terça-feira, 2 de novembro de 2010

A mídia e o governo Dilma

A mídia tenta refletir uma imagem pomposa de democracia e de respeito às regras do jogo. Terminadas as eleições, os noticiários de TV e das emissoras de rádio, os jornais e as badaladas revistas semanais buscam, a todo custo, uma imagem, uma entrevista, uma premonição, qualquer coisa para exibir a ungida em tom mais simpático.

Fazem isso para se adaptar à chamada opinião pública majoritária, manter a credibilidade, a audiência, a tiragem, etc. Há diferenciações. Alguns meios são simpáticos à eleita, parecem apostar em uma relação mais amistosa. . Outros, no entanto, tentam fazer crer que, para governar bem, Dilma deve seguir o receituário das forças políticas derrotas. Parece brincadeira, mas não é.

No cipoal de fofocas e meias-informações, começam a dizer que Dilma vai sofrer na tarefa de "acomodar" os interesses da ampla coligação, insinuando que o a administração vai ser loteada e virar um saco de gatos. Melhor seria, por essa visão, perder a eleição, aí não se precisaria montar o governo pluripartidário, plural e heterogêneo.

Ao exagerarem, agora, a força de Lula, tentam transmitir a ideia de que Dilma é fraca, não saberá andar com as próprias pernas e, por isso mesmo, correrá o risco de decepcionar enquanto governante. E já lançam no horizonte político, precocemente, os principais nomes que a oposição trabalha para um distante 2014.

Depois, tentam estabelecer as balizas dentro das quais a nova presidente deve se movimentar. Em primeiríssimo lugar, a garantia da sagrada e absoluta liberdade de imprensa (ou de empresa, como dizem alguns), como se fosse um "recuo". Nessa matéria, a presidente eleita tem tido um discurso coerente desde o início da campanha.

Na ecomonia, tentam puxar o governo para a direita. Austeridade fiscal, contenção de gastos públicos, diminuição do peso e do papel do estado e outras cantilenas, todas elas derrotadas nas urnas, fazem parte do acervo de orientações desses "professores".

No fundo, estão preparando o terreno para exercer o papel de partido de oposição. Se a economia estiver bem, a causa terá sido a obediência ao ideário proposto pela mídia; se sobrevier uma crise, a responsabilidade será da nova governante, por não aplicar ou aplicar com deficiência a cartilha conservadora.

O grande desafio da nova presidente - avançar no sentido de um projeto nacional de desenvolvimento, com democracia, justiça social, soberania e integração solidária principalmente com a América Latina, não fazem parte do repertório midiático. Mas é esse o debate que interessa aos 55 milhões de eleitores de Dilma.

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