Os sindicatos dos Metalúrgicos do ABC (principal entidade da CUT no Brasil) e de São Paulo (principal entidade da Força Sindical) realizaram nesta sexta-feira, 8, uma grande manifestação com cerca de 30 mil trabalhadores.
O ato unitário dos dois sindicatos, que chegou a parar a Via Anchieta (estrada que liga São Paulo ao litoral sul paulista) expôs um dramático problema que atinge a economia do país: a perda de espaço da indústria e, em consequência, a diminuição dos empregos industriais.
Muita coisa se pode falar a respeito dessa manifestação, mas neste espaço destaco algumas questões. Em primeiro lugar, ao contrário do discurso de alguns dirigentes nacionais da CUT, a prática fala mais alto e a unidade nesta e em outras batalhas é fundamental.
Enquanto em plano nacional os cutistas falam que não podem abrir mão de seus "princípios" em troca da unidade, os metalúrgicos do ABC, de longe a mais importante vitrine do sindicalismo da CUT, inauguram uma nova etapa de ação unitária bem no coração da central, o ABC.
Quanto ao mérito da luta, também aí os dois sindicatos acertaram. A perversa combinação de juros altos e câmbio valorizado torna as mercadorias produzidas no país mais caras e, com isso, diversos setores da economia, em particular a indústria, perdem competitividade.
A precoce desindustrialização no Brasil, como muitas vozes vem alertando, pode limitar em demasia o crescimento econômico do país. Exportar commodities e outras mercadorias de baixo valor agregado e importar produtos industrializados é um tiro no pé.
Para os trabalhadores, significa a geração de empregos de baixa remuneração e qualidade inferior. As estatísticas apontam que boa parte dos empregos gerados nos últimos anos se situa na faixa até dois salários mínimos, valor muito baixo e incapaz de sustentar um mercado interno robusto.
A agenda unitária do movimento sindical brasileiro precisa reforçar a luta por profundas mudanças na política macroeconômica e por uma vigorosa política de estímulo à indústria, a principal geradora de empregos qualificados e com salários maiores.
Os juros praticados no Brasil precisam acompanhar a média dos países de economia mais avançada e a política cambial não pode flutuar livremente de acordo com os interesses especulativos do setor financeiro. O câmbio precisa ser uma alavanca para aumentar, e não diminuir, a competitividade industrial do país.
A nossa presidenta Dilma Rousseff, até o momento, não tomou iniciativas importantes para desarmar essa armadilha que impede o deslanche da economia nacional. A expectativa é de que ela aprofunde as mudanças e não se limite a fazer mais do mesmo nesta área sensível para o futuro do país.
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