A nova (nova?) campanha midiática tem o objetivo de jogar merda no ventilador do parlamento e dos seus ocupantes. Para isso, adotam o lema das delegacias (transformar lagartixa em jacaré) quando o indigitado não cai nas boas graças da autoridade de plantão.
A mídia verbera contra o caixa dois mas não aceita financiamento público de campanha. Execra o troca-troca partidário e a falta de organicidade dos partidos, mas põe o mundo abaixo quando se fala em votação em lista partidária.
É pura hipocricia. Essa campanha toda acaba irrigando a horta da direita. A base social da esquerda é muito mais crítica e sensível à essa campanha de desmoralização do parlamento. A base social da direita é palatável, aceita o vale-tudo, mesmo docemente constrangida.
Toda essa marola pode estar associada a uma tentativa de, preventivamente, demonizar possível aliança ampla em prol da continuidade política em 2010. É um saco de gatos os acordos políticos heterogêneos, na opinião esquemática dos publicistas midiáticos.
Vislumbrando uma situação em que o palanque de Serra ou de Aécio seja bem menos nutrido do que aquele do campo lulista, procura-se nublar o panorama e semear confusão. Eu, por exemplo, nunca vi ninguém criticar o amplo leque de apoio ao governo Serra na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Aqui, vários partidos que apoiam Lula em plano federal estão muito bem, obrigado, com o governador Serra. É o caso, por exemplo, de partidos como o PSB, PDT, sem falar no PMDB, PTB, PV. Oposição só o PT, PCdoB e PSOL.
A cultura política brasileira criou partidos assim, sem configuração programática nacional, regionalistas, pragmáticos, as mais das vezes dependentes e apêndices dos governantes de plantão. Nas Minas Gerais de Aécio é a mesma coisa.
Nós mesmos, bombardeados pela mídia, às vêzes caímos no canto de sereia e também passamos a criticar o Sarney, o Michel Temer, o Jader Barbalho e por aí vai. Os políticos "éticos" como Gabeira, Jarbas Vasconcelos, Suplicy e Pedro Simon são, todos eles, lobos vestidos com pele de cordeiro. Querem surfar na onda do moralismo udenista e posar de campeões dos bons costumes políticos. Não dou uma pataca furada por eles!
Cair nesse esquematismo fácil e maniqueísta de querer dividir as posições por critérios morais e não políticos e ideológicos é fazer o jogo do conservadorismo, é navegar nas águas rasas do senso comum, essa miséria acrítica que não consegue distinguir a diferença entre essência e aparência.
Campanhas desse tipo podem abrir caminho para ditaduras. É o que penso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário