa remuneração e qualidade inferior. As estatísticas apontam que boa parte dos empregos gerados nos últimos anos se situa na faixa até dois salários mínimos, valor muito baixo e incapaz de sustentar um mercado interno robusto.

A agenda unitária do movimento sindical brasileiro precisa reforçar a luta por profundas mudanças na política macroeconômica e por uma vigorosa política de estímulo à indústria, a principal geradora de empregos qualificados e com salários maiores.

Os juros praticados no Brasil precisam acompanhar a média dos países de economia mais avançada e a política cambial não pode flutuar livremente de acordo com os interesses especulativos do setor financeiro. O câmbio precisa ser uma alavanca para aumentar, e não diminuir, a competitividade industrial do país.

A nossa presidenta Dilma Rousseff, até o momento, não tomou iniciativas importantes para desarmar essa armadilha que impede o deslanche da economia nacional. A expectativa é de que ela aprofunde as mudanças e não se limite a fazer mais do mesmo nesta área sensível para o futuro do país.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Dia de mobilizações das centrais sindicais

A CTB participou da manifestação em Brasília, nesta quarta-feira, dia 6, junto com a Força Sindical, Nova Central, UGT e CGTB. A CUT optou por realizar atos próprios em diversos estados, apesar da pauta, em essência, ser a mesma.

Novas manifestações ocorrerão ao longo do mês de julho, todas elas em defesa da redução da jornada de trabalho para quarenta horas semanais, fim do fator previdenciário, regulamentação das terceirizações, pela aprovação das convenções 151 e 158 da OIT, pela reforma agrária, etc.

O ato final, nesta fase, será dia 3 de agosto, quarta-feira, às 10 horas, em frente ao Estádio do Pacaembu. A expectativa é de que 100 mil trabalhadores participem dessa manifestação, que deve seguir em passeata até a Assembleia Legislativa.

O único item pendente é a necessidade de se restabelecer a unidade das centrais sindicais. É legítimo que cada organização tenha sua pauta própria. O que não parece adequado para atual conjuntura é considerar demandas específicas de central um obstáculo intransponível para a mobilização unitária.