sábado, 30 de maio de 2009

Tsunami ou marola?


Tenho participado de diversos debates sobre a atual crise do capitalismo. Em todas, a pergunta recorrente: a crise no Brasil é uma marola, como disse o presidente, ou um tsunami, como torce a oposição conservadora?
Eu respondo não para as duas hipóteses. Mais por percepção do que por convicção. O centro de gravidade da crise são os países capitalistas centrais. Outros países, o Brasil incluído, são afetados desigualmente.
Se o PIB brasileiro desaba de quase 6% para zero, a pancada é violenta. Mais desemprego, menos produção, menos consumo, menos crédito, tudo diminui. Essa é uma constatação acaciana.
Ocorre que em alguns setores parece que há sinais de lenta recuperação, assim como as estatísticas do mercado formal de trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego também registram ligeira reversão diante do quadro negativo do último trimestre do ano passado e primeiro trimestre deste ano.
No entanto, não existe a sensação de quebradeira geral na economia, como em alguns países. Ninguém sabe quanto tempo vai durar e qual vai ser a amplitude e profundidade da crise. Os porta-vozes do governo, por dever de ofício, dizem que em 2010 a coisa vai melhorar. É mais aposta do que uma previsão com base na realidade.
Toda crise com essa magnitude tem consequências políticas, econômicas e sociais. Para os trabalhadores, o drama maior é o desemprego. Entre os capitalistas, há também um rearranjo. Para ficar em um só exemplo, veja-se a Sadia, quebrada com o rombo provocado pelos derivativos, sendo obrigada a se associar com a sua concorrente Perdigão.
Os países também não serão os mesmos pós-crise. Os EUA perdem terreno, a China e outros avançam, pode pintar uma nova reconfiguração da ordem mundial. E o Brasil? Na outra crise braba do capitalismo, a de 1929, o Brasil deu um salto para a frente.
Crise e oportunidade, eis a questão. Conseguirá o Brasil forjar um amplo pacto político e social capaz de descortinar novos horizontes, valer-se da atual situação para emergir como grande potência? Esse é o desafio da hora presente.

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