Aproveitei o feriadão e reli o informe de Hu Jintao ao 17º Congresso do Partido Comunista da China. A quem interessar possa, apresento as seguintes notas, por achar que elas tenham, por analogia, algum interesse no debate sobre o Brasil. Alerto que o texto não tem rigor acadêmico(esta praia não é minha).
Em 1978, data emblemática, a China ingressou em um novo período, denominado de "Reforma e Abertura". Depois de quase 30 anos de construção da Nova China, o Partido Comunista inicia uma nova grande revolução, com o objetivo de libertar e desenvolver as forças produtivas e modernizar o país.
Os chineses afirmam que tudo isso é produto do desenvolvimento teórico e prático do marxismo adaptado às condições singulares daquele país, desenvolvimento este que contempla três gerações:
1) a primeira é a de Mao Zedong e seu pensamento, que dirigiu a Revolução Chinesa (1949) e, apesar das vicissutudes da Revolução Cultural, é pré-requisito para a construção da Nova China, que durou quase trinta anos;
2) a segunda é a de Deng Xiaoping, que teve que enfrentar a precária situação decorrente da "Revolução Cultural" (1966/1976). É desse período (1978) o enunciado de emancipar o espírito e procurar a verdade nos fatos. A partir daí, diz Jintao, "se repudiou completamente a errônea teoria e prática de tomar a luta de classes a questão chave e se desviou o foco do Partido e do Estado para o desenvolvimento econômico e se introduziu a reforma e a abertura";
3) a terceira geração é a de Jiang Zemin. Ele avançou na reforma e na abertura e iniciou a nova economia socialista de mercado. Introduziu também a Teoria da Tríplice Representatividade (* vide conceito abaixo) e o desenvolvimento científico com harmonia social.
Com isso, a China se transformou de uma economia planificada altamente centralizada em uma robusta economia socialista de mercado. Os chineses consideram que, na atualidade, a contradição principal que eles enfrentam são as crescentes necessidades materiais e culturais diante do baixo nível de produção social.
Dessa forma, o desenvolvimento passa a ser a prioridade máxima, decisivo para a construção de uma sociedade moderamente próspera, como eles dizem. No balanço feito no 17º Congresso do Partido, o país exibiu crescimento médio anual superior a 10% de 2001 a 2005, houve maior equilíbrio entre as regiões e o nível de vida melhorou. A população pobre, por exemplo, caiu de 250 milhões para 20 milhões.
Mas não param por aí. Os chineses explicam que precisam acertar o passo com os tempos atuais e superar três desafios: o que é o socialismo e como construí-lo, que tipo de Partido devemos construir e como construí-lo e que tipo de desenvolvimento devemos alcançar e como alcançá-lo.
A experiência chinesa talvez seja a mais emblemática dos tempos atuais. A questão de colocar o desenvolvimento em um patamar superior à luta de classes deve ser compreendido, acredito eu, nos marcos específicos de um país em que o Partido Comunista está no poder e luta por harmonia social.
Resumidamente, Hu Jintao elencou estas principais questões em seu informe:
1) Construir o socialismo de caráter chinês;
2) Avançar na Teoria da Tríplice Representatividade;
3) Dar perspectiva científica ao desenvolvimento;
4) Continuar a emancipar o pensamento;
5) Persistir na reforma e na abertura;
6) Promover a harmonia social;
7) Lutar por novas vitórias na construção de uma sociedade moderadamente próspera (até 2020).
(*) Teoria da Tríplice Representatividade, segundo a Rádio Internacional da China.
O PC da China deve "1) representar as exigências do desenvolvimento das forças produtivas na China; 2) representar a direção do avanço da cultura e 3) representar sempre os interesses fundamentais das amplas massas".
A base orientadora do PC da China, segundo o texto da Rádio Internacional da China, é o marxismo-leninismo, o pensamento Mao Zedong, a Teoria de Deng Xiaoping e a Teoria da Tríplice Representatividade.
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