segunda-feira, 7 de maio de 2012

Grécia: impasse longe do fim

A Grécia ocupa o centro do noticiário internacional pela profundidade, amplitude e duração da crise política, econômica e social. A União Europeia, com a Alemanha à frente, impõe um indigesto cardápio econômico que liquida com a soberania dos gregos, aprofunda o país na recessão e aumenta a penúria do povo.

Refletindo essa realidade caótica e sem uma alternativa política clara, as eleições gerais de domingo aprofundaram a confusão no já conturbado quadro político grego. A dispersão nos votos nubla o horizonte político daquele país e carrega de incertezas o futuro.

As eleições deste ano, em comparação com as de 2009, teve 623.358 votos a menos. O Partido Comunista da Grécia obteve um "pequeno crescimento", segundo a opinião da secretária-geral do Partido. O PC da Grécia obteve 531.195 votos, 1% a mais do que em 2009, e elegeu 26 deputados. A expectativa da direção era mais otimista.

Os partidos da atual coalização governante, no entanto, foram os que amargaram os piores resultados. A Nova Democracia, liberal, o mais votado, teve apenas 1.183.465 votos (18,9%), 1.112.254 a menos do que em 2009. Elegeu 108 deputados porque a lei eleitoral grega garante 50 deputados adicionais ao partido vencedor.

O social-democrata PASOK, que em 2009 foi o grande vitorioso com 44% dos votos, sofreu profunda derrota. Ficou com pífios 827.237 votos, 13,2% e viu sua bancada reduzir de 160 para 41 deputados! Com isso, a atual coalização, somada,  tem 32,1% dos votos, sem condições de formar o governo sem ampliar a aliança.

Quem mais cresceu foram os agrupamentos SYRIZA - passou de 13 para 52 deputados -  e os chamados Gregos Independentes, racha da Nova Democracia, que alcançaram 33 deputados. Cisões da Syriza e do Pasok, aglutinados na Esquerda Democrática, elegeram 19 deputados.

O dado preocupante foi o espetacular crescimento do grupo fascista Amanhecer Dourado. Em 2009 conquistaram ridículos 19.624 votos (0,3%). Nestas eleições, aproveitando a crise e fazendo discurso racista contra os imigrantes, fizeram bancada pela primeira vez: 21 deputados e 7% dos votos (436.901).

As análises iniciais das eleições gregas constatam que os resultados apontam para uma crise de alterativa na Grécia. Crise de governabilidade, dispersão de votos à esquerda e à direita, maior abstenção e sem uma força política capaz de canalizar a revolta popular e apontar um rumo que resgate a Grécia do atoleiro.





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