Em dezembro do ano passado, Paulo Bernardo e Alexandre Padilha, hoje ministros de Dilma, se reuniram com as centrais sindicais e deixaram entreaberta a possibilidade de o novo governo apresentar proposta de um salário mínimo bem melhor do que a atual.
Embora Dilma não tivesse ainda tomado posse, os dois falavam como porta-vozes oficiais da presidente eleita. A lambança veio depois. Começou pela boca de Guido Mantega, que gosta de falar manso com os banqueiros e falar grosso com os trabalhadores.
O ministro da Fazenda disse que seria R$ 540 o valor do novo salário mínimo e nada de mexer na tabela do imposto de renda! As bravatas desse ministro e a intransigência dos negociadores do governo podem tornar azedas as negociações ainda em andamento e levar a polêmica para um debate mais complexo no Congresso Nacional.
O governo Dilma poderia muito bem ter começado seu mandato sem essa desnecessária turbulência com os trabalhadores. A vida demonstrou à exaustão que é papo furado que aumentos reais do salário mínimo quebram a Previdência e os municípios pequenos.
Opiniões, comentários e notas sobre política, sindicalismo, economia, esporte, cultura e temas correlatos.
sábado, 5 de fevereiro de 2011
domingo, 30 de janeiro de 2011
Paraguaios e bolivianos em São Paulo
Neste sábado de sol forte e calor sufocante, em uma praça semi-abandonada da Barra Funda, zona oeste da capital paulista, acompanhei imigrantes paraguaios e bolivianos fazendo um racha em um campinho de areia. Indiferentes à temperatura tórrida, esbanjam muita raça, pouca técnica e suam a camisa atrás do gol.
Assistem à partida outros imigrantes - que aguardam sua vez para jogar - e suas esposas e filhos, um ritual constante em todos os sábados. Eles encontram naquela praça sem banheiro, sem água e com raras árvores, um momento de lazer precário para mitigar suas duras condições de vida no Brasil.
No fundo da praça, o ranger dos trens passando sobre os trilhos da CPTM se confunde com as conversas baixas e tímidas dos imigrantes. Equipados com água, refrigerantes, cervejas, lanches, assemelham-se às famílias pobres de São Paulo em suas idas ao litoral sul paulista, os pejorativamente chamados "farofeiros".
Paraguaios e bolivianos, centenas de milhares, em geral trabalham em fábricas de confecções em São Paulo. Os salários miseráveis, pagos por seus patrões coreanos ou por seus próprios compatriotas mais endinheirados, não lhes permitem maiores gastos com lazer. A pelada, então, é a melhor solução coletiva.
Com a maior integração econômica na América Latina, principalmente a partir do Mercosul, a expectativa é de que o Brasil, pela pujança de sua economia diante dos países vizinhos mais pobres, funcione como força centrípeta na atração de trabalhadores imigrantes.
Segmentos mais lúcidos dessa leva de imigrantes já se antenaram para essa nova realidade. Em São Paulo, por exemplo, foi fundada recentemente a Associação dos Imigrantes Paraguaios, que busca ser um instrumento de integração e defesa dos interesses dos paraguaios que vivem no Brasil.
A entidade pleiteia estruturar espaços que garantam à comunidade meios para compartilhar esporte, lazer e cultura, dar vazão a uma sociabilidade fragmentada pela distância da terra natal e pelas vicissitudes econômicas, trabalhistas e sociais que padecem no Brasil.
Pelo simbolismo da data, a Associação pretende celebrar, em maio, o bicentenário da Independência do Paraguai. E aproveitar a data para mobilizar os poderes públicos e o consulado paraguaio em São Paulo para criar espaços de referência para os imigrantes.
Ao contrário de outras correntes migratórias, talvez sejam os nossos hermanos latino-americanos aqueles que demandem maior solidariedade. Essa é a face obscura que não pode ser olvidada da necessária integração solidária latino-americana.
Assistem à partida outros imigrantes - que aguardam sua vez para jogar - e suas esposas e filhos, um ritual constante em todos os sábados. Eles encontram naquela praça sem banheiro, sem água e com raras árvores, um momento de lazer precário para mitigar suas duras condições de vida no Brasil.
No fundo da praça, o ranger dos trens passando sobre os trilhos da CPTM se confunde com as conversas baixas e tímidas dos imigrantes. Equipados com água, refrigerantes, cervejas, lanches, assemelham-se às famílias pobres de São Paulo em suas idas ao litoral sul paulista, os pejorativamente chamados "farofeiros".
Paraguaios e bolivianos, centenas de milhares, em geral trabalham em fábricas de confecções em São Paulo. Os salários miseráveis, pagos por seus patrões coreanos ou por seus próprios compatriotas mais endinheirados, não lhes permitem maiores gastos com lazer. A pelada, então, é a melhor solução coletiva.
Com a maior integração econômica na América Latina, principalmente a partir do Mercosul, a expectativa é de que o Brasil, pela pujança de sua economia diante dos países vizinhos mais pobres, funcione como força centrípeta na atração de trabalhadores imigrantes.
Segmentos mais lúcidos dessa leva de imigrantes já se antenaram para essa nova realidade. Em São Paulo, por exemplo, foi fundada recentemente a Associação dos Imigrantes Paraguaios, que busca ser um instrumento de integração e defesa dos interesses dos paraguaios que vivem no Brasil.
A entidade pleiteia estruturar espaços que garantam à comunidade meios para compartilhar esporte, lazer e cultura, dar vazão a uma sociabilidade fragmentada pela distância da terra natal e pelas vicissitudes econômicas, trabalhistas e sociais que padecem no Brasil.
Pelo simbolismo da data, a Associação pretende celebrar, em maio, o bicentenário da Independência do Paraguai. E aproveitar a data para mobilizar os poderes públicos e o consulado paraguaio em São Paulo para criar espaços de referência para os imigrantes.
Ao contrário de outras correntes migratórias, talvez sejam os nossos hermanos latino-americanos aqueles que demandem maior solidariedade. Essa é a face obscura que não pode ser olvidada da necessária integração solidária latino-americana.
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