sábado, 28 de fevereiro de 2009

Reflexões sindicais


Martha Martínez Navarro ( na foto com a presidente do Sindicato dos Comerciários e Vereadora do PCdoB de Ijuí, Rosane Simon), escreveu um interessante artigo, na revista da Federação Sindical Mundial, da qual é assessora, denominado "A Globalização Mundial e a Globalização da Hipocrisia".
Martha aborda o trabalho de analistas e pesquisadores para perpetuar o paradigma de dominação do imperialismo, algo como adocicar a exploração. Para tanto, procuram dar uma "dimensão social" à globalização, que seria comprometida com o desenvolviento sustentável, o respeito aos direitos humanos, a geração de trabalho decente, a luta contra a pobreza, as desigualdades e a defesa da distribuição equitativa das riquezas.
Essa orientação se apoia em uma aliança entre a Organização Mundial do Comércio, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e também a Organização Internacional do Trabalho. Nesse quadro, a OIT rebaixa os direitos mínimos dos trabalhadores e busca paliativos para compensar a diminuição normativa, situação que vem desde os anos 80 do século passado.
A estratégia da OIT é a tentativa de conciliar a flexibilidade que necessitam as empresas com segurança e proteção que necessitam os trabalhadores. Em poucas palavras, procura eclipsar as contradições entre o capital e o trabalho, entre capitalistas e trabalhadores e marchar rumo ao "diálogo social" e solução pacífica das diferenças pelo caminho do tripartismo.
Um outro problema é a falsa preocupação com os trabalhadores de instituições multilaterais como o Banco Mundial. Ao condicionar financiamentos em infraestrutura aos países pobres à aceitação de determinadas normas de trabalho, desconsiderando os diferentes níveis de desenvolvimento dos países, sua capacidade econômica e suas condições sociais objetivas, o banco quer, na verdade, assegurar o "direito" de aplicar sanções nas nações mais frágeis, sem nenhuma preocupação efetiva com os trabalhadores.
Muitas vezes, lembra Martha, o lobo se veste de cordeiro como defensor dos trabalhadores, dos direitos humanos, do meio ambiente, do desenvolvimento sustentável e por aí vai... Muita gente cai nessa, por má fé ou ingenuidade.
Martha sustenta que determinadas posturas dos servidores do império vem embaladas com a denominação de responsabilidade social das empresas, na verdade manobra para debilitar os sindicatos sem enfrentamento direto e agressivo.
Os patrões "socialmente responsáveis" visam ganhar as consciências dos trabalhadores, apoiando, inclusive, algumas campanhas e concedendo prêmios para essa ou aquela ação que até podem mitigar um problema localizado, mas nunca chega ao âmago das contradições do capitalismo.
Toda a estratégia tem, entre outros objetivos, a função de desviar os trabalhadores da militância sindical. Essa política conta com o velado (ou direto) apoio de certos líderes sindicais internacionais, que denunciam os flagelos vividos pelos trabalhadores e propõem soluções construídas a partir de consensos impossíveis entre governos, capitalistas e assalariados.
Outra meta é a de se chegar a um sistema jurídico de direitos trabalhistas supranacionais, com níveis mínimos de proteção para trabalhadores, contra os próprios dispositivos da OIT que vedam o uso das suas normas como modelo trabalhista internacional, já que isso configuraria quebra da soberania e da competência normativa dos Estados nacionais, pulverizando definitavente o Direito do Trabalho.
Não se pode, por exemplo, ter a mesma norma trabalhista (salários, direitos, jornada de trabalho) para um trabalhador da França e um do Gabão. O artifício esconde o interesse de dar maiores condições de competividade aos países hegemônicos.
A assessora da FSM termina dizendo que o esforço ideológico do imperialismo e seus servidores é o de fomentar a ideia de que o capitalismo é a sociedade das oportunidades e que as pessoas, pela sua competência pessoal, podem galgar os degraus da ascenção social.
Na minha compreensão, o artigo tem três alertas: 1) desmascarar os ideólogos do imperialismo e seus aliados a respeito desse falso caminho de combinar os interesses de trabalhadores e capitalistas, e também dos países pobres e dos ricos; 2) questionar as falsas preocupações dos países ricos com os trabalhadores e outros problemas dos países pobre; na verdade, essa "preocupação" é um ardil para ingerir nas questões internas; 3) retomar a visão (essa frase eu a tomei emprestada de outro artigo da própria Martha) de que "a semente das mudanças se gesta no pensamento e se materializa na ação". A queda do Muro de Berlim, o avanço do neoliberalismo, o desemprego, a informalidade, o deslocamento das empresas, tudo somado provocou a desorganização, fragmentação e desorientação ideológica dos trabalhadores. O subproduto disso foi o aumento do burocratismo sindical e da conciliação. O antídoto deve ser, portanto, o sindicalismo de classe. Que parte da consciência e deve ser materializado na prática.
(Observação: li o texto em espanhol e admito a possibiliade de alguns escorregões na tradução).

