sábado, 31 de outubro de 2009

2010: Lula x FHC

A sucessão presidencial de 2010 caminha para a polarização de dois projetos distintos para o país. Um deles é liderado pelo presidente Lula, o outro pelas viúvas de FHC. Esse é o fio condutor que deve orientar os partidos políticos nas eleições gerais de 2010.

PSDB, DEM ePPS compõem a oposição. Oposição sem programa, sem propostas e, até agora, sem candidato. Serra e Aécio não falam a mesma língua e empurram com a barriga a hora da decisão. Como a natureza e a política tem horror ao vácuo, o prolongamento da indefinição da campo conservador favorece o campo governista.

Serra tem dificuldades em administrar todas as contradições: disputa nacional com Aécio, diferenças em São Paulo com Alckmin e um governo Lula que parece Midas, onde toca tudo vira ouro.

Aécio tem problemas de outra natureza. Não está bem posicionado nas pesquisas e não tem respaldo dos tucanos de alta plumagem. Sua cotação subiu com o apoio de parte do DEM e pela alegada capacidade de agregar mais força do que seu rival paulista. Mas o senado parece ser o atalho político com que ele trabalha.

Na outra ponta, a candidatura  Dilma vai bem, obrigado. Ainda que as alianças só se concretizem efetivamente o ano que vem, é forte  a tendência para que a base de apoio do governo Lula marche unida nas eleições.

Para isso, o PT, partido do presidente Lula e da provável candidata Dilma, avança para tomar decisões corretas. Prioriza a sucessão presidencial, o aumento da bancada no Congresso e abre espaço para apoiar candidatos de outros partidos nas eleições para o governo do Estado, principalmente nos maiores colégios eleitorais (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais).

Todas as eleições presidenciais no Brasil são difíceis e muito disputadas. Esta não fugirá a regra. Mas são amplas as possibilidades de vitória do bloco de forças progressistas. O triunfo eleitoral em 2010 será um importante estímulo para a continuidade e aprofundamento das mudanças em curso no Brasil e na América Latina.

O avião, a floresta e os índios

Um avião monomotor cai em plena Floresta Amazônica e dos onze tripulantes e passageiros pelo menos nove se salvam. Os sobreviventes foram encontrados por indígenas da tribo Matis, que estavam caçando na região. Por rádio, os índios avisaram as autoridades sobre o acidente e vinte e quatro horas depois todos foram resgatados sãos e salvos.

Tudo isso ocorreu esta semana. Se fosse filme, jamais seria tratado como documentário. Seria  ficção, filme de aventura ou de terror. Yo no creo en las brujas, pero que las hay, las hay...

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Venezuela no Mercosul

A Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou nesta quinta-feira, por 12 a 5, o ingresso da Venezuela ao Mercosul. Essa decisão é muito importante para o Brasil e para a região. Com a Venezuela, o Mercosul soma uma população de 250 milhões de pessoas e um PIB de um trilhão de dólares.

O Mercosul, organizado desde 1991, é constituído pela República Argentina, República Federativa do Brasil, República do Paraguai e República Oriental do Uruguai, os chamados Estados Partes.

Os Estados associados são Bolívia, Chile, Peru, Equador e Colômbia. O fortalecimento do Mercosul é uma resposta no sentido contrário à NAFTA e aos tratados de livre comércio (TLC) bilaterais que os EUA procuram impor à região.

Os senadores que se opunham a essa decisão contrariavam os interesses do Brasil e da integração latino-americana, um dos objetivos estratégicos do país. A República Bolivariana da Venezuela, presidida por Hugo Chávez, deslocou o eixo de sua economia do norte para o sul, e isso só traz vantagens para o Brasil e para o Mercosul.

Alguns números: o saldo comercial do Brasil com a Venezuela é de 4,6 bilhões de dólares, enquanto com os EUA é de apenas 1,6 bilhão de dólares. Além disso, empresas brasileiras tem grandes negócios no vizinho país.

A Odebrecht tem contratos de 10 bilhões de dólares para a construção de 80 km do metrô de Caracas, ponte sobre o Rio Orinoco e outras obras. A Camargo Corrêa tem negócios de um bilhão de dólares, a Andrade Gutierrez de 4 bilhões de dólares, a Brasken de 1,5 bilhão de dólares e a Gerdau de 92 milhões de dólares.

Além disso, a Venezuela tem um Fundo Nacional de Desenvolvimento de 17 bilhões de dólares. Hisotricamente, os principais parceiros comerciais da Venezuela tem sido os EUA e a Colômbia. Agora, pode vir a ser o Mercosul, principalmente depois da saída desse país do Pacto Andino.

A Venezuela importa 70% de tudo o que consome e sua fonte essencial de renda é o petróleo. O país tem a sexta reserva certificada de petróleo do mundo, com 80 bilhões de barris, e estima-se que tenha mais 236 bilhões de barris na região do Rio Orinoco.

