Por esse estudo, o 13º salário injeta R$ 84,8 bilhões (2,8% do PIB) no mercado, beneficiando quase 70 milhões de pessoas. Todo esse dinheiro se volta para o mercado interno, aquece a economia pela via do aumento da demanda, ou o consumo das famílias, como gostam de falar os economistas.
Esse universo de beneficiários é assim distribuído:
a) 26,8 milhões de aposentados e pensionistas do INSS (38,3%) recebem R$ 17,1 bilhões;
b) 40,4 milhões de assalariados do setor público e privado (57,7%) recebem R$ 57,6 bilhões;
c) 1,8 milhões de empregados domésticos (2,5%) recebem %$ 996,5 milhões;
d) 983,9 milhões de aposentados da União (1,4%) recebem R$ 4,8 bilhões, e
e) Aposentados dos estados (quantidade não disponível) recebem R$ 4,4 bilhões.
O valor médio do 13º salário é de R$ 1.390,00. Para comparação, o Dieese calcula, com base no mês de novembro, que o salário mínimo necessário de uma família de quatro pessoas, para cumprir o que diz a Constituição, deveria ser de R$ 2.139,06 (o salário mínimo nominal, no Brasil, é de R$ 465,00).
Os empregados formais, baseados na atividade econômica, são assim distribuídos:
a) indústria: 7.958.831 (19,7%);
b) Construção Civil: 2.098.800 (5,2%);
c) Comércio: 7.425.580 (18,4%);
d) Serviços (incluindo administração pública): 21.340.799 (52,9%);
e) Agropecuária, pesca e correlatos: 1.550.144 (13,8%).
Esses números mostram a importância de uma política permanente de valorização do salário mínimo. De um universo de 70 milhões de assalariados e aposentados no Brasil, 43,4 milhões recebem até um salário mínimo. Como de 2003 a 2009 o salário mínimo teve um aumento real de 44,95%, o impacto positivo favorece a maioria e acaba ajudando todas as faixas salariais.
No entanto, ainda é baixo o salário pago no Brasil. O salário mínimo necessário do Dieese (R$ 2.139,06) está acima até do salário médio praticado no país. O incremento salarial, embora positivo nesse último período, ainda não consegue acompanhar os ganhos de produtividade da economia.
O resultado mais visível disso é que a participação relativa do trabalho na renda nacional, em geral, é decrescente. Esse é um dos principais indicadores da desigualdade social e um dos entraves estruturais a ser superado no Brasil.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a esse respeito, afirma "que para haver melhora geral na distribuição da renda nacional torna-se necessário que o aumento do peso relativo da parcela do trabalho na renda nacional (repartição funcional) ocorra simultaneamente à redução da desigualdade na repartição pessoal da renda do trabalho".
Traduzindo para o Português: a turma do andar de baixo precisa superar dois desafios: 1) aumentar a renda do trabalho diante do capital e 2) diminuir a distância entre a base e o pico da pirâmide salarial.
Um novo projeto nacional de desenvolvimento precisa colocar no topo da agenda o aumento da participação da renda dos trabalhadores na distribuição funcional da renda nacional.
O artigo sobre os dados salariais está muito bom.
ResponderExcluirObrigado por esta grande contribuição em tão pequeno espaço e linhas.
Por estes dados podemos considerar como é fácil planejar uma economia nacional e ao mesmo tempo como é difícil governar pessoas quando elas são distraídas por milhões de coisas, sons e imagens para que não compreendam esta verdade tão simples de elas podem governar-se desde que tenham conhecimento científico da própria realidade e da realidade internacional.