Reflexões sindicais


Martha Martínez Navarro ( na foto com a presidente do Sindicato dos Comerciários e Vereadora do PCdoB de Ijuí, Rosane Simon), escreveu um interessante artigo, na revista da Federação Sindical Mundial, da qual é assessora, denominado "A Globalização Mundial e a Globalização da Hipocrisia".
Martha aborda o trabalho de analistas e pesquisadores para perpetuar o paradigma de dominação do imperialismo, algo como adocicar a exploração. Para tanto, procuram dar uma "dimensão social" à globalização, que seria comprometida com o desenvolviento sustentável, o respeito aos direitos humanos, a geração de trabalho decente, a luta contra a pobreza, as desigualdades e a defesa da distribuição equitativa das riquezas.
Essa orientação se apoia em uma aliança entre a Organização Mundial do Comércio, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e também a Organização Internacional do Trabalho. Nesse quadro, a OIT rebaixa os direitos mínimos dos trabalhadores e busca paliativos para compensar a diminuição normativa, situação que vem desde os anos 80 do século passado.
A estratégia da OIT é a tentativa de conciliar a flexibilidade que necessitam as empresas com segurança e proteção que necessitam os trabalhadores. Em poucas palavras, procura eclipsar as contradições entre o capital e o trabalho, entre capitalistas e trabalhadores e marchar rumo ao "diálogo social" e solução pacífica das diferenças pelo caminho do tripartismo.
Um outro problema é a falsa preocupação com os trabalhadores de instituições multilaterais como o Banco Mundial. Ao condicionar financiamentos em infraestrutura aos países pobres à aceitação de determinadas normas de trabalho, desconsiderando os diferentes níveis de desenvolvimento dos países, sua capacidade econômica e suas condições sociais objetivas, o banco quer, na verdade, assegurar o "direito" de aplicar sanções nas nações mais frágeis, sem nenhuma preocupação efetiva com os trabalhadores.
Muitas vezes, lembra Martha, o lobo se veste de cordeiro como defensor dos trabalhadores, dos direitos humanos, do meio ambiente, do desenvolvimento sustentável e por aí vai... Muita gente cai nessa, por má fé ou ingenuidade.
Martha sustenta que determinadas posturas dos servidores do império vem embaladas com a denominação de responsabilidade social das empresas, na verdade manobra para debilitar os sindicatos sem enfrentamento direto e agressivo.
Os patrões "socialmente responsáveis" visam ganhar as consciências dos trabalhadores, apoiando, inclusive, algumas campanhas e concedendo prêmios para essa ou aquela ação que até podem mitigar um problema localizado, mas nunca chega ao âmago das contradições do capitalismo.
Toda a estratégia tem, entre outros objetivos, a função de desviar os trabalhadores da militância sindical. Essa política conta com o velado (ou direto) apoio de certos líderes sindicais internacionais, que denunciam os flagelos vividos pelos trabalhadores e propõem soluções construídas a partir de consensos impossíveis entre governos, capitalistas e assalariados.
Outra meta é a de se chegar a um sistema jurídico de direitos trabalhistas supranacionais, com níveis mínimos de proteção para trabalhadores, contra os próprios dispositivos da OIT que vedam o uso das suas normas como modelo trabalhista internacional, já que isso configuraria quebra da soberania e da competência normativa dos Estados nacionais, pulverizando definitavente o Direito do Trabalho.
Não se pode, por exemplo, ter a mesma norma trabalhista (salários, direitos, jornada de trabalho) para um trabalhador da França e um do Gabão. O artifício esconde o interesse de dar maiores condições de competividade aos países hegemônicos.
A assessora da FSM termina dizendo que o esforço ideológico do imperialismo e seus servidores é o de fomentar a ideia de que o capitalismo é a sociedade das oportunidades e que as pessoas, pela sua competência pessoal, podem galgar os degraus da ascenção social.
Na minha compreensão, o artigo tem três alertas: 1) desmascarar os ideólogos do imperialismo e seus aliados a respeito desse falso caminho de combinar os interesses de trabalhadores e capitalistas, e também dos países pobres e dos ricos; 2) questionar as falsas preocupações dos países ricos com os trabalhadores e outros problemas dos países pobre; na verdade, essa "preocupação" é um ardil para ingerir nas questões internas; 3) retomar a visão (essa frase eu a tomei emprestada de outro artigo da própria Martha) de que "a semente das mudanças se gesta no pensamento e se materializa na ação". A queda do Muro de Berlim, o avanço do neoliberalismo, o desemprego, a informalidade, o deslocamento das empresas, tudo somado provocou a desorganização, fragmentação e desorientação ideológica dos trabalhadores. O subproduto disso foi o aumento do burocratismo sindical e da conciliação. O antídoto deve ser, portanto, o sindicalismo de classe. Que parte da consciência e deve ser materializado na prática.
(Observação: li o texto em espanhol e admito a possibiliade de alguns escorregões na tradução).

