sábado, 8 de agosto de 2009

E o golpe em Honduras?


Em 28 de junho, golpistas de direita derrubaram o presidente Manuel Zelaya (foto) de Honduras. Desde esta data, Roberto Micheletti assume o comando do país, quebrando a ordem constitucional e abrindo um perigoso precedente em nosso Continente.


O repúdio ao golpe foi unânime. O golpista hondurenho ficou isolado. Mas há uma pergunta que não quer calar: se todos estão contra, quem sustenta Micheletti?
Desonfio que os EUA deram um chapéu no Zelaya.

Antitabagismo


Eu fumei vinte anos e há dezenove deixei de fumar. Sábia decisão! Melhorou minha capacidade respiratória e gustativa, perdi o pigarro e a tosse permanentes, e, de quebra, ganhei algumas dezenas de quilos. Hoje eu peso 84 quilos, e quando parei de fumar, em 1990, pesava 54. Era um magricelo para anoréxico (essa palavra existe?) nenhum botar defeito.


Digo tudo isso para, com a "autoridade" de ex-fumante, dizer que o governador Serra, com poderoso apoio midiático, faz uma gigantesca demagogia com a proibição de se fumar em locais fechados.


A cobertura da aplicação da lei pela imprensa, os cartazes com um sinal de proibição sobre um cigarro dentro do mapa do estado é uma grande propaganda subliminar do governo. A direita descobriu um novo filão para se promover.


Brasileirão


Desmanche e contusões no meio do Brasileirão desfiguraram o Corinthians. O time perdeu o padrão de jogo, a defesa bate cabeça, o meio de campo marca pouco e cria menos ainda, não há referências no ataque. Daí à queda foi um passo.

O Mano Menezes terá que remontar a equipe, com poucas contratações e uma certa dose de improvisações. Resumo da ópera: ele pode até dar uma melhorada no time, mas a tríplice coroa se esvai pelas mãos, seguindo um roteiro que sempre se repete: conquistar títulos e valorizar os jogadores para fazer caixa, já que os clubes de futebol no Brasil vivem quebrados.

Bem que a retomada poderia começar domingo, no Maracanã, contra o Mengão, igualmente enrolado em uma campanha irregular. Vamos ver...

Uma bomba atrás da outra

A bola da vez é a candidatura da Marina Silva à presidência da República pelo Partido Verde. Com o definhamento do discurso de Heloísa Helena, a tropa de choque dos tucanos procura uma terceira via para embaralhar o jogo e criar dificuldades para a terceira vitória do ciclo iniciado em 2002 com a vitória de Lula.

Eu nunca nutri simpatias pela postura política da senadora acreana. Agora, então...

E o golpe em Honduras?


Em 28 de junho, golpistas de direita derrubaram o presidente Manuel Zelaya (foto) de Honduras. Desde esta data, Roberto Micheletti assume o comando do país, quebrando a ordem constitucional e abrindo um perigoso precedente em nosso Continente.


O repúdio ao golpe foi unânime. O golpista hondurenho ficou isolado. Mas há uma pergunta que não quer calar: se todos estão contra, quem sustenta Micheletti?
Desonfio que os EUA deram um chapéu no Zelaya.

Antitabagismo


Eu fumei vinte anos e há dezenove deixei de fumar. Sábia decisão! Melhorou minha capacidade respiratória e gustativa, perdi o pigarro e a tosse permanentes, e, de quebra, ganhei algumas dezenas de quilos. Hoje eu peso 84 quilos, e quando parei de fumar, em 1990, pesava 54. Era um magricelo para anoréxico (essa palavra existe?) nenhum botar defeito.


Digo tudo isso para, com a "autoridade" de ex-fumante, dizer que o governador Serra, com poderoso apoio midiático, faz uma gigantesca demagogia com a proibição de se fumar em locais fechados.


A cobertura da aplicação da lei pela imprensa, os cartazes com um sinal de proibição sobre um cigarro dentro do mapa do estado é uma grande propaganda subliminar do governo. A direita descobriu um novo filão para se promover.


Brasileirão


Desmanche e contusões no meio do Brasileirão desfiguraram o Corinthians. O time perdeu o padrão de jogo, a defesa bate cabeça, o meio de campo marca pouco e cria menos ainda, não há referências no ataque. Daí à queda foi um passo.

O Mano Menezes terá que remontar a equipe, com poucas contratações e uma certa dose de improvisações. Resumo da ópera: ele pode até dar uma melhorada no time, mas a tríplice coroa se esvai pelas mãos, seguindo um roteiro que sempre se repete: conquistar títulos e valorizar os jogadores para fazer caixa, já que os clubes de futebol no Brasil vivem quebrados.

Bem que a retomada poderia começar domingo, no Maracanã, contra o Mengão, igualmente enrolado em uma campanha irregular. Vamos ver...

Uma bomba atrás da outra

A bola da vez é a candidatura da Marina Silva à presidência da República pelo Partido Verde. Com o definhamento do discurso de Heloísa Helena, a tropa de choque dos tucanos procura uma terceira via para embaralhar o jogo e criar dificuldades para a terceira vitória do ciclo iniciado em 2002 com a vitória de Lula.

Eu nunca nutri simpatias pela postura política da senadora acreana. Agora, então...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

André Cintra

Há exatos 29 anos, no dia 7 de agosto de 1980, no Hospital São Camilo, na Av. Pompeia, zona oeste de São Paulo, nascia o André, meu filho. O que ele tem de bom (escrever bem, ser comunista e corintiano - apesar de ter nascido perto do campo do Palmeiras - , etc.) herdou do pai. Suas insuficiências certamente não são produtos da herança genética. Seja como for, parabéns!!!

