quinta-feira, 5 de março de 2009

Mudanças em Cuba

" As cartas de renúncia de Carlos Lage e Felipe Pérez

HAVANA, Cuba (AFP) — O vice-presidente de Cuba, Carlos Lage, e o ex-chanceler Felipe Pérez Roque renunciaram a seus cargos no governo e no Partido Comunista ao admitir erros, segundo as cartas reproduzidas a seguir:
Havana, 3 de março de 2009
Com. Raúl Castro Ruz
Presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros
Segundo Secretário do Comitê Central do Partido de Cuba
Companheiro Raúl:
Dirijo-me a você para renunciar a meus cargos como membro do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba e de seu Birô Político e a minha condição de Deputado, Membro do Conselho de Estado e Vice-presidente do Conselho de Estado.
Reconheço os erros cometidos e assumo a responsabilidade. Considero que foi justa e profunda a análise realizada na última reunião do Birô Político.
Fique certo de que meu novo posto de trabalho será uma oportunidade para continuar servindo à Revolução e sempre, como até hoje, serei fiel ao Partido, a Fidel e a você.
Fraternalmente,
Carlos Lage Dávila
Havana, 3 de março de 2009
Com. General do Exército Raúl Castro Ruz
Presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros
Companheiro General do Exército
Querido Raúl:
A partir da discussão mantida pelo Birô Político de nosso Partido, na qual participei como convidado, informo minha decisão de renunciar a minha condição de membro do Conselho de Estado, de Deputado da Assembleia Nacional do Poder Popular e de integrante do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba.
Reconheço plenamente que cometi erros, que foram analisados amplamente na citada reuniao. Assumo minha total responsabilidade por eles.
Continuarei defendendo, com lealdade e modéstia, a Revolução com cujos princípios e ideais estou e estarei sempre plenamente comprometido.
Reitero minha fidelidade a Fidel, a você e nosso Partido.
Saudações,
Felipe Pérez Roque
As duas cartas foram publicadas no jornal oficial do Partido Comunista, o Granma, e no jornal Juventud Rebelde. "

"Reflexiones del compañero Fidel

Cambios sanos en el Consejo de Ministros

Con motivo de los cambios en el seno del Ejecutivo, algunas agencias cablegráficas se rasgan las vestiduras.
Varias de ellas hablan o se hacen eco de rumores "populares" sobre la sustitución de los "hombres de Fidel" por los "hombres de Raúl".
La mayoría de los que fueron reemplazados nunca los propuse yo. Casi sin excepción llegaron a sus cargos propuestos por otros compañeros de la dirección del Partido o del Estado. No me dediqué nunca a ese oficio.
Jamás subestimé la inteligencia humana, ni la vanidad de los hombres.
Los nuevos ministros que acaban de nombrarse fueron consultados conmigo, a pesar de que ninguna norma obligaba a los que los propusieron, a esa conducta, ya que renuncié hace rato a las prerrogativas del poder. Actuaron sencillamente como revolucionarios auténticos que llevan en sí mismos la lealtad a los principios.
No se ha cometido injusticia alguna con determinados cuadros.
Ninguno de los dos mencionados por los cables como más afectados, pronunció una palabra para expresar inconformidad alguna. No era en absoluto ausencia de valor personal. La razón era otra. La miel del poder por el cual no conocieron sacrificio alguno, despertó en ellos ambiciones que los condujeron a un papel indigno. El enemigo externo se llenó de ilusiones con ellos.
No acepto que se mezcle ahora la chismografía con el Clásico de Pelota que está próximo a comenzar. Dije bien claro que nuestros atletas de béisbol eran jóvenes de primera línea y hombres de patria o muerte.
Como ya expresé otras veces regresaremos con el escudo o sobre el escudo.
Venceremos porque sabemos y podemos combinar algo que solo pueden hacer hombres libres, y sin dueños, no los jugadores profesionales.
Leonel Fernández me contaba ayer por la tarde que los excelentes peloteros profesionales dominicanos no deseaban participar en esas competencias, estarían ausentes con dolor para el pueblo que los vio nacer.
Chávez, ignora todavía por qué sus magníficos pitchers y bateadores serán derrotados por nuestros atletas.
El equipo cubano que este año medirá sus fuerzas con los mejores profesionales de Estados Unidos y Japón en las Grandes ligas, es mucho más fuerte y está mejor entrenado que el de hace tres años.
Muchos de ellos son ya veteranos a pesar de su juventud. Ninguno de los hombres que hicieron el equipo quedó en casa, excepto por razones de salud.
Asumo la total responsabilidad por el éxito o el revés. Las victorias serán de todos; la derrota no será jamás huérfana.
i Patria o Muerte! iVenceremos!
Fidel Castro Ruz
Marzo 3 de 2009".