Dilma


Deu no "Blog do Noblat"
"Um piso respeitável para Dilma
De Lauro Jardim:
Uma pesquisa recém-concluída e inédita do Vox Populi cravou o piso da candidatura Dilma Rousseff em torno dos 30%. Esse total é a soma dos eleitores que votam no PT mais os que votam sem restrições em quem Lula indicar. Para crescer acima desses 30%, aí, sim, vão pesar a qualidade da campanha e a empatia da candidata, hoje com cerca de 14% das preferências. João Santana, marqueteiro de Lula e uma das cabeças por trás da modelagem da Dilma-candidata, tem dito no Planalto que o ideal é que sua subida nas pesquisas ocorra lentamente até o início do ano que vem. Se ela terminar o ano com uns 20%, estará de bom tamanho, segundo avalia."
Do jeito que a coisa vai, a polarização parece que ficará forte demais. Haverá espaço para construir uma alternativa à esquerda?

Dilma


Deu no "Blog do Noblat"
"Um piso respeitável para Dilma
De Lauro Jardim:
Uma pesquisa recém-concluída e inédita do Vox Populi cravou o piso da candidatura Dilma Rousseff em torno dos 30%. Esse total é a soma dos eleitores que votam no PT mais os que votam sem restrições em quem Lula indicar. Para crescer acima desses 30%, aí, sim, vão pesar a qualidade da campanha e a empatia da candidata, hoje com cerca de 14% das preferências. João Santana, marqueteiro de Lula e uma das cabeças por trás da modelagem da Dilma-candidata, tem dito no Planalto que o ideal é que sua subida nas pesquisas ocorra lentamente até o início do ano que vem. Se ela terminar o ano com uns 20%, estará de bom tamanho, segundo avalia."
Do jeito que a coisa vai, a polarização parece que ficará forte demais. Haverá espaço para construir uma alternativa à esquerda?

CUT na contramão

A direção da CUT anda com a cabeça na lua . Por motivos eleitoreiros, recusa-se a somar na luta pela readmissão dos trabalhadores vítimas do facão da Embraer. Prefere desgastar a direção do sindicato, ligada ao Conlutas. Tudo porque haverá eleição na entidade. É o verdadeiro exemplo do antisindicalismo classista!
É o mesmo método, diga-se de passagem, que a Conlutas adota quando faz oposição. Para eles, tudo é culpa da direção ... agora percebem, por estarem com o abacaxi na mão e no meio do processo eleitoral, que é importante a unidade ampla para enfrentar as adversidades.
Além da CTB e outras centrais, a Conlutas firmou uma forte aliança com a Força Sindical na luta em defesa do emprego dos trabalhadores da Embraer. Neste episódio, a CUT sai chamuscada pela omissão.

CUT na contramão

A direção da CUT anda com a cabeça na lua . Por motivos eleitoreiros, recusa-se a somar na luta pela readmissão dos trabalhadores vítimas do facão da Embraer. Prefere desgastar a direção do sindicato, ligada ao Conlutas. Tudo porque haverá eleição na entidade. É o verdadeiro exemplo do antisindicalismo classista!
É o mesmo método, diga-se de passagem, que a Conlutas adota quando faz oposição. Para eles, tudo é culpa da direção ... agora percebem, por estarem com o abacaxi na mão e no meio do processo eleitoral, que é importante a unidade ampla para enfrentar as adversidades.
Além da CTB e outras centrais, a Conlutas firmou uma forte aliança com a Força Sindical na luta em defesa do emprego dos trabalhadores da Embraer. Neste episódio, a CUT sai chamuscada pela omissão.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

PMDB é a Geni da vez!