André Cintra

Há exatos 29 anos, no dia 7 de agosto de 1980, no Hospital São Camilo, na Av. Pompeia, zona oeste de São Paulo, nascia o André, meu filho. O que ele tem de bom (escrever bem, ser comunista e corintiano - apesar de ter nascido perto do campo do Palmeiras - , etc.) herdou do pai. Suas insuficiências certamente não são produtos da herança genética. Seja como for, parabéns!!!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Motos no Vietnã

Ao chegar ao Vietnã, creio que a primeira e grande surpresa que todos tem é a visão urbana predominante: a quantidade de motocicletas! De volta ao Brasil, fiz algumas pesquisas e descobri que aquele país tem mais de 22 milhões de motos, geralmente de baixa cilindadrada. O preço médio é de US$ 400 e a produção é de dois milhões de motos por ano.
O Vietnã tem uma área correspondente à metade do estado de Minas Gerais. Todo mundo de moto. Antes, segundo eu li, crianças não usavam capacete (eu mesmo vi casais com capacete transportando crianças sem) e esta era a maior causa mortis infantil.
O curioso é que o aparente caos tem uma lógica. A velocidade geralmente é pequena e as pessoas atravessam a rua devagar, se infiltrando no meio das motos, que vão desviando.

Motos no Vietnã

Ao chegar ao Vietnã, creio que a primeira e grande surpresa que todos tem é a visão urbana predominante: a quantidade de motocicletas! De volta ao Brasil, fiz algumas pesquisas e descobri que aquele país tem mais de 22 milhões de motos, geralmente de baixa cilindadrada. O preço médio é de US$ 400 e a produção é de dois milhões de motos por ano.
O Vietnã tem uma área correspondente à metade do estado de Minas Gerais. Todo mundo de moto. Antes, segundo eu li, crianças não usavam capacete (eu mesmo vi casais com capacete transportando crianças sem) e esta era a maior causa mortis infantil.
O curioso é que o aparente caos tem uma lógica. A velocidade geralmente é pequena e as pessoas atravessam a rua devagar, se infiltrando no meio das motos, que vão desviando.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Mais Vietnã

À esquerda, o outro representante brasileiro, da CGT, Oswaldo Lourenço, que do alto dos seus 84 anos mostrou uma vitalidade impressionante.

Mais abaixo, um jantar em homenagem aos 80 anos da Central. Uma beleza!!!



Do meu lado, o Raimundo, da Central dos Trabalhadores de Cuba, e o Binh, do PC do Vietnã.





A o Mavrikos, da FSM, com altos dirigentes do PC do Vietnã, na reunião com os partipantes do Seminário, na sede do PC.


Muitas motos, poucos carros, assim é em Hanói, ao lado, e em toda a área urbana do Vietnã.

Cenas do Vietnã

À esquerda, plantação de arroz no caminho de Hanói à Balong


Sede do PC do Vietnã (abaixo)

Hanói e suas motos e foto da reunião no PCV





À esquerda, parte da delegação navegando pela Baía Halong. Abaixo, presidente da FSM, George Mavrikos.












Pedras se "beijam" na Baía Halong e foto da monumental sede do PCV.












Nossos simpaticíssimos anfitriões e visão externa do Mausoléu Ho Chi Minh.


















Dança da sessão solene em homenagem aos 80 anos da central vietnamita.


























Trânsito em Hanói

Acessem o www.youtube.com e pesquisem "trânsito em Hanói". As imagens falam mais do que as palavras. É incrível como convivem no mesmo espaço físico milhões de motocicletas, bicicletas, carros, pedestres. Mas, e sempre há um mas, repito o que já disse: os acidentes de trânsito mereceram destaque e preocupação até nos documentos do último congresso do Partido Comunista do Vietnã.

Mais Vietnã

À esquerda, o outro representante brasileiro, da CGT, Oswaldo Lourenço, que do alto dos seus 84 anos mostrou uma vitalidade impressionante.

Mais abaixo, um jantar em homenagem aos 80 anos da Central. Uma beleza!!!



Do meu lado, o Raimundo, da Central dos Trabalhadores de Cuba, e o Binh, do PC do Vietnã.





A o Mavrikos, da FSM, com altos dirigentes do PC do Vietnã, na reunião com os partipantes do Seminário, na sede do PC.


Muitas motos, poucos carros, assim é em Hanói, ao lado, e em toda a área urbana do Vietnã.

Cenas do Vietnã

À esquerda, plantação de arroz no caminho de Hanói à Balong


Sede do PC do Vietnã (abaixo)

Hanói e suas motos e foto da reunião no PCV





À esquerda, parte da delegação navegando pela Baía Halong. Abaixo, presidente da FSM, George Mavrikos.












Pedras se "beijam" na Baía Halong e foto da monumental sede do PCV.












Nossos simpaticíssimos anfitriões e visão externa do Mausoléu Ho Chi Minh.


















Dança da sessão solene em homenagem aos 80 anos da central vietnamita.


























Trânsito em Hanói

Acessem o www.youtube.com e pesquisem "trânsito em Hanói". As imagens falam mais do que as palavras. É incrível como convivem no mesmo espaço físico milhões de motocicletas, bicicletas, carros, pedestres. Mas, e sempre há um mas, repito o que já disse: os acidentes de trânsito mereceram destaque e preocupação até nos documentos do último congresso do Partido Comunista do Vietnã.

domingo, 2 de agosto de 2009

Ho Chi Minh

Ho Chi Minh nasceu em 19 de maio de 1890 e morreu em 2 de setembro de 1969. Ajudou a fundar o Partido Comunista Francês e estudou na União Soviética e na China. É o principal líder do Vietnã. Em Hanói há um museu que mostra sua trajetória política e pessoal e um mausoléu onde se encontra o seu corpo embalsamado.

Uma passagem de sua genialidade tática e estratégica. Para libertar o Vietnâ do jugo colonial francês, na década de 40, ele esperou o momento oportuno para dar o bote fatal. Dissuadiu seus camaradas de precipitar a insurreição, advogando a tese de que a insurreição geral precisaria contar com todas as condições maduras.

Durante a guerra mundial, o Partido Comunista do Vietnã previu um ajuste de contas entre os colonialistas franceses e os fascistas japoneses. Em 9 de março de 1945, de fato, os japoneses dão um golpe nos franceses e dominam a Indochina.