Eis a tradução da frase mais polêmica de Fidel:"O mel do poder pelo qual não conheceram sacrifício algum despertou neles ambições que os conduziram a um papel indigno. O inimigo externo se encheu de ilusões com eles."

As mudanças ocorridas em Cuba surpreenderam pela amplitude e profundidade. Os dois demissionários admitem erros - mas não citam quais - e reafirmam a fidelidade à Revolução Cubana. Reafirmar fidelidade em circunstância como esta é positiva, mas gera algum tipo de dúvida. Uma delas: a fidelidade teria sido questionada em alguma instância partidária ou governamental?

Seja como for, a dinâmica dos processos revolucionários não pode estar associada a perenização nos cargos. A China, por exemplo, introduziu mecanismos de rotatividade de direção institucionalizados, o que, pelo menos, diminui o frisson quando quadros de cúpula do partido ou do governo são substituídos.

A chamada mídia "ocidental", que sempre encobre com uma névoa de mistérios as transições e mudanças dos países socialistas, ainda não conseguiu firmar uma opinião a respeito das substituições ocorridas em Cuba. Tentaram especular com uma tomada de posição de Raúl Castro ante seu irmão Fidel. Mas o apoio imediato de Fidel dissipou, pelo menos publicamente, as especulações.


Ronaldo


Minha prezada Soninha (http://coisasdesoninha.blogspot.com) , você marcou um gol contra na matéria postada no seu blog (blog que eu leio todos os dias!). O Ronaldo é, ao contrário do que você diz ou torce, um craque admirável! Todos os que gostamos de futebol, independentemente das preferências clubísticas, deveríamos reverenciá-lo.
O futebol é a paixão nacional, uma religião, para ficar no óbvio. A trajetória do Ronaldo talvez só seja superada pela do Pelé.
Ronaldo é o maior artilheiro mundial de Copas do Mundo, com 15 gols. Jogou nos melhores times do mundo: Cruzeiro, PSV, Barcelona, Internazionale, Real Madri, Milan e, agora, no Corinthians.
Com 17 anos foi convocado para a seleção brasileira. Com 20 anos, foi eleito o melhor jogador do mundo pela Fifa (1996), o mais jovem a conquistar este esse título, que ele repetiria nos anos de 1997 e 2002.
Depois de ficar quase um ano sem jogar, devido a uma grave lesão no joelho, Ronaldo voltou a assombrar o mundo como campeão e artilheiro espanhol em 2002. No mesmo ano, foi campeão da Copa do Mundo pelo Brasil e artilheiro com oito gols em sete partidas, dois dos quais na final.
Uma figura como essa é, sem exagero, um fenômeno! Seu talento, claro, é explorado por todos, sua vida vasculhada e seus passos seguidos. Ontem, minha cara amiga, eu fiquei emocionado ao vê-lo jogar com a sagrada camisa do Timão. Para nós é um orgulho saber que um cracaço como ele jogue com a nossa camisa. O mundo inteiro fala disso.
Depois de tantas contusões e tanto tempo parado, claro que sua performance será bem abaixo das médias de sua atuação. Ontem mesmo, via-se que ele não está em plena forma física. Mas eu aposto que ele fará boas exibições e dará muita alegria à Fiel Torcida. Marketing, segurança, baladas noturnas, tudo isso só existe para quem é craque e diferenciado. Se ele fosse um perna-de-pau não teria registro em seu seletivo blog.

