O presidente Lula e a presidente eleita, Dilma Rousseff, declararam nesta quarta-feira, 3, que vão à reunião do G-20, na próxima semana, em Seul, para propor medidas contra a guerra cambial em curso no mundo. Para eles, essa é uma disputa entre os EUA e a China que afeta todo o planeta.
Hoje os portais noticiam que o FED, banco central dos EUA, vai comprar US$ 600 bilhões em títulos do Tesouro americano. Serão US$ 75 bilhões por mês, até o segundo trimestre de 2011. O objetivo alegado é o de recuperar a economia americana, hoje amargando 9,6% de desemprego.
Os juros de lá variam de 0% a 0,25%. Com a injeção desses recursos no sistema financeiro (o que torna o dólar mais barato) a expectativa das autoridades daquele país é estimular o crédito e o consumo. Isso tornaria, adicionalmente, a economia americana mais competitiva - dólares mais baratos facilitam a exportação.
Essas medidas impactam a economia do Brasil. A desvalorização do dólar obriga o país a adotar novas medidas para valorizar o real. Mas o juro aqui é muito alto e atrai dólares. Uma das medidas já foi tomada, durante o processo eleitoral: aumento do IOF de 2% para 4% sobre o capital estrangeiro que entra no país. Mas a entrada de dólares continua.
Essa crise cambial parece derivada da grave crise econômica que atingiu o mundo todo, particularmente os EUA, Europa e o Japão. Há quem acuse a China de vilã, por exercer sua soberania com um regime de câmbio fixo, enquanto outros países, inclusive o Brasil, adota o câmbio flutuante, de acordo com o jogo de mercado.
O fato é que essa matéria complexa - e que inacreditavelmente passou longe do debate eleitoral - talvez seja um dos mais cabeludos problemas que Dilma enfrentará no início do seu mandato. Eu não sou economista, mas não me esqueço de uma frase, parece que proferida pela famosa Maria Conceição Tavares (ou foi o Mário Henrique Simonsen?) segundo a qual "crise inflacionária aleija e crise cambial mata".
Com a palavra quem manja do assunto!
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