O Partido viu nesse episódio a criação de uma aguda crise política que adiantaria as condições para a insurreição geral. Com a invasão, o Japão passou a ser o inimigo principal. A Revolução de Agosto (1945) foi uma insurreição geral de quinze dias, expulsando japoneses. Depois, durante
quase dez anos, houve a luta contra os franceses, finalmente vencida em 1954.

Ao lado do General Vo Nguyen Giap, general, fundador e comandante do Exército do Povo do Vietnã, Ho passou por duras provas, a maior das quais a vitoriosa guerra contra o imperialismo americano. Visitei o museu e o mausoléu. Impossível não se emocionar com a vida desses heróis do Vietnã. E, pelo exemplo, de todo o mundo.

Luta de idéias

Durante toda a minha estada no Vietnã, salvo discursos nos diferentes eventos, não houve proselitismo político para exaltar o país, o partido, a política ou a economia. Tudo era agendado com rigor militar nos horários, seja para as atividades políticas, culturais, sociais e até de turismo.
Nos hotéis, as TVs passam todos os canais de televisão dos países capitalistas centrais: CNN, BBC, ESPN, etc. A internet conecta o país ao mundo e o celular funciona bem, o que quer dizer que qualquer um pode ler o que quiser,falar com quem quiser, ter blog etc. e tal.
Como já disse, até o Brasileirão passa ao vivo por lá. A língua de lá é totalmente ininteligível para nós, mas há revistas e jornais escritos em inglês, língua, lembre-se, falada por muita gente, principalmente nas áreas de serviços (hoteis, comércio, aeroporto).
A obssessão do país é pelo crescimento. Vi muitas prédios e instalações industriais em construção, viadutos, estradas. Eles pisam no acelerador da economia e fazem de tudo para atrair capital privado estrangeiro, mão-de-obra qualificada e empresários também estrangeiros. Consideram meritório o enriquecimento individual lícito e exaltam empresários com capacidade gerencial e admnistrativa moderna.
A visão geral é de um país ainda pobre, mas não se percebe, pelo menos onde meus olhos alcançaram, a miséria absoluta.

Honra ao povo do Vietnã

Não conheço quem não tenha profunda admiração e respeito pela saga heróica do povo vietnamita. Só nas últimas sete décadas eles derrotaram nada menos do que o colonialismo francês, o invasor japonês e o imperialismo americano, além de rechaçarem uma invasão de 17 dias dos chineses em 1979, episódio que eu não sei as causas de sua deflagração.

Mesmo tendo o país sido arrasado na guerra contra os EUA, encerrada há 46 anos, hoje já nem se vê vestígios da guerra. O Vietnã pulsa e cresce, empreendendo novas jornadas de luta, agora pelo desenvolvimento e progresso social.

Economia de mercado com orientação socialista é o conceito que guia a construção do socialismo naquele país. Um país pequeno e superpovoado não pode abrir mão do crescimento econômico sustentado e duradouro. Para enfrentar esse desafio, o Vietnã adota uma fórmula semelhante a dos chineses: direção política do Partido Comunista, controle estatal dos setores estratégicos e ampla abertura para o mercado em boa parte dos ramos da economia, inclusive para o capital privado internacional.

Isso tem permitido a esse país de clima quente e chuvoso taxas de crescimento econômico acima da média mundial (PIB médio de 2000 a 2005 foi de 7,1%). A economia do país tem 20,9% da produção na agricultura, 41% na indústria e construção e 38,1% nos serviços.

A resolução do X Congresso do Partido Comunista do Vietnã, de abril de 2006, fala que "para avançar até o socialismo, devemos desenvolver uma economia de mercado de orientação socialista; impulsionar a industrialização e a modernização; construir uma cultura avançada imbuída de identidade nacional como base espiritual da sociedade; fortalecer a democracia socialista, implementar a grande unidade nacional; criar um Estado socialista do povo, pelo povo e para o povo; construir um partido são e forte, assegurar a defesa e a segurança nacional e integrar-se ativamente à economia internacional".

O mesmo documento reconhece que "a teoria não tem respondido a certas questões das realidades de renovação e construção do socialismo em nosso país, em particular no ajuste das relações entre as taxas de crescimento e a qualidade do desenvolvimento, entre crescimento econômico e a implementação da justiça social, entre a renovação econômica e a renovação política, entre a renovação, estabilidade e o desenvolvimento; e entre independência, soberania e a integração ativa à economia internacional".

A base teórica do partido é o marxismo-leninismo e o pensamento Ho Chi Minh. O Congresso prognosticou um mundo com tendência maior pela paz, a cooperação e o desenvolvimento, mas vê também "incertezas imprevisíveis".

Onde há economia de mercado há acumulação e distribuição desiguais, prospera o enriquecimento individual e surgem práticas de corrupção, consumismo e carreirismo. Tudo isso é reconhecido pelo PCV e se estuda meios eficazes para acabar ou mitigar esses fatores negativos dentro do partido e na sociedade como um todo.

É um risco calculado. A abertura para o capital é necessária para crescer e para enfrentar as enormes exigências de um país com 84 milhões de habitantes. O crescimento desigual das pessoas e das regiões requererá a permanente ação estatal para recuperar o equilíbrio econômico e a harmonia social.

A derrocada dos países do chamado socialismo real do Leste Europeu colocou para os países socialistas e para os partidos comunistas de todo o mundo a necessidade de desenvolver criativamente a teoria e a prática, repensar modelos, atualizar conceitos.

Tudo isso levando em consideração a realidade mundial e de cada país em particular, a correlação de forças e a necessidade de avançar com os pés no chão e também empreender recuos necessários no terreno econômico. É a dialética da vida.