Mudanças em Cuba

" As cartas de renúncia de Carlos Lage e Felipe Pérez

HAVANA, Cuba (AFP) — O vice-presidente de Cuba, Carlos Lage, e o ex-chanceler Felipe Pérez Roque renunciaram a seus cargos no governo e no Partido Comunista ao admitir erros, segundo as cartas reproduzidas a seguir:
Havana, 3 de março de 2009
Com. Raúl Castro Ruz
Presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros
Segundo Secretário do Comitê Central do Partido de Cuba
Companheiro Raúl:
Dirijo-me a você para renunciar a meus cargos como membro do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba e de seu Birô Político e a minha condição de Deputado, Membro do Conselho de Estado e Vice-presidente do Conselho de Estado.
Reconheço os erros cometidos e assumo a responsabilidade. Considero que foi justa e profunda a análise realizada na última reunião do Birô Político.
Fique certo de que meu novo posto de trabalho será uma oportunidade para continuar servindo à Revolução e sempre, como até hoje, serei fiel ao Partido, a Fidel e a você.
Fraternalmente,
Carlos Lage Dávila
Havana, 3 de março de 2009
Com. General do Exército Raúl Castro Ruz
Presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros
Companheiro General do Exército
Querido Raúl:
A partir da discussão mantida pelo Birô Político de nosso Partido, na qual participei como convidado, informo minha decisão de renunciar a minha condição de membro do Conselho de Estado, de Deputado da Assembleia Nacional do Poder Popular e de integrante do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba.
Reconheço plenamente que cometi erros, que foram analisados amplamente na citada reuniao. Assumo minha total responsabilidade por eles.
Continuarei defendendo, com lealdade e modéstia, a Revolução com cujos princípios e ideais estou e estarei sempre plenamente comprometido.
Reitero minha fidelidade a Fidel, a você e nosso Partido.
Saudações,
Felipe Pérez Roque
As duas cartas foram publicadas no jornal oficial do Partido Comunista, o Granma, e no jornal Juventud Rebelde. "

"Reflexiones del compañero Fidel

Cambios sanos en el Consejo de Ministros

Con motivo de los cambios en el seno del Ejecutivo, algunas agencias cablegráficas se rasgan las vestiduras.
Varias de ellas hablan o se hacen eco de rumores "populares" sobre la sustitución de los "hombres de Fidel" por los "hombres de Raúl".
La mayoría de los que fueron reemplazados nunca los propuse yo. Casi sin excepción llegaron a sus cargos propuestos por otros compañeros de la dirección del Partido o del Estado. No me dediqué nunca a ese oficio.
Jamás subestimé la inteligencia humana, ni la vanidad de los hombres.
Los nuevos ministros que acaban de nombrarse fueron consultados conmigo, a pesar de que ninguna norma obligaba a los que los propusieron, a esa conducta, ya que renuncié hace rato a las prerrogativas del poder. Actuaron sencillamente como revolucionarios auténticos que llevan en sí mismos la lealtad a los principios.
No se ha cometido injusticia alguna con determinados cuadros.
Ninguno de los dos mencionados por los cables como más afectados, pronunció una palabra para expresar inconformidad alguna. No era en absoluto ausencia de valor personal. La razón era otra. La miel del poder por el cual no conocieron sacrificio alguno, despertó en ellos ambiciones que los condujeron a un papel indigno. El enemigo externo se llenó de ilusiones con ellos.
No acepto que se mezcle ahora la chismografía con el Clásico de Pelota que está próximo a comenzar. Dije bien claro que nuestros atletas de béisbol eran jóvenes de primera línea y hombres de patria o muerte.
Como ya expresé otras veces regresaremos con el escudo o sobre el escudo.
Venceremos porque sabemos y podemos combinar algo que solo pueden hacer hombres libres, y sin dueños, no los jugadores profesionales.
Leonel Fernández me contaba ayer por la tarde que los excelentes peloteros profesionales dominicanos no deseaban participar en esas competencias, estarían ausentes con dolor para el pueblo que los vio nacer.
Chávez, ignora todavía por qué sus magníficos pitchers y bateadores serán derrotados por nuestros atletas.
El equipo cubano que este año medirá sus fuerzas con los mejores profesionales de Estados Unidos y Japón en las Grandes ligas, es mucho más fuerte y está mejor entrenado que el de hace tres años.
Muchos de ellos son ya veteranos a pesar de su juventud. Ninguno de los hombres que hicieron el equipo quedó en casa, excepto por razones de salud.
Asumo la total responsabilidad por el éxito o el revés. Las victorias serán de todos; la derrota no será jamás huérfana.
i Patria o Muerte! iVenceremos!
Fidel Castro Ruz
Marzo 3 de 2009".

