segunda-feira, 10 de maio de 2010

A revista Época e o fantasma da "República Sindicalista"

A revista "Época" desta semana, talvez por falta de assunto, volta a bater na tecla de que o Brasil do presidente Lula se tornou uma "república sindicalista". Em matéria de capa, a publicação dos Marinho ressuscita essa tese, cujo pano de fundo é tentar inibir a ação política do sindicalismo neste importante ano de 2010. 

Recorde-se que. com argumentos semelhantes, a direita brasileira, na década de 60 do século passado, construiu o discurso para tentar legitimar a derrubada golpista do presidente João Goulart. A pretensão, agora, é irrigar o discurso eleitoral conservador do tucanato.

Apoiando-se em intelectuais ditos de esquerda - aquela esquerda que a direita tanto gosta - "Época" afirma que os sindicalistas formam uma nova classe social que dirige fundos de pensão e empresas estatais. Com isso, influenciam na execução de orçamentos de até R$ 200 bilhões!

Com 60 parlamentares no Congresso Nacional, dois mil cargos de confiança no governo e o controle dos principais fundos de pensão (90% originários da CUT, segundo a revista), esse magote de sindicalistas seriam os cristãos-novos da classse dominante do país.

A fragilidade dos argumentos da revista salta aos olhos. Em primeiro lugar, todos os governantes do país, do presidente da República ao prefeito do menor município, sempre indicaram pessoas de sua confiança para colaborarem na administração. O presidente Lula, obviamente, não iria nomear quadros da oposição para seu governo.

No arraial dos tucanos a coisa funciona do mesmo jeito. O Serra, quando foi prefeito de São Paulo, inundou a prefeitura com ex-prefeitos do interior. A maioria deles nem conhecia a Capital, mas os indicados foram responsáveis pela gestão das sub-prefeituras paulistanas. Nesse caso, claro, a imprensa não deu um pio.

Em segundo lugar, é um grande preconceito achar que a pessoa, por ser sindicalista, não pode ocupar cargos de responsabilidade no governo. Essa visão conservadora quer considerar reserva de mercado das elites o exercício de altas funções públicas. O melhor exemplo para demolir essa tese furada é o Lula, ele próprio um sindicalista , celebrado no mundo todo ao ocupar o mais alto cargo da República.

Por último, a matéria tem claro viés eleitoreiro. A revista tenta passar aos incautos a imagem de que o Brasil do futuro, moderno e mais avançado, precisaria expurgar os trabalhadores dessas funções. Insinua até que esse tema deveria pautar o debate. No fundo, é uma campanha para o voto na oposição neoliberal.

Apesar de todas essas ressalvas, cabe um alerta ao sindicalismo. Independentemente de quem esteja no governo, as organizações sindicais precisam valorizar e preservar sua  autonomia na luta em defesa dos interesses dos trabalhadores. Sindicalismo chapa-branca  não tem futuro.

A prioridade do movimento sindical é a organização e a luta, essa é uma verdade acaciana. Sem prejuízo disso, é legítimo que líderes sindicais  ocupem  espaços nos parlamentos e nos governos, para amplificar a demanda  dos trabalhadores.

A necessidade de manter a independência do movimento sindical diante dos governos, dos patrões e dos partidos não é sinônimo de abstinência política, como prega a revista. Sindicalista consciente e inteligente sabe que eleger Dilma e derrotar o conservadorismo neoliberal é um imperativo da luta atual dos trabalhadores.

domingo, 9 de maio de 2010

19º. Copa do Mundo

De 11 de junho a 11 de julho próximos, a África do Sul sediará a 19ª. edição da Copa do Mundo. Trinta e duas seleções nacionais, divididas em oito grupos, participarão deste segundo evento esportivo mais importante do planeta (depois das Olimpíadas), o primeiro realizado na África.

A seleção brasileira está no topo do ranking da Fifa e é considerada uma das favoritas. Das 18 Copas já realizadas, em dez vezes o Brasil ficou entre os quatro melhores: venceu cinco vezes, foi duas vezes vice-campeão, duas vezes terceiro colocado e uma vez quarto.

Única seleção a participar de todas as Copas e a única a faturar dois títulos em outro Continente (1958, na Suécia, 2002, Japão)*, o Brasil jogou 92 partidas, com 64 vitórias, 14 empates e 14 derrotas. Marcou 201 gols e sofreu 84. O maior artilheiro de todas as Copas, com 15 gols, é o brasileiro Ronaldo, atual camisa nove do Poderoso Timão.

 As outras seleções com maior performance são a Itália com 4 títulos, Alemanha, com 3,  Argentina e Uruguai com dois. Inglaterra e França venceram uma vez cada uma. No total, a América do Sul e a Europa empatam com nove títulos cada uma.

Se o Brasil conquistar o hexacampeonato este ano na África do Sul, uma hipótese bastante plausível, poderá ampliar bastante sua hegemonia no futebol mundial, principalmente por que, em 2014, o país voltará a ser sede da competição.

Seja como for, a febre da Copa atinge o Brasil e o mundo. Um único dado atesta tudo isso: a última final da Copa, em 2006,  foi assistida pela televisão por 1,1 bilhão de pessoas. Nesta terça-feira, portanto, o técnico Dunga, ao anunciar os jogadores convocados para a Copa, se tornará a maior celebridade nacional do dia.

(*) Paulo Bretas me lembrou do título de 2002 (vide comentário).