Ler é preciso

Eu comprei quatro livros sobre o Vietnã, dois no Mausoléu Ho Chi Minh e dois em uma livraria do aeroporto de Hanói. Lá mesmo, na insõnia noturna provocada pela diferença de fusos, eu li dois deles.
Os títulos da minha nova biblioteca são: 1) "Ho Chi Minh, Vida e Obra", editado pela Comissão de História do Partido Comunista do Vietnã; "Vietnã, uma Longa História, de Nguyen Khac Vien, líder do movimento patriótico de residentes vietnamistas na França (o nome do autor tem quatro acentos, dois deles na mesma letra, e uma espécie de cedilha no último "e", indisponíveis em nossos teclados de computador); "Documentos do X Congresso Nacional do Partido Comunista do Vietnã", realizado de 18 a 25 de abril de 2006, e "A Batalha de Dien Bien Phu*no Céu" que fala da maior e mais importante vitória dos vietnamitas, onde foram derrubados 34 aviões B52 (estratégicos) e 47 aviões táticos. Essa derrota, em dezembro de 1972, obrigou os EUA a assinar o Acordo de Paz em Paris (janeiro de 1973).
Cada B52, fortalezas voadoras nunca antes abatidas, tinha seis pilotos altamente especializados. Uma foto emblemática, que correu o mundo, mostra um piloto grandalhão dos EUA, cabisbaixo e de mãos erguidas, rendido por uma pequenina vietnamita, fuzil na mão e com um semblante de vitóriadiante do inimigo.
A derrubada de parte desses aviões B52 abalou o moral dos EUA. O livro fala dos 12 dias e noites do bombardeio sobre Hanoi e Haiphong , onde foram descarregadas 10 mil toneladas de bomba, o equivalente a uma bomba atômica sobre o Vietnã, e provoucou a destruição de 5.480 casas, 100 fábricas, hospitais, escolas e estação ferroviária, a morte de 2.368 civis e ferimentos em outros 1.355.
O imenso custo humano e material teve como contrapartida uma vitória que, sem dúvida, é uma das páginas mais heróicas da luta de resistência nacional da história contemporãnea.

* A Batalha de Dien Bien Phu foi realizada de 13 de março a 7 de maio de 1954. Dirigida pelo general Giap, os vietnamistas infligiram uma vigorosa derrota aos colonialistas franceses, que amargaram 7 mil mortos e 11 mil prisioneiros.O título do livro que trata da Batalha do Dien Bien Phu no céu é uma analogia histórica. Compara a façanha contra os americanos com a vitória contra os franceses, ambas vitoriosas. França e EUA, em 1954 e 1973, respectivamente, comeram o pó da derrota.

Dong

A moeda vietnamita chama-se "dong" e, pasmem!, um dólar equivale a 18.000,00 dongs. Um dia eu estava andando com dois milhões de dongs na carteira, o equivalente a pouco mais de cem dólares, duzentos reais em nossa moeda.
Para se comprar na moeda local, precisa-se andar com uma máquina de calcular na mão para aferir os custos-benefícios da aquisição.
Todas as cédulas de dong tem a foto do grande líder vietnamita Ho Chi Minh.

Transporte e o "vietnamese way of life"

Com exceção dos pobres (que andam a pé ou de bicicleta) ou dos abastados (que tem carro) a imensa maioria dos vietanamitas, pelo menos nos centros urbanos, anda de motocicleta. Lembrem que o país é muito pequeno, talvez vinte e cinco vezes menor do que o Brasil, e tem população de 84 milhões de habitantes. A maioria dos adultos tem moto, logo estamos diante de um formigueiro motorizado.
O trânsito é um caos completo, bem pior do que no Brasil, com a diferença de que quem buzina para pedir passagem são os autmóveis, ilhados por uma multidão de motos. Um cara de lá me disse que a maior causa mortis do país são os acidentes de trânsito!
Vi dezenas de vezes motos com pai e mãe na garupa, de capacetes, e crianças de 2,, 3 ou 4 anos de idade, sem capacete,espremido entre os dois. Vê-se também gente carregando móveis, fogão, compras nas motos e não raro o cara dirigindo moto e falando no celular.
Embora a velocidade média nas cidades, pelo congestionaento, seja pequena, o pessoal faz manobras arriscadas, anda na contramão, disputa palmo a palmo o exíguo território para se locomover.
Precisa ver para crer. No mais, vi poucos ônibus, não vi metrô nem trem urbano. Vi uma ferrovia na estrada de Hanói até Halong, mas nas quatro horas do percursso não vi um trem passando.
Lá como cá, quase todo mundo anda de celular na mão. Vi lan-houses lotadas de jovens.
Há uma paisagem urbana desigual. Lugares muito bonitos e outros bagunçados. Lá tem shoppings como os do daqui, lojas de grife, parafernália de eletroeletrõnicos, etc. Mas há um gigantesco, perdoe o exagero, mercado informal. Camelôs que falam o inglês básico para vender suas bugigangas, gente amontoada nas calçadas para fazer de tudo,desde motoqueiros se propondo a se tornaram "mototaxistas", táxi de bicicleta (uma bicicleta com um espaço para duas pessoas em uma cadeira adaptada) e por aí vai.
A calçada tem mil e uma utilidades. Há pequenas mesas e cadeiras bem baixinhas onde as pessoas comem e bebem nos botecos e lanchonetes informal e precariamente instalados, barbeiros e manicures atendem a clientela nas calçadas, e uma cena interessante: é comum ver as pessoas de cócoras, apoiando a bunda no calcanhar, enquanto esperam ônibus ou apenas jogam conversa fora com os amigos.
Com milhões de motos nas ruas, o principal estacionamento, como não poderia de ser, são as calçadas. Há poucos semáfotos e bem menos guardas de trãnsito, que olham meio aturditos o enxame de motos.
E a galera curte numa boa essa situação, não há o stress acentuado como aqui, pelo menos nas aparências, e eu sei que as aparências enganam.