Eis a tradução da frase mais polêmica de Fidel:"O mel do poder pelo qual não conheceram sacrifício algum despertou neles ambições que os conduziram a um papel indigno. O inimigo externo se encheu de ilusões com eles."

As mudanças ocorridas em Cuba surpreenderam pela amplitude e profundidade. Os dois demissionários admitem erros - mas não citam quais - e reafirmam a fidelidade à Revolução Cubana. Reafirmar fidelidade em circunstância como esta é positiva, mas gera algum tipo de dúvida. Uma delas: a fidelidade teria sido questionada em alguma instância partidária ou governamental?

Seja como for, a dinâmica dos processos revolucionários não pode estar associada a perenização nos cargos. A China, por exemplo, introduziu mecanismos de rotatividade de direção institucionalizados, o que, pelo menos, diminui o frisson quando quadros de cúpula do partido ou do governo são substituídos.

A chamada mídia "ocidental", que sempre encobre com uma névoa de mistérios as transições e mudanças dos países socialistas, ainda não conseguiu firmar uma opinião a respeito das substituições ocorridas em Cuba. Tentaram especular com uma tomada de posição de Raúl Castro ante seu irmão Fidel. Mas o apoio imediato de Fidel dissipou, pelo menos publicamente, as especulações.


Trabalhador unido, jamais será vencido


Zé Maria, presidente da Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas) e Paulinho, presidente da Força Sindical, celebram a liminar, obtida na Justiça do Trabalho, suspendendo as 4.200 demissões na Embraer.

Ronaldo


Minha prezada Soninha (http://coisasdesoninha.blogspot.com) , você marcou um gol contra na matéria postada no seu blog (blog que eu leio todos os dias!). O Ronaldo é, ao contrário do que você diz ou torce, um craque admirável! Todos os que gostamos de futebol, independentemente das preferências clubísticas, deveríamos reverenciá-lo.
O futebol é a paixão nacional, uma religião, para ficar no óbvio. A trajetória do Ronaldo talvez só seja superada pela do Pelé.
Ronaldo é o maior artilheiro mundial de Copas do Mundo, com 15 gols. Jogou nos melhores times do mundo: Cruzeiro, PSV, Barcelona, Internazionale, Real Madri, Milan e, agora, no Corinthians.
Com 17 anos foi convocado para a seleção brasileira. Com 20 anos, foi eleito o melhor jogador do mundo pela Fifa (1996), o mais jovem a conquistar este esse título, que ele repetiria nos anos de 1997 e 2002.
Depois de ficar quase um ano sem jogar, devido a uma grave lesão no joelho, Ronaldo voltou a assombrar o mundo como campeão e artilheiro espanhol em 2002. No mesmo ano, foi campeão da Copa do Mundo pelo Brasil e artilheiro com oito gols em sete partidas, dois dos quais na final.
Uma figura como essa é, sem exagero, um fenômeno! Seu talento, claro, é explorado por todos, sua vida vasculhada e seus passos seguidos. Ontem, minha cara amiga, eu fiquei emocionado ao vê-lo jogar com a sagrada camisa do Timão. Para nós é um orgulho saber que um cracaço como ele jogue com a nossa camisa. O mundo inteiro fala disso.
Depois de tantas contusões e tanto tempo parado, claro que sua performance será bem abaixo das médias de sua atuação. Ontem mesmo, via-se que ele não está em plena forma física. Mas eu aposto que ele fará boas exibições e dará muita alegria à Fiel Torcida. Marketing, segurança, baladas noturnas, tudo isso só existe para quem é craque e diferenciado. Se ele fosse um perna-de-pau não teria registro em seu seletivo blog.