"Ela dá para qualquer um, maldita Geni!" Essa parece ser a palavra de ordem que mobiliza a mídia nos últimos dias. O PMDB se transformou na Geni, principalmente aqueles peemedebistas que demonstrem propensão a apoiar a candidatura da situação.
Já a turma mais ligada ao Serra (Jarbas Vasconcelos, Rita Camata, Orestes Quércia, para citar apenas três nomes) se tornaram os paladinos da ética, a última reserva moral do maior partido político do Brasil.
Pena que o senador Eduardo Suplicy, em entrevista nesta quinta-feira, na TV Globo, tenha jogado água no moinho dessa tendenciosa interpretação. O senador não se cansa de jogar para a plateia. Marca até gol contra, desde que a torcida adversária o aplauda. Arght!!!

PMDB é a Geni da vez!


"Ela dá para qualquer um, maldita Geni!" Essa parece ser a palavra de ordem que mobiliza a mídia nos últimos dias. O PMDB se transformou na Geni, principalmente aqueles peemedebistas que demonstrem propensão a apoiar a candidatura da situação.
Já a turma mais ligada ao Serra (Jarbas Vasconcelos, Rita Camata, Orestes Quércia, para citar apenas três nomes) se tornaram os paladinos da ética, a última reserva moral do maior partido político do Brasil.
Pena que o senador Eduardo Suplicy, em entrevista nesta quinta-feira, na TV Globo, tenha jogado água no moinho dessa tendenciosa interpretação. O senador não se cansa de jogar para a plateia. Marca até gol contra, desde que a torcida adversária o aplauda. Arght!!!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Fiel torcida

Procurem três vídeos no www.youtube.com:
1. Maior público no Morumbi: 146.082 corintianos (10/1977)
2. Maior nvasão do Maracanã: 70 mil corintianos no Maracanã (1976)
3. Gol do Basílio - 09/10/1977

Procurem, de preferência, com a narração do Osmar Santos, com os títulos acima. E me respondam: há algo igual?

Democracia e ditadura

Passei os olhos em um trecho do livro de Lênin (A Revolução Proletária e o Renegado Kaustky). Escrito em 1918, o livro refuta a tese central de Kaustky segundo o qual a revolução russa abrigava um método ditatorial (bolcheviques) e um método democrático (os mencheviques).

Lênin argumenta que em uma sociedade dividida em classes não existe "democracia pura". No capitalismo, há a democracia burguesa, dos ricos, em contraposição à democracia proletária, dos pobres. Ele aborda a distinção entre igualdade formal e desigualdade real, típicas da democracia burguesa.

Para embaralhar a questão, os ideólogos da burguesia tratam duas coisas distintas como se fossem uma só: a forma de governo com o mesmo conceito do conteúdo de classe do estado. A forma de governo pode ser monarquia ou república, ter mais ou menos democracia, mas o essencial é responder a pergunta: qual classe social exerce o seu domínio sobre o estado?

A expressão "ditadura do proletariado" (que é o contraponto da "ditadura da burguesia"), do ponto de vista teórico e prático não se refere à forma de governo, mas sim de qual classe domina o estado.

A expressão foi conspurcada e os escribas burgueses tentam associar o termo a algo como uma ditadura do partido único (no caso, dos comunistas), omitindo a questão central: no capitalismo a democracia é para a minoria e a luta pelo socialismo pressupõe a mais ampla democracia para a maioria.

Lênin lembra que, mesmo vitoriosa, a revolução se defronta com resistência das classes dominantes apeadas do poder. "Em toda revolução profunda", diz Lênin, "os exploradores opõem resistência prolongada, encarniçada, desesperada, conservando, durante muitos anos, vantagem sobre os explorados". (vide os processos de países como a Venezuela e a Bolívia para se constatar a atualidade dessa opinião).

De onde provém essa vantagem? Lênin apontava, para o período histórico da Revolução Russa, que a burguesia, mesmo derrrotada, ainda contava com: 1) muito dinheiro; 2) bens imóveis; 3) amplas relações; 4) hábitos de organização e de gestão; 5) conhecimento dos "mistérios" da administração; 6) mais instrução; 7) afinidade com o pessoal técnico; 8) experiência superior de arte militar; 9) relações internacionais; 10) capacidade de cooptação de parte dos explorados. Hoje, poderíamos acrescentar: a força poderosa da ditadura midiática monopolizada!

