João Amazonas, histórico dirigente do PCdoB, sempre dizia que sucessão presidencial no Brasil era tensa, carregada de adrenalina. As eleições desse ano não fugirão à regra. Afinal em 3 de outubro se definirá o comando político do país para os próximos quatro anos.
A eleição coloca em pauta a disputa de dois projetos políticos: a continuidade e aprofundamento do curso progressista inaugurado pelo governo Lula ou o retorno piorado do período neoliberal de FHC. Essa a verdadeira disputa. A candidatura Marina serve aos manejos diversionistas dos conservadores, que sempre procuram estimular dissidências no campo popular - na eleição passada quem exerceu esse papel foi Heloísa Helena.
Com o robusto crescimento das intenções de voto em torno de Dilma, a grande mídia, percebendo a fragilidade do seu candidato José Serra, avocou para si a tarefa de se tornar o verdadeiro partido de oposição. A tendência é que, nessa reta final, eles criem factóides e toda uma manipulação da opinião pública com o objetivo de levar a disputa presidencial para o segundo turno.
O segundo turno sempre é uma nova eleição. A direita sabe disso e, para dar consequência aos seus objetivos, o noticiário de hoje até outubro buscará desgastar Dilma, sustentar Serra e alavancar Marina. Tudo somado, eles acreditam, pode-se evitar o desfecho das eleições no próximo dia 3.
Para enfrentar esse bombardeio, a campanha de Dilma precisa manter firmeza e equilíbrio, não pisar nas cascas de banana que a direita jogará em seu caminho. Fazer uma campanha propositiva, afirmativa, e responder na hora e na dosagem corretas as críticas infundadas.
A maioria dos brasileiros quer a continuidade do atual ciclo político. Continuidade com avanços. Só uma minoria desesperada, apartada dos interesses nacionais, populares e democráticos, procura criar um clima artificial de comoção na vã tentativa de reverter o rumo das eleições.
Opiniões, comentários e notas sobre política, sindicalismo, economia, esporte, cultura e temas correlatos.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Geografia da intenção de voto presidencial
O Ibope divide o país em 255 regiões para realizar suas pesquisas eleitorais. Municípios menores são agregados com outros do seu entorno e municípios maiores são desagregados por regiões. No total das regiões, a vantagem de Dilma é acachapante: 220 a 20!
O eleitorado de Dilma se concentra nas regiões norte e nordeste (em todas as faixas de renda) e na população de menor renda das regiões sul, sudeste e centro-oeste. Serra, portanto, se dá melhor fundamentalmente entre os eleitores de maior renda do centro-sul do país, com algumas exceções: Dilma vence, por exemplo, na zona sul do Rio de Janeiro e no Plano Piloto de Brasília, uma das regiões mais ricas do país.
Na Capital paulista, Serra leva a melhor nos bairros mais ricos e menos populosos: Higienópolis, Bela Vista (centro), Perdizes, Pinheiros, Lapa, Butantã (oeste), Jardins, Itaim-Bibi, Saúde, Ipiranga, Campo Belo (sudeste) e Tatuapé, Água Rasa, Belém e Penha (zona leste mais próxima do centro).
A massa de eleitores de Dilma reside sobretudo na periferia paulistana: Casa Verde, V. Brasilândia, Jaraguá, V. Andrade, Jd. São Luiz, Jd. Ângela, Capão Redondo, Cidade Dutra, Grajaú, Itaquera, São Miguel, Lajeado e Cidade Tiradentes.
Nas regiões de Sorocaba, Piracicaba e Ribeirão Preto Serra sai na frente, mas perde nos municípios da Grande São Paulo, do litoral, do Vale do Paraíba, Campinas, Itapetininga, Rio Preto, Marília, Araçatuba e Presidente Prudente. Araraquara, Bauru e Assis apresentam intenção de voto equilibrada entre as duas candidaturas.
A ampla vantagem de Dilma, no cenário apresentado, dificilmente será revertida, apesar do bombardeio midiático. Para desespero dos conservadores, Dilma deve ser eleita a primeira presidente mulher do Brasil já no primeiro turno.
Fonte: http://dilmavezportodas.blogspot.com/ (José Roberto Toledo e Daniel Bramattti)
O eleitorado de Dilma se concentra nas regiões norte e nordeste (em todas as faixas de renda) e na população de menor renda das regiões sul, sudeste e centro-oeste. Serra, portanto, se dá melhor fundamentalmente entre os eleitores de maior renda do centro-sul do país, com algumas exceções: Dilma vence, por exemplo, na zona sul do Rio de Janeiro e no Plano Piloto de Brasília, uma das regiões mais ricas do país.
Na Capital paulista, Serra leva a melhor nos bairros mais ricos e menos populosos: Higienópolis, Bela Vista (centro), Perdizes, Pinheiros, Lapa, Butantã (oeste), Jardins, Itaim-Bibi, Saúde, Ipiranga, Campo Belo (sudeste) e Tatuapé, Água Rasa, Belém e Penha (zona leste mais próxima do centro).
A massa de eleitores de Dilma reside sobretudo na periferia paulistana: Casa Verde, V. Brasilândia, Jaraguá, V. Andrade, Jd. São Luiz, Jd. Ângela, Capão Redondo, Cidade Dutra, Grajaú, Itaquera, São Miguel, Lajeado e Cidade Tiradentes.