Trabalhador unido, jamais será vencido


Zé Maria, presidente da Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas) e Paulinho, presidente da Força Sindical, celebram a liminar, obtida na Justiça do Trabalho, suspendendo as 4.200 demissões na Embraer.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Réplica

O artigo "O 'Despreparo' do Sindicalismo", postado neste blog e reproduzido no portal da CTB, foi avaliado criticamente, por intermédio de uma mensagem (texto abaixo, de Júlio Filipe) . Reproduzo-o, para alimentar o debate.

"Permitam-me três apontamentos críticos:

1) Parece-me mais acertada a visão da CTB, sobre os desenvolvimentos da crise capitalista, expressa na sua intervenção no F.S.Mundial, em Belém do Pará, bem como sobre a atitude a tomar pelos Sindicatos. A situação actual tem características verdadeiramente excepcionais, devendo as respostas sindicais estarem à altura, ultrapassando procedimentos e práticas próprias dos períodos históricos "normais".

2) A situação na Embraer, pelas suas características exemplares, pode e deve ser transformada num importante pólo para a acção dos sindicatos de classe, que nela devem empenhar o máximo de energias, exigindo a reintegração total dos despedidos ou a imediata renacionalização. Todos os trabalhadores, os sindicatos, o governo, a imprensa (a má e a boa) a opinião pública, tudo aguarda que decisões e solução virão. Não podemos defraldar as justas expectativas.

3) A ideia "ou todos nos salvamos, ou o naufrágio é geral" pode ter uma aplicação justa, quando aplicada aos trabalhadores e à sua unidade, contra os responsáveis pela crise - apesar de os governos capitalistas andarem ultimamente a usá-la - mas parece-me menos apropriada usada como foi, no âmbito do fórum das Centrais. Na verdade, a actuação de centrais e sindicatos amarelos e reformistas, todos os dias aí estão a demonstrar, com acordos de traição, que nada lhes importa a unidade e a salvação dos trabalhadores. Saudações fraternas."

Fica registrada a opinião. Sinteticamente, concordo que a expressão "ou todos nos salvamos, ou o naufrágio é geral" não é apropriada, por suscitar interpretações contrárias ao que se queria realçar - a importãncia da unidade. Concordo também que a luta pela reintegração dos trabalhadores da Embraer é fundamental e pode ser um momento de clivagem no enfrentamento das demissões.

Quanto a "atuação de centrais e sindicatos amarelos e reformistas ... com acordos de traição ..." julgo ser necessário uma análise mais equilibrada, contextualizada na realidade sindical brasileira. Há um realinhamento no movimento sindical do Brasil. Centrais antes de esquerda ou de direita migram para o centro, embaralhando o jogo e exigindo novas abordagens sobre quem é quem no sindicalismo do país. Para além dessa realidade cambiante, e principalmente com a emergência da crise e sua expressão mais dramática - o desemprego - a postura que parece ser mais ajustada é a de impulsionar todos os esforços para unir as centrais na luta pela preservação do emprego, dos salários e dos direitos, combatendo-se, simultaneamente, toda e qualquer ação tendente a fazer o jogo do capital contra o trabalho.
Lutas e atos unitários (como, opor exemplo, a proposta da CTB de realizar um ato naciona unitário no dia primeiro de maio e não a pulverização em diversos atos) é um caminho que reforça e não prejudica a luta dos trabalhadores.