Claro que no capitalismo a melhor forma de governo é aquela que denominamos de república democrática. Um exemplo concreto: o Brasil de hoje, apesar das opiniões estapafúrdias da Folha sobre o tema, é bem melhor do que o período da ditadura militar. Mas o ponto essencial é que a democracia burguesa foi um avanço em relação ao feudalismo e a democracia proletária será um salto de qualidade em relação à democracia burguesa.

Tudo isso não significa que nós vamos repetir o mesmo caminho trilhado pelas revoluções vitoriosas. Também não significa deixar de reconhecer erros e insuficiências nas experiências de construção do socialismo. Nessa matéria não há modelo único, como bem fala o programa do PCdoB. E as formas de luta da revolução obedecerão as particularidades de cada país, não há receitas prontas. A isso denominamos a luta por um socialismo renovado, pedra de toque do balanço feito pelos comunistas do Brasil sobre a derrota das experiências do Leste europeu.

Para acumular forças e fazer prevalecer os interesses superiores dos trabalhadores e da maioria da nação, a sistematização teórica do PCdoB aponta três vetores: 1) a luta político-institucional; 2) a luta social e 3) a luta de idéias.

O pensamento crítico precisa ser criativo, renovador e se desenvolver permanentemente.

Fiel torcida

Procurem três vídeos no www.youtube.com:
1. Maior público no Morumbi: 146.082 corintianos (10/1977)
2. Maior nvasão do Maracanã: 70 mil corintianos no Maracanã (1976)
3. Gol do Basílio - 09/10/1977

Procurem, de preferência, com a narração do Osmar Santos, com os títulos acima. E me respondam: há algo igual?

'Tá bom!


A Vai-Vai ficou em segundo lugar, deu Mocidade Alegre, minha vizinha do Bairro do Limão, a Gaviões foi bem, foi bom.
A propósito, assisti vários ensaios da campeã. Eles merecem!

Democracia e ditadura

Passei os olhos em um trecho do livro de Lênin (A Revolução Proletária e o Renegado Kaustky). Escrito em 1918, o livro refuta a tese central de Kaustky segundo o qual a revolução russa abrigava um método ditatorial (bolcheviques) e um método democrático (os mencheviques).

Lênin argumenta que em uma sociedade dividida em classes não existe "democracia pura". No capitalismo, há a democracia burguesa, dos ricos, em contraposição à democracia proletária, dos pobres. Ele aborda a distinção entre igualdade formal e desigualdade real, típicas da democracia burguesa.

Para embaralhar a questão, os ideólogos da burguesia tratam duas coisas distintas como se fossem uma só: a forma de governo com o mesmo conceito do conteúdo de classe do estado. A forma de governo pode ser monarquia ou república, ter mais ou menos democracia, mas o essencial é responder a pergunta: qual classe social exerce o seu domínio sobre o estado?

A expressão "ditadura do proletariado" (que é o contraponto da "ditadura da burguesia"), do ponto de vista teórico e prático não se refere à forma de governo, mas sim de qual classe domina o estado.

A expressão foi conspurcada e os escribas burgueses tentam associar o termo a algo como uma ditadura do partido único (no caso, dos comunistas), omitindo a questão central: no capitalismo a democracia é para a minoria e a luta pelo socialismo pressupõe a mais ampla democracia para a maioria.

Lênin lembra que, mesmo vitoriosa, a revolução se defronta com resistência das classes dominantes apeadas do poder. "Em toda revolução profunda", diz Lênin, "os exploradores opõem resistência prolongada, encarniçada, desesperada, conservando, durante muitos anos, vantagem sobre os explorados". (vide os processos de países como a Venezuela e a Bolívia para se constatar a atualidade dessa opinião).

De onde provém essa vantagem? Lênin apontava, para o período histórico da Revolução Russa, que a burguesia, mesmo derrrotada, ainda contava com: 1) muito dinheiro; 2) bens imóveis; 3) amplas relações; 4) hábitos de organização e de gestão; 5) conhecimento dos "mistérios" da administração; 6) mais instrução; 7) afinidade com o pessoal técnico; 8) experiência superior de arte militar; 9) relações internacionais; 10) capacidade de cooptação de parte dos explorados. Hoje, poderíamos acrescentar: a força poderosa da ditadura midiática monopolizada!