O ingresso da Venezuela no Mercosul é estratégica para a região, em todos os sentidos. Os argumentos políticos contra o governo Hugo Chávez não se sustentam. O país defende uma solução política para a crise da Colômbia porque, entre outras coisas, há dois milhões de colombianos morando na Venezuela e a opção militar unilateral do governo Uribe contra as FARC gera tensões internas.

Em matéria de democracia, Hugo Chávez realizou doze eleições desde 1998 e só perdeu uma. E a oposição, ao contrário do que se insinua, não só tem atuação legal como dirige cidades importantes, como a capital Caracas.

O posicionamento de Chávez contrário às bases militares na Colômbia e a reativação da Quarta Frota dos EUA, uma clara ameaça à soberania dos países da região, é compartilhado por todos os países do Mercosul. 

A luta por um novo projeto nacional de desenvolvimento do Brasil tem na integração latino-americano um dos seus pilares essenciais. A entrada da Venezuela no Mercosul joga água nesse moinho.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

"Cheirinho de alecrim"

25 de abril de 1974, data da Revolução dos Cravos emcravo Portugal, foi celebrada por Chico Buarque com a música "Tanto Mar". O mar, na simbologia da música, separava geográfica e politicamente o nosso país  de Portugal.

Lá, eles celebravam a derrubada da ditadura. Aqui nós amarguraríamos mais uma década de regime militar. O cheirinho de alecrim da música era o aroma da liberdade. Talvez o nosso poeta tenha dito alecrim, e não cravo, para driblar a censura da época. Talvez.

Mas os anos passam e o cheiro de alecrim, agora, domina o ambiente de nuestra America. E a turma d'além mar experimenta uma onda conservadora.

 Talvez valha lembrar um trecho de uma das versões da música: "Já murcharam tua festa, pá / Mas certamente / Esqueceram uma semente / Nalgum canto de jardim".

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Frente Ampla firme e forte no Uruguai!

A República Oriental do Uruguai é um país de 3,4 milhões de habitantes, formado basicamente a partir de imigrantes italianos e espanhois. Pelo bom padrão de vida que já teve, chegou a ser apelidada de a "Suiça da América".

O Uruguai foi protagonista da maior derrota da história do futebol brasileiro, ao vencer a seleção canarinho na final da Copa do Mundo em 1950, em pleno Maracanã, diante de 200 mil torcedores estupefatos.

Durante um bom período, eu me lembro bem disso, derrotar o Uruguai era questão de honra para os brasileiros, rivalidade esportiva praticamente igual a existente contra a Argentina. Hoje o Uruguai perdeu força no futebol e a rivalidade é bem menor.

Pero, nuestros hermanos, como a maioria dos países da América Latina,  também derrotaram  o conservadorismo neoliberal, representado naquele país pelos Colorados e pelos Blancos. Há cinco anos a Frente Ampla venceu as eleições e dirige o país com Tabaré Vasquez, ampoiando o leque de governos progressistas na região.

Nunca antes na história do nosso continente tantos fatores positivos se juntaram. Governos progressistas, integração e por aí vai. As Veias Abertas da América Latina, do grande escritor uruguaio Eduardo Galeano, parecem que sangram menos na atualidade.

Aqui no nosso Continente, ao contrário do que ocorre, por exemplo, na Europa, a esquerda, as forças democráticas e nacionalistas ganham força. Por isso a importância de cada disputa política, seja o repúdio ao golpe hondurenho ainda inconcluso, seja pela expectativa de manutenção da Frente Ampla (FA) do uruguai dirigindo o país irmão.

Neste domingo a Frente  Ampla  quase fatura a eleição no primeiro turno. Segundo projeções, a FA obteve 49,18% dos votos válidos. Com isso, José Mujica irá ao segundo turno contra o candidato conservador.

No Senado, a Frente Ampla conquistou a metade das cadeiras, perdendo uma vaga em relação à eleição passada. Ocorre que a legislação uruguaia prevê que o vice-presidente eleito ocupa a presidência do Senado. Com isso a Frente Ampla passa a ter maioria absoluta na Câmara Alta com a provável vitória no segundo turno.

Na Câmara Federal, com 99 cadeiras, a Frente Ampla deve eleger 50 deputados, o que lhe dá maioria absoluta. Sob qualquer ponto de vista, foi um resultado eleitoral positivo, demonstra a consolidação de um projeto político apoiado pela maioria dos uruguaios.

A direção e a militância da Frente Ampla, no entanto, achavam que podiam liquidar a fatura no primeiro turno, da mesma forma que nas últimas eleições presidenciais brasileiras antecipava-se uma vitória do Lula e a disputa foi para o segundo turno.

A Frente Ampla é favorita no segundo turno, mas enfrentará uma oposição conservadora unida. Como no futebol, eleição é uma caixinha de surpresas, daí um certo regozijo da direita uruguaia pela nova disputa, em novembro .

Vamos lutar pela vitória da Frente Ampla e manter a rota progressista de Nuestra America!

uruguai