.

Réplica

O artigo "O 'Despreparo' do Sindicalismo", postado neste blog e reproduzido no portal da CTB, foi avaliado criticamente, por intermédio de uma mensagem (texto abaixo, de Júlio Filipe) . Reproduzo-o, para alimentar o debate.

"Permitam-me três apontamentos críticos:

1) Parece-me mais acertada a visão da CTB, sobre os desenvolvimentos da crise capitalista, expressa na sua intervenção no F.S.Mundial, em Belém do Pará, bem como sobre a atitude a tomar pelos Sindicatos. A situação actual tem características verdadeiramente excepcionais, devendo as respostas sindicais estarem à altura, ultrapassando procedimentos e práticas próprias dos períodos históricos "normais".

2) A situação na Embraer, pelas suas características exemplares, pode e deve ser transformada num importante pólo para a acção dos sindicatos de classe, que nela devem empenhar o máximo de energias, exigindo a reintegração total dos despedidos ou a imediata renacionalização. Todos os trabalhadores, os sindicatos, o governo, a imprensa (a má e a boa) a opinião pública, tudo aguarda que decisões e solução virão. Não podemos defraldar as justas expectativas.

3) A ideia "ou todos nos salvamos, ou o naufrágio é geral" pode ter uma aplicação justa, quando aplicada aos trabalhadores e à sua unidade, contra os responsáveis pela crise - apesar de os governos capitalistas andarem ultimamente a usá-la - mas parece-me menos apropriada usada como foi, no âmbito do fórum das Centrais. Na verdade, a actuação de centrais e sindicatos amarelos e reformistas, todos os dias aí estão a demonstrar, com acordos de traição, que nada lhes importa a unidade e a salvação dos trabalhadores. Saudações fraternas."

Fica registrada a opinião. Sinteticamente, concordo que a expressão "ou todos nos salvamos, ou o naufrágio é geral" não é apropriada, por suscitar interpretações contrárias ao que se queria realçar - a importãncia da unidade. Concordo também que a luta pela reintegração dos trabalhadores da Embraer é fundamental e pode ser um momento de clivagem no enfrentamento das demissões.

Quanto a "atuação de centrais e sindicatos amarelos e reformistas ... com acordos de traição ..." julgo ser necessário uma análise mais equilibrada, contextualizada na realidade sindical brasileira. Há um realinhamento no movimento sindical do Brasil. Centrais antes de esquerda ou de direita migram para o centro, embaralhando o jogo e exigindo novas abordagens sobre quem é quem no sindicalismo do país. Para além dessa realidade cambiante, e principalmente com a emergência da crise e sua expressão mais dramática - o desemprego - a postura que parece ser mais ajustada é a de impulsionar todos os esforços para unir as centrais na luta pela preservação do emprego, dos salários e dos direitos, combatendo-se, simultaneamente, toda e qualquer ação tendente a fazer o jogo do capital contra o trabalho.
Lutas e atos unitários (como, opor exemplo, a proposta da CTB de realizar um ato naciona unitário no dia primeiro de maio e não a pulverização em diversos atos) é um caminho que reforça e não prejudica a luta dos trabalhadores.

.

domingo, 1 de março de 2009

O "despreparo"do sindicalismo


Meto minha colher no debate sobre o papel das centrais sindicais diante da crise. O assunto ganhou maior relevância a partir das mais de 4 mil demissões da Embraer. A Folha de São Paulo deste domingo mancheteou o tema e trouxe a polêmica como matéria principal, partindo de uma perspectiva em que as vítimas (os trabalhadores e o movimento sindical) se tornam réus.

Para se contrapor a essa visão reducionista e equivocada, destaco, em primeiro lugar, que é preciso reconhecer que o movimento sindical enfrenta maiores dificuldades em conjunturas marcadas pela desaceleração econômica, ampliação do desemprego e restrições democráticas. A luta dos trabalhadores condiciona e é condicionada por esses fatores, e não tem relação com o alegado despreparo das lideranças sindicais.

