Jamil Murad e Netinho, vereadores paulistanos do PCdoB, promoveram nesta segunda-feira um seminário sobre democracia e mobilidade urbana. Especialistas do setor fizeram exposições sobre um dos principais gargalos urbanos - o trânsito engarrafado.
Algumas ideias que rolaram no seminário: as diferentes classes sociais ocupam os espaços urbanos de acordo com o seu poder econômico. Quem detém o poder econômico tem também o poder político. Vai daí que a cidade segue a lógica do mercado, não do planejamento urbano racional.
São Paulo, por exemplo, com onze milhões de habitantes, torra a fatia mais generosa do orçamento na região sudoeste, onde moram, trabalham, estudam, fazem compras, vão ao médico e se divertem os ricos. Lá tem viadutos, túneis, metrô, trem, ônibus sempre em quantidade e qualidade acima da média. O Metrô da Paulista e o trem da CPTM que corre às margens do Rio Pinheiros, por exemplo, não são lotados, neles há ar condicionado, música ambiente, estações confotáveis, etc. Uma festa.
A zona sudoeste é onde ficam os Jardins, o Morumbi, Alto de Pinheiros, Itaim, Ibirapuera, Vila Mariana, Paraíso, Perdizes, o Palácio do Governo, o estádio do São Paulo, o Jóquei Clube, a Daslu, o Fasano, o Incor, o Hcor, o Albert Eistein, o Síroo-Libanês.
O cara nasce, cresce, estuda, vive, fica mais rico, se diverte, come, compra, gasta e se trata e até morre e é enterrado sem precisar sair da zona sudoeste. O problema do Brasil e das cidades não é a pobreza em si, e sim a má distribuição da riqueza, afirmou um dos professores-palestrantes.
Já o pobre-diabo que mora na região mais populosa de São Paulo, a zona leste, trabalha na zona sul, e a mulher na zona oeste. O filho estuda no centro e cada um faz um itinerário diferente, gastam mais horas e mais dinheiro no percurso.
A Região Metropolitana de São Paulo tem 20 milhões de habitantes e uma frota de 8 milhões de veículos. O transporte individual responde por metade das 38,3 milhões de viagens feitas ao longo do dia. O cidadão é induzido ao transporte individual por fatores econômicos, pelo tempo e pela necessidade.
Poluição, doenças respiratórias, trânsito lento, mortes por atropelamentos (só em São Paulo, cidade, 2.300 mortes/ano). Resumo da ópera: eu que não tenho automóvel, dou minha cota de contribuição. Mas se depender de iniciativas individuais, só no terceiro milênio as coisas se resolverão. O negócio é reverter, o que não é fácil, a grande prioridade que a indústria automobilística impôs ao país: milhões de automóveis e abandono do transporte coletivo, principalmente sobre trilhos.
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