Claro que no capitalismo a melhor forma de governo é aquela que denominamos de república democrática. Um exemplo concreto: o Brasil de hoje, apesar das opiniões estapafúrdias da Folha sobre o tema, é bem melhor do que o período da ditadura militar. Mas o ponto essencial é que a democracia burguesa foi um avanço em relação ao feudalismo e a democracia proletária será um salto de qualidade em relação à democracia burguesa.

Tudo isso não significa que nós vamos repetir o mesmo caminho trilhado pelas revoluções vitoriosas. Também não significa deixar de reconhecer erros e insuficiências nas experiências de construção do socialismo. Nessa matéria não há modelo único, como bem fala o programa do PCdoB. E as formas de luta da revolução obedecerão as particularidades de cada país, não há receitas prontas. A isso denominamos a luta por um socialismo renovado, pedra de toque do balanço feito pelos comunistas do Brasil sobre a derrota das experiências do Leste europeu.

Para acumular forças e fazer prevalecer os interesses superiores dos trabalhadores e da maioria da nação, a sistematização teórica do PCdoB aponta três vetores: 1) a luta político-institucional; 2) a luta social e 3) a luta de idéias.

O pensamento crítico precisa ser criativo, renovador e se desenvolver permanentemente.

IDH - Índice de Ditadura Humano (FSP)

Médici, Pinochet, Videla, qual desses ditadores vale mais na bolsa de valores da Folha de São Paulo? É grotesca, mentirosa, manipuladora a vergonhosa tentativa de fazer comparações destas figuras execráveis com líderes revolucionários como Fidel Castro. É uma agressão à inteligência, da mesma forma que é uma mistificação grosseira dizer que a construção do socialismo na antiga União Soviética cobrou um custo de 20 milhões de mortes.

Esses agentes servis da exploração capitalista, incapazes de defender abertamente um sistema que produz miséria, fome, guerra, desigualdade em todo o mundo, tentam tergiversar. Podem enganar alguns, mas não serão poupados pelo juízo da história. Quem emprestou viaturas para prender militantes de oposição precisa fazer malabarismo para posar de democrata. De rabo preso com o atraso, o obscurantismo e as franjas mais reacionárias das elites dominantes, esses pescadores de águas turvas se desmascaram aos poucos...

'Tá bom!


A Vai-Vai ficou em segundo lugar, deu Mocidade Alegre, minha vizinha do Bairro do Limão, a Gaviões foi bem, foi bom.
A propósito, assisti vários ensaios da campeã. Eles merecem!

Ditabranda

A "Folha de São Paulo" criou um neologismo - ditabranda - para caracterizar a ditadura militar brasileira de 1964 a 1985. Segundo o jornal, que na época apoiou ativamente o regime, comparada com outras, a ditadura "made in Brazil" foi soft, light, branda, conforme atesta a famosa foto ao lado.

Em "As Moças de Minas - Uma História dos anos 60" (Editora Alfa-Ômega, 1989) Luiz Manfredini aponta que "os governos militares chegariam a 1979 com um saldo macabro: cerca de 50 mil pessoas arrastadas aos cárceres por motivos políticos, 20 mil torturadas, 320 militantes mortos, incluindo os 144 dados como 'desaparecidos', quatro condenações à morte, 130 brasileiros banidos do País e 780 cassações de direitos políticos".

Deste livro, para atestar a brandura da nossa ditabranda, resgato que, para mitigar as dores de uma vizinha de cela supliciada por torturadores - e sem perspectiva diante da masmorra em que se encontravam - Gilse Consenza cometeu este verso, capaz de expressar a situação: "Minha vizinha de cela /Não tenha medo da dor / Mais vale ser um defunto / Que estar vivo e ser traidor."

IDH - Índice de Ditadura Humano (FSP)

Médici, Pinochet, Videla, qual desses ditadores vale mais na bolsa de valores da Folha de São Paulo? É grotesca, mentirosa, manipuladora a vergonhosa tentativa de fazer comparações destas figuras execráveis com líderes revolucionários como Fidel Castro. É uma agressão à inteligência, da mesma forma que é uma mistificação grosseira dizer que a construção do socialismo na antiga União Soviética cobrou um custo de 20 milhões de mortes.