Todo dirigente sindical sabe, pela dura experiência, que nos momentos de crise é mais difícil mobilizar os trabalhadores. A agenda é mais defensiva - manutenção do emprego, do salário e dos direitos - do que ofensiva - manutenção e ampliação desses direitos. Esta é uma realidade objetiva, acima da vontade ou do "preparo" dos sindicalistas.

Em segundo lugar, o sindicalismo precisa, claro, ser independente dos governos, dos patrões e dos partidos. A independência deve ser seguida por uma correta avaliação do contexto político e econômico, sem perder de vista que, ao fim e ao cabo, o problema essencial do sindicalismo, no capitalismo, é como ter força diante dos patrões públicos e privados.
A correlação de forças é a base sobre a qual o sindicalismo deve definir suas táticas e orientar suas ações, sem cair em dois extremos: renunciar à luta e jogar todo o peso nas negociações ou, pelo contrário, abusar da retórica e cair em ações extremadas descoladas da realidade, que isolam e fragilizam os trabalhadores.

A literatura marxista já consagrou a tese de que, no capitalismo, independentemente de quem esteja no governo, o Estado é uma espécie de comitê gestor dos interesses da burguesia, contra os trabalhadores. Essa compreensão do papel da máquina do Estado não pode eludir a compreensão de que a ação sindical deve explorar todas as contradições, inclusive as possibilidades de atuação diante do Estado (Executivo, judiciário, Legislativo) .

A mobilização, o maior protagonismo dos trabalhadores e a capacidade de negociação política funcionam como freios aos intentos das classes dominantes e do "seu" Estado. A sagacidade política dos trabalhadores pode inibiar a tentativa de se jogar todo o ônus da crise nas costas de quem vive do trabalho. A disputa é desigual, mas esse movimento multilateral é, com certeza, o remédio mais adequado para dar um chega pra lá na crise.

Por último, mas não menos importante, cabe lembrar que os avanços democráticos conquistados no atual governo (legalização das centrais sindicais, relações civilizadas, valorização do salário mínimo, etc) devem ser destacados. Representam uma mudança de qualidade na relação do sindicalismo com o poder público, a partir da chegada ao governo do presidente Lula. O oposicionismo sectário diante desse quadro é um desserviço aos trabalhadores.

Dizer isso não significa atrelar a ação sindical ao governo nem abdicar da necessária independência. A situação atual mudou para melhor em relação àquela existente na época da chamada Era FHC. A inteligência do movimento reside em saber se aproveitar dessa situação para fortalecer sua organização e aumentar sua capacidade de mobilização.
Colocadas as coisas nessa visão mais geral, o movimento sindical pode definir com equilíbrio e maturidade as prioridades para enfrentar os atuais desafios. As centrais sindicais devem definir uma agenda de propostas e um plano de lutas para combater a crise em seu conjunto, sem se limitar as escaramuças com cada empresa.

A CTB - Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil - tem insistido com o Fórum das Centrais com uma pauta básica: a redução das taxas de juros e dos spreads bancários, a ampliação do crédito e dos investimentos em setores de uso intensivo da força de trabalho, a defesa de mecanismos de proteção do emprego, do salário e dos direitos (como a redução da jornada de trabalho sem redução do salário e restrições às demissões imotivadas).
Essas propostas reúnem todas as condições de unir o movimento sindical brasileiro e abrir novas perspectivas de luta. Nessas horas, a unidade das centrais é um imperativo classista, para além das divergências políticas e de concepções. Ou todos nos salvamos ou naufrágio será geral!

O "despreparo"do sindicalismo


Meto minha colher no debate sobre o papel das centrais sindicais diante da crise. O assunto ganhou maior relevância a partir das mais de 4 mil demissões da Embraer. A Folha de São Paulo deste domingo mancheteou o tema e trouxe a polêmica como matéria principal, partindo de uma perspectiva em que as vítimas (os trabalhadores e o movimento sindical) se tornam réus.

