quarta-feira, 28 de outubro de 2009

"Cheirinho de alecrim"

25 de abril de 1974, data da Revolução dos Cravos emcravo Portugal, foi celebrada por Chico Buarque com a música "Tanto Mar". O mar, na simbologia da música, separava geográfica e politicamente o nosso país  de Portugal.

Lá, eles celebravam a derrubada da ditadura. Aqui nós amarguraríamos mais uma década de regime militar. O cheirinho de alecrim da música era o aroma da liberdade. Talvez o nosso poeta tenha dito alecrim, e não cravo, para driblar a censura da época. Talvez.

Mas os anos passam e o cheiro de alecrim, agora, domina o ambiente de nuestra America. E a turma d'além mar experimenta uma onda conservadora.

 Talvez valha lembrar um trecho de uma das versões da música: "Já murcharam tua festa, pá / Mas certamente / Esqueceram uma semente / Nalgum canto de jardim".

Um comentário:

  1. Prezado camarada:
    A mencionada canção foi escrita em 1975, como saudação a uma revolução, uma revolução democrática e nacional (e não uma transição, pacífica e negociada) iniciada com um levantamento militar em Abril de 74 e logo secundada por um levantamento popular insurreccional e de massas que, durante pouco mais de ano e meio, transformou completamente as realidades política, económica, social e cultural da sociedade portuguesa, num país antes sujeito à ditadura fascista durante décadas. A versão da letra do Chico que o camarada cita, no seu texto algo impreciso , é de 1976, exactamente após e para assinalar o golpe contra-revolucionário de Nov/75, conduzido pela direita militar e pelo "socialista" Mário Soares, um autêntico pai da contra-revolução em Portugal, um amigo íntimo da CIA.
    Assim, em Portugal, "a turma de além-mar" bate-se há já 33 anos contra as políticas de direita dos sucessivos governos de turno do capital, isto é, a onda conservadora que refere não é de agora...
    E, imagine o camarada, não obstante todas as manobras, discriminações e campanhas anti-comunistas, os comunistas portugueses, sempre na oposição, nas últimas eleições legislativas (nas quais o PS, no poder, perdeu mais de 1/4 dos votos anteriores) obtiveram mais votos e elegeram mais um deputado!
    Em conclusão: lá, a turma continua na luta, com muita determinação e fidelidade aos ideais de Abril, prosseguindo a sementeira dos cravos vermelhos da revolução - e, claro, sempre com um inconfundível e muito próprio "cheirinho a alecrim".
    Saudações cordiais.

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