Esses agentes servis da exploração capitalista, incapazes de defender abertamente um sistema que produz miséria, fome, guerra, desigualdade em todo o mundo, tentam tergiversar. Podem enganar alguns, mas não serão poupados pelo juízo da história. Quem emprestou viaturas para prender militantes de oposição precisa fazer malabarismo para posar de democrata. De rabo preso com o atraso, o obscurantismo e as franjas mais reacionárias das elites dominantes, esses pescadores de águas turvas se desmascaram aos poucos...

Ditabranda

A "Folha de São Paulo" criou um neologismo - ditabranda - para caracterizar a ditadura militar brasileira de 1964 a 1985. Segundo o jornal, que na época apoiou ativamente o regime, comparada com outras, a ditadura "made in Brazil" foi soft, light, branda, conforme atesta a famosa foto ao lado.

Em "As Moças de Minas - Uma História dos anos 60" (Editora Alfa-Ômega, 1989) Luiz Manfredini aponta que "os governos militares chegariam a 1979 com um saldo macabro: cerca de 50 mil pessoas arrastadas aos cárceres por motivos políticos, 20 mil torturadas, 320 militantes mortos, incluindo os 144 dados como 'desaparecidos', quatro condenações à morte, 130 brasileiros banidos do País e 780 cassações de direitos políticos".

Deste livro, para atestar a brandura da nossa ditabranda, resgato que, para mitigar as dores de uma vizinha de cela supliciada por torturadores - e sem perspectiva diante da masmorra em que se encontravam - Gilse Consenza cometeu este verso, capaz de expressar a situação: "Minha vizinha de cela /Não tenha medo da dor / Mais vale ser um defunto / Que estar vivo e ser traidor."

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Vai-Vai?

Amanhã, terça-feira, às 16 horas, começa a apuração do Carnaval paulistano. A minha tradição é de pé frio, espero que seja rompida, para a Vai-Vai tascar o bi. Vamos ver!

Vai-Vai?

Amanhã, terça-feira, às 16 horas, começa a apuração do Carnaval paulistano. A minha tradição é de pé frio, espero que seja rompida, para a Vai-Vai tascar o bi. Vamos ver!

Mandela

Hoje, domingo de Carnaval, eu assisti o filme Mandela, em DVD, que traça breve roteiro biográfico de Nelson Mandela e seu relacionamento com o responsável pela prisão onde ele estava. O filme é razoável, embora parta da perspectiva do chefe da polícia incumbido de vigiar Mandela, e não o contrário, como o título do filme sugere.

Considero a história da vida de Mandela uma das maiores epopéias que um homem pode protagonizar. Depois de tantos anos preso, chegar à presidência da República, não é mole, não! É uma figura ímpar, singular, merecedora de todas as homenagens!

Hoje Mandela tem com 90 anos e está no quarto casamento. Nna prisão, o cara ficou, conforme o filme retrata, vinte e um anos sem tocar a esposa, além de não poder assistir o funeral do filho, morto em suspeito acidente de automóvel. Nelson Mandela, depois de tudo, presidiu a África do Sul de 1994 a 1999, liquidando de vez com o apartheid e abrindo caminho para a construção de uma sociedade democrática, entendo-se por democracia a inexistência de leis racistas, liberdade de organização e manifestação do pensamento e outras questões que não chegam a ter a substância de uma democracia verdadeiramente popular.

Em setembro de 2001 conheci a África do Sul. Fiquei uma semana em Durban, cidade litorânea às margens do Oceano Índico, representando a Assembleia Legislativa paulista em um Congresso Mundial contra o Racismo, promovido pela ONU, e participando também de eventos paralelos.

Claro que em encontros dessa natureza não é possível compreender as entranhas que movem o país. No entanto, uma observação forte marcou minha presença lá. Fiquei hospedado a 50 quilômetros do Centro de Convenções onde se realizava o Congresso.

Diariamente eu percorria em uma "Van" o trecho e observava uma série de condomínios fechados, com muralhas e arames farpados a isolá-los do resto da cidade. Nesses condomínios dava para ver mansões, campos de golfe, piscinas ... todo o exagerado conforto de uma minoria rica - e branca - contrastando com a vida difícil da maioria negra e pobre (a diferença é que, com o fim do apartheid, emergiu uma classe média negra, uma minúscula parte alçou até o topo da pirâmide, como, por exempolo, o presidente da South Africa Airlines. Mas o povão negro continua na lona, amargando desemprego e outras chagas do modo capitalista de produção.

