segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Os dilemas da economia

Até que ponto a economia globalizada impede a adoção de medidas soberanas para os países ditos emergentes? Esta pergunta me veio à mente ao participar de duas reuniões, representando a CTB, para tratar do Plano Brasil Maior, pacote de incentivos industriais do governo Dilma.

As medidas, parece que há um consenso na avaliação, são, no geral positivas. A maior polêmica é a desoneração da folha de pagamentos, que zera o pagamento de INSS "para setores mais sensíveis ao câmbio e intensivos em mão-de-obra", como apregoa o governo.

As críticas mais de fundo, no entanto, se referem ao alcance limitado das medidas. Uma hora não pode tomar esta ou aquela atitude porque o país poderia infringir normas da Organização Mundial do Comércio. Enfrentar os juros recordes parece ser outra tarefa irrealizável.

Um ministro chegou a dizer que mesmo países com  juros baixos não conseguem dar conta da enxurrada de dólares que inundam o mundo. Com essas e outras explicações, o fato é que a dupla fatal câmbio/juros, causa maior dos problemas da indústria nacional, se tornam imexível.

Os empresários industriais estão aplaudindo o plano. Os trabalhadores exigem contrapartidas trabalhistas (emprego, salários, direitos), maior participação no debate, preservação do orçamento da Previdência e mudanças substanciais na política macroeconômica.

Foxconn: um milhão de robôs!

A fabricante de tecnologia de informação, hardware e eletrônica, a Foxconn, sediada em Taiwan, na China, anuncia que vai comprar um milhão de robôs para substituir seus trabalhadores. Segundo a revista "Dinheiro/IstoÉ", a informação foi dada pelo proprio CEO da empresa, Terry Gou.

Em 2010 a Foxconn faturou US$ 100 bilhões. Com um milhão de funcionários, a robotização proposta pretende aumentar a produtividade da empresa,  conhecida não apenas pelos seus notáveis feitos tecnológicos, mas também pelas trágicas 14 mortes das vinte tentativas de suicídio de seus funcionários.

Consta que a empresa tem uma política de recursos humanos perversa - altos jornadas de trabalho, baixos salários.  A robotização, assim, seria uma forma se livrar dessa macabra sequência de suicídios. Com o efeito colateral da morte de um milhão de empregos, pelo menos!