Hotel e culinária

No Vietnã fomos tratados com todas as honras. Em Hanói ficamos hospedados em um hotel da central sindical de lá, padrão três estrelas. Em Halong, 160 km distante, em um hotel privado padrão quatro estrelas.
A culinária foi excelente. Café da manhã com suco , principalmente de laranja, frutas, geralmente melancia, laranja, abacaxi e uma que eu não sei o nome, bolos, pães, café com leite, queijo, etc. Isso era o que eu consumia. Mas tinha umarefeição paralela, parecida com o tal "breakfast" que mais parece um almoço.
O almoço propriamente dito e o jantar, geralmente seguia o seguinte ritual:
1. Uma sopa com frutos do mar, parecida com a nossa canja, servidaem uma pequena cumbuca clara e uma colher específica para tal;
2. salada com hortaliças, cenoura, beterraba, pepino e outras coisas que eu não lembro o nome;
3. arroz, geralmente branco, sempre;
4. Camarão dos bons, caranguejo, algum pescado,tudo uma delícia;
5. carne bovina (bife) e suína quase sempre, frango sempre;
6. no final, um chá para coroar o ritual. Ao longo da refeição se serve água, suco, cerveja, vodka ou vinho, tudo de acordo com as opções de cada um. Detalhe: cerveja ("bia", na língua deles) é servida ao natural, ou seja, "quente". Para nosostros, havia que se cometer a heresia menor, que era tomar a bia com gelo no copo.

Rumo ao Vietnã

O maior problema é chegar ao Vietnã. Eusaí numa terça-feira e cheguei quinta. Por que? O fuso horário de lá está dez horas na frente do Brasil, as conexões nos aeroportos demoram um certo tempo (somando, quase dez horas) e a maratona aérea que eu fiz não foi brincadeira: dez horas de São Paulo até Atlanta (EUA), mais 14 horas até uma cidade próxima de Seul (Coreia do Sul) e mais 4 horas até Hanói.
Além do cansaço, para um pobre diabo fazer esse percusso ida e volta precisa desembolsar mais ou menos US$ 3,2 mil.

Ho Chi Minh

Ho Chi Minh nasceu em 19 de maio de 1890 e morreu em 2 de setembro de 1969. Ajudou a fundar o Partido Comunista Francês e estudou na União Soviética e na China. É o principal líder do Vietnã. Em Hanói há um museu que mostra sua trajetória política e pessoal e um mausoléu onde se encontra o seu corpo embalsamado.

Uma passagem de sua genialidade tática e estratégica. Para libertar o Vietnâ do jugo colonial francês, na década de 40, ele esperou o momento oportuno para dar o bote fatal. Dissuadiu seus camaradas de precipitar a insurreição, advogando a tese de que a insurreição geral precisaria contar com todas as condições maduras.

Durante a guerra mundial, o Partido Comunista do Vietnã previu um ajuste de contas entre os colonialistas franceses e os fascistas japoneses. Em 9 de março de 1945, de fato, os japoneses dão um golpe nos franceses e dominam a Indochina.

O Partido viu nesse episódio a criação de uma aguda crise política que adiantaria as condições para a insurreição geral. Com a invasão, o Japão passou a ser o inimigo principal. A Revolução de Agosto (1945) foi uma insurreição geral de quinze dias, expulsando japoneses. Depois, durante
quase dez anos, houve a luta contra os franceses, finalmente vencida em 1954.

Ao lado do General Vo Nguyen Giap, general, fundador e comandante do Exército do Povo do Vietnã, Ho passou por duras provas, a maior das quais a vitoriosa guerra contra o imperialismo americano. Visitei o museu e o mausoléu. Impossível não se emocionar com a vida desses heróis do Vietnã. E, pelo exemplo, de todo o mundo.

Vietnã II

A República Socialista do Vietnã tem 84,2 milhões (2005), cerca de 253 habitantes por Km2. A capital Hanói tem 4 milhões de habitantes, mas a mais populosa cidade é Ho Chi Minh, ex-Saigon, com 6 milhões.
Há cerca de 22 anos o país adota o que eles denominam de "Doi Moi" (Renovação). Resultados: de 2001 a 2005, PIB cresceu em média 7,1% e sua composição em 2005 foi de 20,95 na agricultura, 41% na indústria e construção e 38,1% no setor de serviçois.
A liderança do Vietnã considera o país subdesenvolvido e se propõe, até 2020, a construir um país industrializado moderno, ancorado na consigna de ter "um povo próspero, um país poderoso e uma sociedade justa e civilizada".
Ao contrário do que se pensa, o Vietnã avança na industrialização (o país tem carvão e petróleo), é grande produtor e o maior exportador de arroz do mundo, segundo colocado em produção de café e bom produtor de chá, banana e pescado. O país possuí uma grande reserva hídrica também.
O Vietnã é visitado anualmente por cinco milhões de turistas, principalmente chineses e estadunidenses, e o maior destino turístico de lá é a Baía Halong, uma das sete maravilhas do mundo. O local conta com moderna infraestrutura turística (hotéis de ponta, restaurantes, bares, até cassino!). O tchan é passear de barco pela baía, com direito a cenário paradisíaco e visita a uma imensa caverna. Há uma imensa feira de artesanato. Eles fazem muita escultura de cerâmica e madeira, e outras quinquilharias universalmente conhecidas nas feiras de artesanato existentes em todos os quadrantes do planeta.
A orla da baía permite a prática da natação e se assemelha às praias brasileiras em muitos aspectos.