Nas regiões de Sorocaba, Piracicaba e Ribeirão Preto Serra sai na frente, mas perde nos municípios da Grande São Paulo, do litoral, do Vale do Paraíba, Campinas, Itapetininga, Rio Preto, Marília, Araçatuba e Presidente Prudente. Araraquara, Bauru e Assis apresentam intenção de voto equilibrada entre as duas candidaturas.
A ampla vantagem de Dilma, no cenário apresentado, dificilmente será revertida, apesar do bombardeio midiático. Para desespero dos conservadores, Dilma deve ser eleita a primeira presidente mulher do Brasil já no primeiro turno.
Fonte: http://dilmavezportodas.blogspot.com/ (José Roberto Toledo e Daniel Bramattti)
domingo, 19 de setembro de 2010
Lula e o realinhamento da base social
Em artigo publicado neste domingo na Folha de S. Paulo, o professor André Singer retoma a tese segundo a qual as placas tectônicas sobre as quais se assentam as classes socias brasileiras se movimentaram, engendrando, em consequência, novos titulares da representação política do povo no Brasil.
Para o professor, Lula promove uma revolução distributivista silenciosa, sem rupturas e em ordem, angariando, com isso, a simpatia e adesão do povo a seu projeto político, sem assustar as elites dominantes, também benefciárias do modelo policlassista do atual governo.
A manutenção do conservadorismo macroeconômico - juros altos, câmbios flutuantes e superávits primários elevados - é mitigada por políticas desenvolvimentistas - créditos públicos, grandes obras, etc. e por políticas de transferência de renda - Bolsa-Família, crédito consignado, valorização do salário mínimo.
Nesse contexto, assevera Singer, o projeto lulista, agora encarnado na eleição de Dilma, se mantém enquanto conseguir um nível razoável de crescimento do PIB. Com isso, haverá os meios necessários para se bancar a chamada política "social-desenvolvimentista".
Só um segmento minoritário dos estratos médios, particularmente fortes em estados como São Paulo, insistem em ser refratários a esse projeto. Para eles, eleitores tucanos em potencial, o discurso moralista-udenista ainda tem repercussão. Isso talvez explique a sobrevida do PSDB paulista, provavelmente o último bastião de resistência ao lulismo.
Essa vasta maioria da população dialoga diretamente com a liderança de Lula, sem a intermediação das representações formais da socidade como sindicatos, entidades populares e diversos tipos de associações que, tradicionalmente, constituem a base organizada da esquerda.
Claro que essa constatação precisa levar em conta que o governo Lula tem o apoio majoritário dos chamados segmentos populares organizados. Centrais sindicais, organizações estudantis e centenas de movimentos sociais participam de conferências e atividades propiciadas pelo atual governo e se engajam na formulação de políticas para os diversos setores governamentais.
Parece que é importante, mas insuficiente, a opinião de que apenas as massas desorganizadas, por baixo, e os beneficiários capitalistas da atual política econômica, pelo alto, sejam os responsáveis pela imensa popularidade do presidente Lula e sua capacidade inquestionável de tornar vitoriosa a própria sucessão.
As dificuldades de diálogo com alguns estratos médios da população devem estar mais ligadas à artilharia pesada da mídia contra o governo, sem contestação à altura. Até porque, bem pesadas as coisas, é difícil encontrar algum setor da sociedade que não tenha experimentado algum tipo de usufruto do atual "feel good factor".
Para o professor, Lula promove uma revolução distributivista silenciosa, sem rupturas e em ordem, angariando, com isso, a simpatia e adesão do povo a seu projeto político, sem assustar as elites dominantes, também benefciárias do modelo policlassista do atual governo.
A manutenção do conservadorismo macroeconômico - juros altos, câmbios flutuantes e superávits primários elevados - é mitigada por políticas desenvolvimentistas - créditos públicos, grandes obras, etc. e por políticas de transferência de renda - Bolsa-Família, crédito consignado, valorização do salário mínimo.
Nesse contexto, assevera Singer, o projeto lulista, agora encarnado na eleição de Dilma, se mantém enquanto conseguir um nível razoável de crescimento do PIB. Com isso, haverá os meios necessários para se bancar a chamada política "social-desenvolvimentista".
Só um segmento minoritário dos estratos médios, particularmente fortes em estados como São Paulo, insistem em ser refratários a esse projeto. Para eles, eleitores tucanos em potencial, o discurso moralista-udenista ainda tem repercussão. Isso talvez explique a sobrevida do PSDB paulista, provavelmente o último bastião de resistência ao lulismo.
Essa vasta maioria da população dialoga diretamente com a liderança de Lula, sem a intermediação das representações formais da socidade como sindicatos, entidades populares e diversos tipos de associações que, tradicionalmente, constituem a base organizada da esquerda.
Claro que essa constatação precisa levar em conta que o governo Lula tem o apoio majoritário dos chamados segmentos populares organizados. Centrais sindicais, organizações estudantis e centenas de movimentos sociais participam de conferências e atividades propiciadas pelo atual governo e se engajam na formulação de políticas para os diversos setores governamentais.
Parece que é importante, mas insuficiente, a opinião de que apenas as massas desorganizadas, por baixo, e os beneficiários capitalistas da atual política econômica, pelo alto, sejam os responsáveis pela imensa popularidade do presidente Lula e sua capacidade inquestionável de tornar vitoriosa a própria sucessão.
As dificuldades de diálogo com alguns estratos médios da população devem estar mais ligadas à artilharia pesada da mídia contra o governo, sem contestação à altura. Até porque, bem pesadas as coisas, é difícil encontrar algum setor da sociedade que não tenha experimentado algum tipo de usufruto do atual "feel good factor".
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