O artigo "O 'Despreparo' do Sindicalismo", postado neste blog e reproduzido no portal da CTB, foi avaliado criticamente, por intermédio de uma mensagem (texto abaixo, de Júlio Filipe) . Reproduzo-o, para alimentar o debate.
"Permitam-me três apontamentos críticos:
1) Parece-me mais acertada a visão da CTB, sobre os desenvolvimentos da crise capitalista, expressa na sua intervenção no F.S.Mundial, em Belém do Pará, bem como sobre a atitude a tomar pelos Sindicatos. A situação actual tem características verdadeiramente excepcionais, devendo as respostas sindicais estarem à altura, ultrapassando procedimentos e práticas próprias dos períodos históricos "normais".
2) A situação na Embraer, pelas suas características exemplares, pode e deve ser transformada num importante pólo para a acção dos sindicatos de classe, que nela devem empenhar o máximo de energias, exigindo a reintegração total dos despedidos ou a imediata renacionalização. Todos os trabalhadores, os sindicatos, o governo, a imprensa (a má e a boa) a opinião pública, tudo aguarda que decisões e solução virão. Não podemos defraldar as justas expectativas.
3) A ideia "ou todos nos salvamos, ou o naufrágio é geral" pode ter uma aplicação justa, quando aplicada aos trabalhadores e à sua unidade, contra os responsáveis pela crise - apesar de os governos capitalistas andarem ultimamente a usá-la - mas parece-me menos apropriada usada como foi, no âmbito do fórum das Centrais. Na verdade, a actuação de centrais e sindicatos amarelos e reformistas, todos os dias aí estão a demonstrar, com acordos de traição, que nada lhes importa a unidade e a salvação dos trabalhadores. Saudações fraternas."
Fica registrada a opinião. Sinteticamente, concordo que a expressão "ou todos nos salvamos, ou o naufrágio é geral" não é apropriada, por suscitar interpretações contrárias ao que se queria realçar - a importãncia da unidade. Concordo também que a luta pela reintegração dos trabalhadores da Embraer é fundamental e pode ser um momento de clivagem no enfrentamento das demissões.
Quanto a "atuação de centrais e sindicatos amarelos e reformistas ... com acordos de traição ..." julgo ser necessário uma análise mais equilibrada, contextualizada na realidade sindical brasileira. Há um realinhamento no movimento sindical do Brasil. Centrais antes de esquerda ou de direita migram para o centro, embaralhando o jogo e exigindo novas abordagens sobre quem é quem no sindicalismo do país. Para além dessa realidade cambiante, e principalmente com a emergência da crise e sua expressão mais dramática - o desemprego - a postura que parece ser mais ajustada é a de impulsionar todos os esforços para unir as centrais na luta pela preservação do emprego, dos salários e dos direitos, combatendo-se, simultaneamente, toda e qualquer ação tendente a fazer o jogo do capital contra o trabalho.
Lutas e atos unitários (como, opor exemplo, a proposta da CTB de realizar um ato naciona unitário no dia primeiro de maio e não a pulverização em diversos atos) é um caminho que reforça e não prejudica a luta dos trabalhadores.
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