Luta de idéias

Durante toda a minha estada no Vietnã, salvo discursos nos diferentes eventos, não houve proselitismo político para exaltar o país, o partido, a política ou a economia. Tudo era agendado com rigor militar nos horários, seja para as atividades políticas, culturais, sociais e até de turismo.
Nos hotéis, as TVs passam todos os canais de televisão dos países capitalistas centrais: CNN, BBC, ESPN, etc. A internet conecta o país ao mundo e o celular funciona bem, o que quer dizer que qualquer um pode ler o que quiser,falar com quem quiser, ter blog etc. e tal.
Como já disse, até o Brasileirão passa ao vivo por lá. A língua de lá é totalmente ininteligível para nós, mas há revistas e jornais escritos em inglês, língua, lembre-se, falada por muita gente, principalmente nas áreas de serviços (hoteis, comércio, aeroporto).
A obssessão do país é pelo crescimento. Vi muitas prédios e instalações industriais em construção, viadutos, estradas. Eles pisam no acelerador da economia e fazem de tudo para atrair capital privado estrangeiro, mão-de-obra qualificada e empresários também estrangeiros. Consideram meritório o enriquecimento individual lícito e exaltam empresários com capacidade gerencial e admnistrativa moderna.
A visão geral é de um país ainda pobre, mas não se percebe, pelo menos onde meus olhos alcançaram, a miséria absoluta.

Honra ao povo do Vietnã

Não conheço quem não tenha profunda admiração e respeito pela saga heróica do povo vietnamita. Só nas últimas sete décadas eles derrotaram nada menos do que o colonialismo francês, o invasor japonês e o imperialismo americano, além de rechaçarem uma invasão de 17 dias dos chineses em 1979, episódio que eu não sei as causas de sua deflagração.

Mesmo tendo o país sido arrasado na guerra contra os EUA, encerrada há 46 anos, hoje já nem se vê vestígios da guerra. O Vietnã pulsa e cresce, empreendendo novas jornadas de luta, agora pelo desenvolvimento e progresso social.

Economia de mercado com orientação socialista é o conceito que guia a construção do socialismo naquele país. Um país pequeno e superpovoado não pode abrir mão do crescimento econômico sustentado e duradouro. Para enfrentar esse desafio, o Vietnã adota uma fórmula semelhante a dos chineses: direção política do Partido Comunista, controle estatal dos setores estratégicos e ampla abertura para o mercado em boa parte dos ramos da economia, inclusive para o capital privado internacional.

Isso tem permitido a esse país de clima quente e chuvoso taxas de crescimento econômico acima da média mundial (PIB médio de 2000 a 2005 foi de 7,1%). A economia do país tem 20,9% da produção na agricultura, 41% na indústria e construção e 38,1% nos serviços.

A resolução do X Congresso do Partido Comunista do Vietnã, de abril de 2006, fala que "para avançar até o socialismo, devemos desenvolver uma economia de mercado de orientação socialista; impulsionar a industrialização e a modernização; construir uma cultura avançada imbuída de identidade nacional como base espiritual da sociedade; fortalecer a democracia socialista, implementar a grande unidade nacional; criar um Estado socialista do povo, pelo povo e para o povo; construir um partido são e forte, assegurar a defesa e a segurança nacional e integrar-se ativamente à economia internacional".

O mesmo documento reconhece que "a teoria não tem respondido a certas questões das realidades de renovação e construção do socialismo em nosso país, em particular no ajuste das relações entre as taxas de crescimento e a qualidade do desenvolvimento, entre crescimento econômico e a implementação da justiça social, entre a renovação econômica e a renovação política, entre a renovação, estabilidade e o desenvolvimento; e entre independência, soberania e a integração ativa à economia internacional".

A base teórica do partido é o marxismo-leninismo e o pensamento Ho Chi Minh. O Congresso prognosticou um mundo com tendência maior pela paz, a cooperação e o desenvolvimento, mas vê também "incertezas imprevisíveis".

Onde há economia de mercado há acumulação e distribuição desiguais, prospera o enriquecimento individual e surgem práticas de corrupção, consumismo e carreirismo. Tudo isso é reconhecido pelo PCV e se estuda meios eficazes para acabar ou mitigar esses fatores negativos dentro do partido e na sociedade como um todo.

É um risco calculado. A abertura para o capital é necessária para crescer e para enfrentar as enormes exigências de um país com 84 milhões de habitantes. O crescimento desigual das pessoas e das regiões requererá a permanente ação estatal para recuperar o equilíbrio econômico e a harmonia social.

A derrocada dos países do chamado socialismo real do Leste Europeu colocou para os países socialistas e para os partidos comunistas de todo o mundo a necessidade de desenvolver criativamente a teoria e a prática, repensar modelos, atualizar conceitos.

Tudo isso levando em consideração a realidade mundial e de cada país em particular, a correlação de forças e a necessidade de avançar com os pés no chão e também empreender recuos necessários no terreno econômico. É a dialética da vida.

Vietnã

Durante cinco dias (25 a 30 de julho) estive na República Socialista do Vietnã, representando a CTB - Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil. Lá, participei das seguintes atividades:
1. Seminário Internacional sobre a crise e seus impactos sobre os trabalhadores, promovido pela Federação Sindical Mundial e pela Confederação Geral do Trabalho do Vietnã (CGTV). O evento se realizou por conta das comemorações dos 80 anos da CGTV,
2.Visitas ao mausoléu e ao museu, ambos em homenagem ao grande líder do país, Ho Chi Minh;
3. Ato solene, precedido de apresentações culturais (música e dança) dos 80 anos da CGTV;
4. Reunião com ãltos dirigentes do Partido Comunista do Vietnã, na sede do partido;
5. Ida a um teatro local, para assistir uma peça de marionetes na água;
6. Jantar em hoenagem aos 80 anos da CGTV;
7. Visita ao comércio popular de Hanói (algo parecido com a Rua 25 de março em São Paulo);
8. Visita ao principal destino turístico do Vietnã, Baía Halong, uma das sete maravilhas do mundo, distante 160 km de Hanói. Na cidade, fizemos um passeio de barco pela baía, com passagem por uma imensa caverna local e visão geral de um cenário paradisíaco, com ilhas, pedras etc. Na mesma cidade, a unidade regional da CGTV promoveu um jantar de recepção à delegação internacional.
Em todas essas atividades partciparem os representantes internacionais presentes às celebrações de aniversário da central. A maioria dos presentes era asiática, embora houvesse gente da África, América Latina, Oceania e Europa. Quase todos falavam inglês. A delegação brasileira tinha também um representante da CGTB.
As delegações cubana e brasileira foram acompanhadas por Duong Binh, expert em questões do Oriente Médio, África e América Latina.Binh tem 24 anos apenas, é economista e fluente em inglês e espanhol.
C:\Users\NIVALDO\Pictures\2009-08-02

