sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Ordem é bater em Dilma e no Lula

Dilma começa o seu governo com expectativa bastante favorável. Lula deixou o governo como mito. Com isso, os setores mais conservadores da política brasileira miram sua artilharia na titular do time (Dilma) e no Pelé que está no banco de reservas (Lula).

A ideia, claríssima, é um esforço para desconstruir a imensa popularidade de Lula, de um lado, e evitar o êxito do governo Dilma. É uma tarefa, digamos, difícil de ser realizada. Difícil, mas necessária, devem pensar os ideólogos do conservadorismo brasileiro.

Essa linha de ação oposicionsita tem como horizonte o ano de 2014. Tudo o que esses caras não querem é chegar na próxima sucessão presidencial com um duplo problema: Dilma bem na foto e o Lula ainda mitificado.

O prestígio político do Lula deve resistir ao tempo, mas isso é uma profecia que só a história confirmará. O problema central, agora, é garantir o êxito do governo Dilma. As arrumações iniciais do governo sempre provocam ruídos, disputa de espaços, não há nada de novo por aí. O perigo reside na economia.

A turma que entende do assunto - eu me incluo fora dessa - está preocupada com a política cambial. A apreciação de nossa moeda diminui a competividade dos produtos brasileiros e está retraindo nossa produção industrial. As medidas até agora tomadas parecem insuficientes.

Usar os juros como remédio para enfrentar a inflação parece não ser bom negócio. Além de refrear o crescimento do PIB, juros elevados atraem dólares e isso agrava o problema cambial. Se é verdade que inflação aleija e câmbio mata...

Mídia e establishment proclamam a necessidade de ajuste fiscal, diminuição e melhora da "qualidade"dos gastos públicos e toda a velha cantilena conhecida. Nessa linha, por exemplo, um gaiato chegou até a dizer que o aumento do salário mínimo chegou ao teto e já não pode continuar.

Cá com os meus botões, o êxito do governo Dilma deve vir de outra política. A palavra-chave é desenvolvimento. Desenvolvimento com mais investimentos e juros baixos. Com fortalecimento da indústria e política cambial que aumente a competividade brasileira. Com salários mais altos e revigoramento do mercado interno.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Nota Oficial da CTB sobre o novo salário mínimo

A CTB E O NOVO SALÁRIO MÍNIMO


A CTB - Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – manifesta sua posição contrária à Medida Provisória nº 516/10 que fixa o novo valor do salário mínimo para 2011 em R$ 540,00. Publicada na última edição do ano do Diário Oficial da União, a MP em tela caminha na contramão da política permanente de valorização do salário mínimo, prevista para durar até 2023.

O último reajuste do salário mínimo no governo Lula foi o mais baixo dos seus dois mandatos, jogando uma ducha de água fria nos trabalhadores. A elevação nominal proposta pelo governo, de 5,88%, ficou aquém da própria inflação do período (INPC de 6,47%). O valor consagra uma perda real, portanto, de 0,55%.

A CTB lutará, em unidade com as outras centrais sindicais, para que o Congresso Nacional, depois do recesso, altere para R$ 580,00 o novo salário mínimo. Na nossa compreensão, esse reajuste deve levar em conta que o PIB negativo de 2009 foi um ponto fora da curva e, a exemplo do que ocorreu com as concessões a diversos setores empresariais, não pode servir de pretexto para interromper o ciclo de crescimento real dos salários.

Estudos do Dieese demonstram que 47 milhões de pessoas são diretamente beneficiadas pelo aumento do salário mínimo, com a vantagem adicional de fortalecer o mercado interno, uma das âncoras essenciais para o crescimento sustentado da economia. Ressuscitar a desmoralizada tese de que os salários deterioram as contas públicas não fez parte do programa com o qual a presidente Dilma Rousseff foi eleita.

A CTB, que tem como programa a luta por um projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho, conclama o Congresso Nacional a rever a MP 516/00 e a estabelecer um novo salário mínimo em R$ 580,00, ao tempo em que conclama o novo governo, neste gesto inaugural e simbólico, a reafirmar seu compromisso com a valorização do salário mínimo como um dos pilares da luta pela erradicação da miséria no país.

São Paulo, 5 de janeiro de 2011

WAGNER GOMES

Presidente da CTB