Para se contrapor a essa visão reducionista e equivocada, destaco, em primeiro lugar, que é preciso reconhecer que o movimento sindical enfrenta maiores dificuldades em conjunturas marcadas pela desaceleração econômica, ampliação do desemprego e restrições democráticas. A luta dos trabalhadores condiciona e é condicionada por esses fatores, e não tem relação com o alegado despreparo das lideranças sindicais.

Todo dirigente sindical sabe, pela dura experiência, que nos momentos de crise é mais difícil mobilizar os trabalhadores. A agenda é mais defensiva - manutenção do emprego, do salário e dos direitos - do que ofensiva - manutenção e ampliação desses direitos. Esta é uma realidade objetiva, acima da vontade ou do "preparo" dos sindicalistas.

Em segundo lugar, o sindicalismo precisa, claro, ser independente dos governos, dos patrões e dos partidos. A independência deve ser seguida por uma correta avaliação do contexto político e econômico, sem perder de vista que, ao fim e ao cabo, o problema essencial do sindicalismo, no capitalismo, é como ter força diante dos patrões públicos e privados.
A correlação de forças é a base sobre a qual o sindicalismo deve definir suas táticas e orientar suas ações, sem cair em dois extremos: renunciar à luta e jogar todo o peso nas negociações ou, pelo contrário, abusar da retórica e cair em ações extremadas descoladas da realidade, que isolam e fragilizam os trabalhadores.

A literatura marxista já consagrou a tese de que, no capitalismo, independentemente de quem esteja no governo, o Estado é uma espécie de comitê gestor dos interesses da burguesia, contra os trabalhadores. Essa compreensão do papel da máquina do Estado não pode eludir a compreensão de que a ação sindical deve explorar todas as contradições, inclusive as possibilidades de atuação diante do Estado (Executivo, judiciário, Legislativo) .

A mobilização, o maior protagonismo dos trabalhadores e a capacidade de negociação política funcionam como freios aos intentos das classes dominantes e do "seu" Estado. A sagacidade política dos trabalhadores pode inibiar a tentativa de se jogar todo o ônus da crise nas costas de quem vive do trabalho. A disputa é desigual, mas esse movimento multilateral é, com certeza, o remédio mais adequado para dar um chega pra lá na crise.

Por último, mas não menos importante, cabe lembrar que os avanços democráticos conquistados no atual governo (legalização das centrais sindicais, relações civilizadas, valorização do salário mínimo, etc) devem ser destacados. Representam uma mudança de qualidade na relação do sindicalismo com o poder público, a partir da chegada ao governo do presidente Lula. O oposicionismo sectário diante desse quadro é um desserviço aos trabalhadores.

Dizer isso não significa atrelar a ação sindical ao governo nem abdicar da necessária independência. A situação atual mudou para melhor em relação àquela existente na época da chamada Era FHC. A inteligência do movimento reside em saber se aproveitar dessa situação para fortalecer sua organização e aumentar sua capacidade de mobilização.
Colocadas as coisas nessa visão mais geral, o movimento sindical pode definir com equilíbrio e maturidade as prioridades para enfrentar os atuais desafios. As centrais sindicais devem definir uma agenda de propostas e um plano de lutas para combater a crise em seu conjunto, sem se limitar as escaramuças com cada empresa.

A CTB - Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil - tem insistido com o Fórum das Centrais com uma pauta básica: a redução das taxas de juros e dos spreads bancários, a ampliação do crédito e dos investimentos em setores de uso intensivo da força de trabalho, a defesa de mecanismos de proteção do emprego, do salário e dos direitos (como a redução da jornada de trabalho sem redução do salário e restrições às demissões imotivadas).
Essas propostas reúnem todas as condições de unir o movimento sindical brasileiro e abrir novas perspectivas de luta. Nessas horas, a unidade das centrais é um imperativo classista, para além das divergências políticas e de concepções. Ou todos nos salvamos ou naufrágio será geral!