segunda-feira, 26 de julho de 2010

Venezuela e sua revolucáo

A Venezuela comemora o bicentenário de sua Independência, prepara-se para as eleicóes parlamentares de 26 de setembro e enfrenta uma nova ofensiva de provocacáo do governo direititista da Colômbia, Uribe.

Neste sábado, dia 24, celebrou-se o aniversário de Símon Bolívar, principal referência de libertacáo do colonialismo espanhol para a Venezuela, Colômbia, Equador, Bolívia, Panamá e Peru.

Visitamos a casa onde Bolívar nasceu e um museu anexo. Cinco mil pessoas passaram pelo local no sábado. Objetos pessoais, mobília, pinturas, textos, documentos históricos remanescentes do grande líder latinoamericano compóem o acervo das duas casas.

A comemoracáo do aniversário de Bolívar foi associada ao bicentenário da Independência da Venezuela. Sob a lideranca de Cháves, há um notável esforco para se dar um nexo histórico evolutivo entre a Independência e a Revolucáo Bolivariana em curso.  Esse é o sentido das muitas intervervencóes do presidente.

Em meio as celebracóes e a preparacáo das eleicoes, uma provocacáo de Uribe, que tenta passar para a comunidade internacional a fantasiosa versáo de que Chávez seria leniente com a alegada presenca de militantes das Farc na Venezuela.

Tudo isso em meio ao ocaso do governo Uribe, o que levanta a suspeita de tentastiva de interferir no processo eleitoral venezuelano. Quatro milhóes de colombianos vivem na Venezuela.  Há aqui quem ache que isso também pode interferir no quadro eleitoral brasileiro (lembrem-se das declaracóes do vice de Serra).

Parece que hà uma clara relacáo de causa e efeito entre as eleicóes na Venezuela, o aumento da presenca militar dos EUA na regiáo (agora tambèm na Costa Rica) e as ameacas de Uribe.

A revolucáo bolivariana, que procura abrir novas vereadas para o povo, também foi impactada pela crise econômica. Um exemplo: o petróleo, que representa 1/3 do PIB do paìs, teve violenta queda nos precos e isso prejudicou a economia do país. Os precos subirem e a situacao està se normaloizando, para desespero dos opositores.

Apesar disso, a Venezuela tem algumas vulnerabilidades. Precisa importar alimentos e o suprimento de energia elétrica tem suas instabilidades (sáo as tais soberanias alimentar e energética). Diminuindo a oferta dos alimentos e com o problema elétrico, o resultado é difícil para qualquer governo: alimento e energia com oferta controlada, além das suspeitas de desabastecimento criminoso.

A principal voz da oposicáo è a mídia. Os chavistas acuasam também setores empresariais, da cúpula da igreja,  estudantes, ONGS financaidas do estrangeiro  e primncipalmente os EUA, claro.

Mas o que se destaca è a mídia. A guerra midiática aqui é feroz, parece náo haver meio-termo, mas alguns analistas consideram que se o governo enfrenta dificuldades,  a oposicáo também náo tem uma lideranca unificada para se colocar como alternativa.

 A mobilizacáo do PSUV para as eleicóes é muito forte, e emissoras como a Globovision fazem com que a nossa mídia pareca moderada... Os meios a favor do governo (TVs, jornais, emissoras de rádio, náo tem qualquer paralelo com o Brasil, neste ítem perdemos de goleada.

Sáo impressóes rápidas sobre a conjuntura da Venezuela. Chávez prepara a populacáo para o pior - ataque militar da Colômbia e, como resposta, suspensáo da exportacáo de petróleo para os EUA. A tendência, parece, è que náo se chege a esse extremo:  a posse do novo presidente colombiano pode atenuar o atual grau de tensionamento entre os dois países vizinhos.

É a segunda vez que venho aqui (a outra vez faz dois anos) e acho que a sensacáo de relativa melhora é perceptível, mesmo com as sequelas da  crise, embora náo disponha de muitos dados para comparar. A fala de Chávez no III Encontr Nossa América é emblemática: ele disse que é mais fácil ir à lua do que construir o socialismo!

Mudando de assunto: visitamos um morro de Caracas (favelas parecidas com as do Rio, pela topografia) com o novo teléferico, vários vagóes com capacidade para oito passageiros cada um, gratuito, que desfila morro acima levando o pováo.

Dá um friozinho na barriga, quem tem vertigem náo pode se aventurar. A viagem dá uma sensacáo - real! -  de que você está pendurado no alto e olhando o grande vazio abaixo,  sensacáo mais forte, por exemplo,  do que o bondinho do páo-de-acúcar no Rio.

Mas é muito mais interessante do que o famoso telefético caraqueño, principal atracáo turìstica da capital venezuelana. Os trenzinhos sobem morro acima, as pessoas chegam perto de sua casa. O impacto urbanístico é bem maior do que os famosos CEUs da periferia de SP implantados durante a gestáo Marta, principalmente porque toda a regiáo central e arredores da cidade veem as máquinas se movimentando morro acima.

No topo dos morros há vistosas plataformas, coisa bastante moderna. Muitos moradores praticamente precisavam ser alpinistas para chegarem em suas residências, agora sobem no badalado "metrocable", aliás construídos por empreiteiras brasileiras. Essas engenhocas poderiam, por exemplo, subir a Rocinha.

O metrô de Caracas é muito barato (pagamos cinquenta centavos a passagem, algo como vinte centavos de reais no Brasil), e vivem lotados. Para encher um tanque de gasolina nos carros o valor fica em mais ou menos R$ 1,00, isso mesmo, um real!

Já os ônibus sáo bastante velhos, caindo aos pedacos, embora também com tarifas baixas. Os táxis náo usam taxímetros, os valores sáo previamente acertados.  Os que ficam nos estacionamentos dos hoteis enfiam a faca, mas os da rua sáo baratos.   No domingo fomos à La Hatillo, uma cidade parecida com Embu das Artes, regiáo metropolitana de SP.

Lá, além das construcóes históricas, há a venda de artesanatos, roupas, recordacóes da Venezuela, etc. Distante mais ou menos 30 Km do hotel onde estávamos e a tarifa ficou em 70 bolívares, algo como R$ 25,00.

Depois falo mais sobre a semana bolivariana.

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