Ler é preciso

Eu comprei quatro livros sobre o Vietnã, dois no Mausoléu Ho Chi Minh e dois em uma livraria do aeroporto de Hanói. Lá mesmo, na insõnia noturna provocada pela diferença de fusos, eu li dois deles.
Os títulos da minha nova biblioteca são: 1) "Ho Chi Minh, Vida e Obra", editado pela Comissão de História do Partido Comunista do Vietnã; "Vietnã, uma Longa História, de Nguyen Khac Vien, líder do movimento patriótico de residentes vietnamistas na França (o nome do autor tem quatro acentos, dois deles na mesma letra, e uma espécie de cedilha no último "e", indisponíveis em nossos teclados de computador); "Documentos do X Congresso Nacional do Partido Comunista do Vietnã", realizado de 18 a 25 de abril de 2006, e "A Batalha de Dien Bien Phu*no Céu" que fala da maior e mais importante vitória dos vietnamitas, onde foram derrubados 34 aviões B52 (estratégicos) e 47 aviões táticos. Essa derrota, em dezembro de 1972, obrigou os EUA a assinar o Acordo de Paz em Paris (janeiro de 1973).
Cada B52, fortalezas voadoras nunca antes abatidas, tinha seis pilotos altamente especializados. Uma foto emblemática, que correu o mundo, mostra um piloto grandalhão dos EUA, cabisbaixo e de mãos erguidas, rendido por uma pequenina vietnamita, fuzil na mão e com um semblante de vitóriadiante do inimigo.
A derrubada de parte desses aviões B52 abalou o moral dos EUA. O livro fala dos 12 dias e noites do bombardeio sobre Hanoi e Haiphong , onde foram descarregadas 10 mil toneladas de bomba, o equivalente a uma bomba atômica sobre o Vietnã, e provoucou a destruição de 5.480 casas, 100 fábricas, hospitais, escolas e estação ferroviária, a morte de 2.368 civis e ferimentos em outros 1.355.
O imenso custo humano e material teve como contrapartida uma vitória que, sem dúvida, é uma das páginas mais heróicas da luta de resistência nacional da história contemporãnea.

* A Batalha de Dien Bien Phu foi realizada de 13 de março a 7 de maio de 1954. Dirigida pelo general Giap, os vietnamistas infligiram uma vigorosa derrota aos colonialistas franceses, que amargaram 7 mil mortos e 11 mil prisioneiros.O título do livro que trata da Batalha do Dien Bien Phu no céu é uma analogia histórica. Compara a façanha contra os americanos com a vitória contra os franceses, ambas vitoriosas. França e EUA, em 1954 e 1973, respectivamente, comeram o pó da derrota.

Dong

A moeda vietnamita chama-se "dong" e, pasmem!, um dólar equivale a 18.000,00 dongs. Um dia eu estava andando com dois milhões de dongs na carteira, o equivalente a pouco mais de cem dólares, duzentos reais em nossa moeda.
Para se comprar na moeda local, precisa-se andar com uma máquina de calcular na mão para aferir os custos-benefícios da aquisição.
Todas as cédulas de dong tem a foto do grande líder vietnamita Ho Chi Minh.

Transporte e o "vietnamese way of life"

Com exceção dos pobres (que andam a pé ou de bicicleta) ou dos abastados (que tem carro) a imensa maioria dos vietanamitas, pelo menos nos centros urbanos, anda de motocicleta. Lembrem que o país é muito pequeno, talvez vinte e cinco vezes menor do que o Brasil, e tem população de 84 milhões de habitantes. A maioria dos adultos tem moto, logo estamos diante de um formigueiro motorizado.
O trânsito é um caos completo, bem pior do que no Brasil, com a diferença de que quem buzina para pedir passagem são os autmóveis, ilhados por uma multidão de motos. Um cara de lá me disse que a maior causa mortis do país são os acidentes de trânsito!
Vi dezenas de vezes motos com pai e mãe na garupa, de capacetes, e crianças de 2,, 3 ou 4 anos de idade, sem capacete,espremido entre os dois. Vê-se também gente carregando móveis, fogão, compras nas motos e não raro o cara dirigindo moto e falando no celular.
Embora a velocidade média nas cidades, pelo congestionaento, seja pequena, o pessoal faz manobras arriscadas, anda na contramão, disputa palmo a palmo o exíguo território para se locomover.
Precisa ver para crer. No mais, vi poucos ônibus, não vi metrô nem trem urbano. Vi uma ferrovia na estrada de Hanói até Halong, mas nas quatro horas do percursso não vi um trem passando.
Lá como cá, quase todo mundo anda de celular na mão. Vi lan-houses lotadas de jovens.
Há uma paisagem urbana desigual. Lugares muito bonitos e outros bagunçados. Lá tem shoppings como os do daqui, lojas de grife, parafernália de eletroeletrõnicos, etc. Mas há um gigantesco, perdoe o exagero, mercado informal. Camelôs que falam o inglês básico para vender suas bugigangas, gente amontoada nas calçadas para fazer de tudo,desde motoqueiros se propondo a se tornaram "mototaxistas", táxi de bicicleta (uma bicicleta com um espaço para duas pessoas em uma cadeira adaptada) e por aí vai.
A calçada tem mil e uma utilidades. Há pequenas mesas e cadeiras bem baixinhas onde as pessoas comem e bebem nos botecos e lanchonetes informal e precariamente instalados, barbeiros e manicures atendem a clientela nas calçadas, e uma cena interessante: é comum ver as pessoas de cócoras, apoiando a bunda no calcanhar, enquanto esperam ônibus ou apenas jogam conversa fora com os amigos.
Com milhões de motos nas ruas, o principal estacionamento, como não poderia de ser, são as calçadas. Há poucos semáfotos e bem menos guardas de trãnsito, que olham meio aturditos o enxame de motos.
E a galera curte numa boa essa situação, não há o stress acentuado como aqui, pelo menos nas aparências, e eu sei que as aparências enganam.

