Na próxima quinta-feira, onze de julho, as centrais sindicais e as entidades populares farão um grande dia nacional de luta. Nesse dia estão previstos greves, atos, passeatas e diversas mobilizações. Com direção e bandeiras de luta definidas, o dia 11 é um desdobramento das grandes jornadas de junho que sacudiram o país de norte a sul.
A entrada em cena de centenas de milhares de pessoas nas ruas pautou a política nacional nas últimas semanas. Até o momento são bastante diversificadas as interpretações das mobilizaçõs de junho, mas, concretamente, depois delas o Brasil vive um quadro político novo, instável e com desfechos imprevisíveis.
Cada um procura fazer sua própria análise desse período. Balanços e perspectivas existem para todos os gostos, todos fazem a sua aposta. De imediato, não há quem possa exibir o trofeu de catalisador e principal beneficiário desse processo. Governos, partidos, entidades públicas e privadas, em maior ou menor grau, saíram chamuscadas do tsunami.
A mídia, ela também muito criticada, mas detentora de meios mais amplos para reverberar opiniões, procura se colocar como vértice da oposição conservadora e tenta jogar no colo da presidenta Dilma a explosão de insatisfações difusas que estavam adormecidas e de repente extravasaram.
Mobilizadas pela internet, movimentos horizontais sem líderes, pautas difusas e diversificadas, falta de foco e direção, tudo isso compõe o universo contraditório e cambiante das mobilizações, que começaram defendendo o passe livre e depois transbordou para toda sorte de reivindicações.
O certo é que o povo nas ruas, mesmo que majoritariamente dos chamados extratos médios, desmanchou tudo o que era sólido. Até 2014, ano chaves das eleições gerais, perdeu sua previsibilidade. O tabuleiro político do país se "desorganizou" e as diferentes forças procuram se reposicionar.
Nesse embate de opiniões e disputa de rumos, as centrais sindicais deliberaram por enfiar sua colher no debate, reagrupar o campo das chamadas organizações tradicionais, retomar a luta pela agenda dos trabalhadores e incorporar demandas explicitadas pela voz das ruas. Há ainda um caminho a se percorrer para se atingir um consenso básico entre as propostas políticas e a agenda social.
A intervenção organizada e consciente dos trabalhadores pode dar uma maior racionalidade às mobilizações, definir com maior clareza quem é quem nas disputas políticas do país e decantar os campos. Será a hora de mostrar de que lado estão os diferentes atores políticos e sociais do Brasil.
O grande divisor de águas será a postura diante do grande dilema político nacional: manter e aprofundar o ciclo progresssita inaugurado com Lula em 2003 e continuado com Dilma a partir de 2011 versus o conservadorismo neoliberal que quer retornar.
A disputa se exacerbou. As convergências ficaram mais fluidas. Reforma política, mudanças na saúde, na educação e na mobilidade urbana, crescimento econômico mais acelerado, tudo o que veio das ruas domina a agenda dentro e fora do governo. A voz forte dos trabalhadores pode dar um sentido progressista à conjuntura!