Ex-ministros de FHC, dirigentes do PSDB e partidos coligados, tucanos de carteirinha da academia e dos meios artísticos, divulgaram um "manifesto" de apoio à candidaduta conservadora na sucessão presidencial. O conteúdo do documento é revelador da falta de argumentos substantivos desses pregoeiros do retrocesso neoliberal em nosso país.
Desarmados diante dos êxitos e da popularidade do governo Lula, uma das âncoras essenciais de sustentação da vitoriosa candidatura de Dilma à presidência, esses nobres senhores e senhoras repetem à exaustão uma ladainha que, quando muito, consegue apenas unificar o discurso de uma minoria refratária aos avanços progressistas do nosso país.
No manifesto citado, a candidatura tucana é apresentada como uma alternativa democrática e ética para o país, um nome que não trata adversários como inimigos nem conspira contra a liberdade e a democracia. Para esses ilustres "intelectuais", o Brasil sofre de dirigismo cultural, censura e patrulha ideológica. Por fim, dizem querer um governo que fique ao lado das grandes democracias e não de ditadores e que não seja refém de grupos partidários.
As palavras pomposas desse manifesto são como folhas ao vento. Não resistem aos fatos. Em primeiro lugar, o Brasil vive um excepcional momento de democracia e liberdade, todas as instituições funcionam regularmente e vigora no país a mais ampla liberdade de imprensa.
Chega a ser irônico, não fosse trágico, que esses aliados do oligopólio midiático falem em dirigismo cultural, censura e patrulha ideológica. Ao contrário do que eles pregam, são as elites econômicas do Brasil que monopolizam os meios de comunicação para impor a sua própria agenda política, econômica e cultural. Raros, na verdade, são os espaços em que as forças populares conseguem apresentar sua agenda alternativa.
Dizer-se aliados das "grandes democracias" é um sofisma retórico para mascarar os fatos. No fundo, o que eles querem mesmo é fazer o Brasil voltar a ser um país subserviente às grandes potências, ajoelhar-se diante do imperialsimo e, nas sábias palavras de Chico Buarque, "falar fino com Washington e falar grosso com a Bolívia e o Paraguai!".
Por último, mas não menos importante, a chamada democracia representativa, que eles defendem em palavras e negam nos atos, apoia-se, entre outras coisas, nos partidos políticos. Como o apoio partidário a Dilma é amplo e plural, ao contrário da tríade partidária em declínio que sustenta o nome de Serra, esses democratas de fachada vituperam contra a maioria parlamentar alcançada pela coligação "Para o Brasil Seguir Mudando" nas últimas eleições.
Os signatários do manifesto, repetindo um conhecido enredo de conspiração, desprezam os partidos, a intelectualidade progressista e os movimentos sociais que majoritariamente apoiam a candidaduta Dilma. Seguem, portanto, o mesmo caminho de velhos golpistas, infelizmente não raros em nossa história.
Sem programa e sem projeto, rejeitados crescentemente pela maioria da população, essa turma do andar de cima se apega ao fanatismo religioso e às promessas demagógicas de cunho social. Posam de vestal com um discurso falsamente ético-moralista, tentam ressuscitar ideias que mais parecem vindas das catacumbas da Idade Média.
"Não entendi o enredo dessa samba", raciocina o povo diante das calúnias e dos discursos vazios do tucanato. Com o nosso voto em Dilma no próximo domingo, podemos dar um basta a esses demagogos de punho de renda e ouví-los choramingar; " fim do carnaval ... nas cinzas pude perceber, na apuração, perdi você!"
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quinta-feira, 28 de outubro de 2010
domingo, 24 de outubro de 2010
A última semana
No próximo domingo teremos o desfecho da eleição presidencial no Brasil. Durante toda a semana, é de se prever um clima de suspense. As armas da candidatura conservadora não são programáticas, não são projetos novos para alavancar o país. A campanha do PSDB se nutre apenas do denuncismo reverberado pela mídia.
Segundo todos os institutos de pesquisa, Dilma Rousseff mantém a dianteira na preferência popular. Em condições normais de temperatura e pressão, portanto, ela pode ser considerada favorita.
A campanha de Dilma se ancora na grande popularidade do presidente Lula, no vasto apoio partidário e dos movimentos populares e, principalmente, na percepção do povo de que o Brasil vive um período inédito de demcoracia, desenvolvimento e distribuição de renda.
A criação recorde de empregos formais, a elevação do salário mínimo real e de outros rendimentos, a ampliação dos programas de transferência de renda, o crédito consignado, a elevação do consumo e a sensação de estar vivendo cada vez melhor impacta corações e mentes do povo. Esta situação positiva tem como destinatária principal a candidata Dilma.
Mas as eleições presidenciais em um país continente, complexo e heterogêneo como o Brasil não é tarefa para amadores. As forças conservadoras se sentem cada vez mais incomodadas com as mudanças em curso e tentam frear o rumo progressista da nação.
A principal trincheira dos conservadores é a grande mídia. Jornais, revistas, emissoras de televisão e rádio, portais da Internet tentam estigmatizar o atual governo de todas as formas. É uma sucessão interminável de denúncias, muitas delas falsas, requentadas outras, exageradas todas.
Fossem verdadeiros os estrebuchos dos escribas das elites, o Brasil estaria mergulhado no mar da corrupção, do empreguismo, do gasto público irresponsável e das crescentes ameaças à democracia. Diz o dito popular que a diferença entre o remédio e o veneno é a dosagem, o que nos autoriza a afirmar que boa parte da mídia brasileira se tornou destilaria de venenos.
Para se contrapor aos ataques diuturnos dos conservadores, há que construir uma ampla frente política e social para assegurar a vitória,agora, e garantir a governabilidade, depois. É a conjugação de esforços dos mais amplos segmentos sociais que reúne condições adequadas para enfrentar a artilharia pesada das elites conservadoras.
A unidade e a amplitude, acompanhada da ativa militância, são os antídotos essenciais para enfrentar e derrotar o retrocesso. Nem sempre, todavia, essa visão parece clara ao núcleo dirigente da campanha de Dilma. Um erro crasso, por exemplo, é considerar que a vitória de Dilma deva ser creditada a um único partido, relegando a plano secundários todos os outros aliados.
A melhor palavra-de-ordem, para quem tem lucidez política, é aquela que proclama "ganhar juntos para governar juntos". As eleições são muito difíceis, mas mais difícil ainda é governar. E no Brasil só se governa com amplos apoios multipartidários e amplo respaldo popular.
Cada gesto, cada ato, cada atitude, simbolizam o conteúdo político e os rumos que se pretende seguir. Por isso, todos com Dilma e Dilma com todos é o melhor caminho para as forças democráticas desse imenso país.
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