Hotel e culinária

No Vietnã fomos tratados com todas as honras. Em Hanói ficamos hospedados em um hotel da central sindical de lá, padrão três estrelas. Em Halong, 160 km distante, em um hotel privado padrão quatro estrelas.
A culinária foi excelente. Café da manhã com suco , principalmente de laranja, frutas, geralmente melancia, laranja, abacaxi e uma que eu não sei o nome, bolos, pães, café com leite, queijo, etc. Isso era o que eu consumia. Mas tinha umarefeição paralela, parecida com o tal "breakfast" que mais parece um almoço.
O almoço propriamente dito e o jantar, geralmente seguia o seguinte ritual:
1. Uma sopa com frutos do mar, parecida com a nossa canja, servidaem uma pequena cumbuca clara e uma colher específica para tal;
2. salada com hortaliças, cenoura, beterraba, pepino e outras coisas que eu não lembro o nome;
3. arroz, geralmente branco, sempre;
4. Camarão dos bons, caranguejo, algum pescado,tudo uma delícia;
5. carne bovina (bife) e suína quase sempre, frango sempre;
6. no final, um chá para coroar o ritual. Ao longo da refeição se serve água, suco, cerveja, vodka ou vinho, tudo de acordo com as opções de cada um. Detalhe: cerveja ("bia", na língua deles) é servida ao natural, ou seja, "quente". Para nosostros, havia que se cometer a heresia menor, que era tomar a bia com gelo no copo.

Rumo ao Vietnã

O maior problema é chegar ao Vietnã. Eusaí numa terça-feira e cheguei quinta. Por que? O fuso horário de lá está dez horas na frente do Brasil, as conexões nos aeroportos demoram um certo tempo (somando, quase dez horas) e a maratona aérea que eu fiz não foi brincadeira: dez horas de São Paulo até Atlanta (EUA), mais 14 horas até uma cidade próxima de Seul (Coreia do Sul) e mais 4 horas até Hanói.
Além do cansaço, para um pobre diabo fazer esse percusso ida e volta precisa desembolsar mais ou menos US$ 3,2 mil.

Vietnã II

A República Socialista do Vietnã tem 84,2 milhões (2005), cerca de 253 habitantes por Km2. A capital Hanói tem 4 milhões de habitantes, mas a mais populosa cidade é Ho Chi Minh, ex-Saigon, com 6 milhões.
Há cerca de 22 anos o país adota o que eles denominam de "Doi Moi" (Renovação). Resultados: de 2001 a 2005, PIB cresceu em média 7,1% e sua composição em 2005 foi de 20,95 na agricultura, 41% na indústria e construção e 38,1% no setor de serviçois.
A liderança do Vietnã considera o país subdesenvolvido e se propõe, até 2020, a construir um país industrializado moderno, ancorado na consigna de ter "um povo próspero, um país poderoso e uma sociedade justa e civilizada".
Ao contrário do que se pensa, o Vietnã avança na industrialização (o país tem carvão e petróleo), é grande produtor e o maior exportador de arroz do mundo, segundo colocado em produção de café e bom produtor de chá, banana e pescado. O país possuí uma grande reserva hídrica também.
O Vietnã é visitado anualmente por cinco milhões de turistas, principalmente chineses e estadunidenses, e o maior destino turístico de lá é a Baía Halong, uma das sete maravilhas do mundo. O local conta com moderna infraestrutura turística (hotéis de ponta, restaurantes, bares, até cassino!). O tchan é passear de barco pela baía, com direito a cenário paradisíaco e visita a uma imensa caverna. Há uma imensa feira de artesanato. Eles fazem muita escultura de cerâmica e madeira, e outras quinquilharias universalmente conhecidas nas feiras de artesanato existentes em todos os quadrantes do planeta.
A orla da baía permite a prática da natação e se assemelha às praias brasileiras em muitos aspectos.

Vietnã

Durante cinco dias (25 a 30 de julho) estive na República Socialista do Vietnã, representando a CTB - Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil. Lá, participei das seguintes atividades:
1. Seminário Internacional sobre a crise e seus impactos sobre os trabalhadores, promovido pela Federação Sindical Mundial e pela Confederação Geral do Trabalho do Vietnã (CGTV). O evento se realizou por conta das comemorações dos 80 anos da CGTV,
2.Visitas ao mausoléu e ao museu, ambos em homenagem ao grande líder do país, Ho Chi Minh;
3. Ato solene, precedido de apresentações culturais (música e dança) dos 80 anos da CGTV;
4. Reunião com ãltos dirigentes do Partido Comunista do Vietnã, na sede do partido;
5. Ida a um teatro local, para assistir uma peça de marionetes na água;
6. Jantar em hoenagem aos 80 anos da CGTV;
7. Visita ao comércio popular de Hanói (algo parecido com a Rua 25 de março em São Paulo);
8. Visita ao principal destino turístico do Vietnã, Baía Halong, uma das sete maravilhas do mundo, distante 160 km de Hanói. Na cidade, fizemos um passeio de barco pela baía, com passagem por uma imensa caverna local e visão geral de um cenário paradisíaco, com ilhas, pedras etc. Na mesma cidade, a unidade regional da CGTV promoveu um jantar de recepção à delegação internacional.
Em todas essas atividades partciparem os representantes internacionais presentes às celebrações de aniversário da central. A maioria dos presentes era asiática, embora houvesse gente da África, América Latina, Oceania e Europa. Quase todos falavam inglês. A delegação brasileira tinha também um representante da CGTB.
As delegações cubana e brasileira foram acompanhadas por Duong Binh, expert em questões do Oriente Médio, África e América Latina.Binh tem 24 anos apenas, é economista e fluente em inglês e espanhol.
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