A África do Sul, refletindo a herança maldita do apartheid, tem uma alta taxa de HIV soropositivo e a violência urbana - homicícidos, assaltos, estupros - é das maiores do mundo, mesmo sendo o país mais rico da África. A recomendação era expressa para todos os estrangeiros: proibido andar pelas ruas à noite, só de táxi.

A próxima Copa do Mundo será sediada pelo país de Nelson Mandela e será uma oportunidade importante para se conhecer mais e melhor a história desse país de mais de 47 milhões de habitantes, 80% dos quais negros, onze línguas oficiais e uma diversidade sem paralelo na África (lá moram também, além da maioria negra, população de origem europeia e uma importante comunidade indiana).

PS.: Os portugueses também estiveram por lá. Qual não foi a minha surpresa quando, passeando pelas ruas do centro de Durban, vi uma pequena estátua com o busto de Fernando Pessoa, um dos dois maiores poetas portugueses de todos os tempos (o outro, óbvio, era o Camões) com o verso, escrito em inglês:"Oh! mar, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal".

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Mandela

Hoje, domingo de Carnaval, eu assisti o filme Mandela, em DVD, que traça breve roteiro biográfico de Nelson Mandela e seu relacionamento com o responsável pela prisão onde ele estava. O filme é razoável, embora parta da perspectiva do chefe da polícia incumbido de vigiar Mandela, e não o contrário, como o título do filme sugere.

Considero a história da vida de Mandela uma das maiores epopéias que um homem pode protagonizar. Depois de tantos anos preso, chegar à presidência da República, não é mole, não! É uma figura ímpar, singular, merecedora de todas as homenagens!

Hoje Mandela tem com 90 anos e está no quarto casamento. Nna prisão, o cara ficou, conforme o filme retrata, vinte e um anos sem tocar a esposa, além de não poder assistir o funeral do filho, morto em suspeito acidente de automóvel. Nelson Mandela, depois de tudo, presidiu a África do Sul de 1994 a 1999, liquidando de vez com o apartheid e abrindo caminho para a construção de uma sociedade democrática, entendo-se por democracia a inexistência de leis racistas, liberdade de organização e manifestação do pensamento e outras questões que não chegam a ter a substância de uma democracia verdadeiramente popular.

Em setembro de 2001 conheci a África do Sul. Fiquei uma semana em Durban, cidade litorânea às margens do Oceano Índico, representando a Assembleia Legislativa paulista em um Congresso Mundial contra o Racismo, promovido pela ONU, e participando também de eventos paralelos.

Claro que em encontros dessa natureza não é possível compreender as entranhas que movem o país. No entanto, uma observação forte marcou minha presença lá. Fiquei hospedado a 50 quilômetros do Centro de Convenções onde se realizava o Congresso.

Diariamente eu percorria em uma "Van" o trecho e observava uma série de condomínios fechados, com muralhas e arames farpados a isolá-los do resto da cidade. Nesses condomínios dava para ver mansões, campos de golfe, piscinas ... todo o exagerado conforto de uma minoria rica - e branca - contrastando com a vida difícil da maioria negra e pobre (a diferença é que, com o fim do apartheid, emergiu uma classe média negra, uma minúscula parte alçou até o topo da pirâmide, como, por exempolo, o presidente da South Africa Airlines. Mas o povão negro continua na lona, amargando desemprego e outras chagas do modo capitalista de produção.

A África do Sul, refletindo a herança maldita do apartheid, tem uma alta taxa de HIV soropositivo e a violência urbana - homicícidos, assaltos, estupros - é das maiores do mundo, mesmo sendo o país mais rico da África. A recomendação era expressa para todos os estrangeiros: proibido andar pelas ruas à noite, só de táxi.

A próxima Copa do Mundo será sediada pelo país de Nelson Mandela e será uma oportunidade importante para se conhecer mais e melhor a história desse país de mais de 47 milhões de habitantes, 80% dos quais negros, onze línguas oficiais e uma diversidade sem paralelo na África (lá moram também, além da maioria negra, população de origem europeia e uma importante comunidade indiana).

PS.: Os portugueses também estiveram por lá. Qual não foi a minha surpresa quando, passeando pelas ruas do centro de Durban, vi uma pequena estátua com o busto de Fernando Pessoa, um dos dois maiores poetas portugueses de todos os tempos (o outro, óbvio, era o Camões) com o verso, escrito em inglês:"Oh! mar, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal".