A "Folha de São Paulo" criou um neologismo - ditabranda - para caracterizar a ditadura militar brasileira de 1964 a 1985. Segundo o jornal, que na época apoiou ativamente o regime, comparada com outras, a ditadura "made in Brazil" foi soft, light, branda, conforme atesta a famosa foto ao lado.
Em "As Moças de Minas - Uma História dos anos 60" (Editora Alfa-Ômega, 1989) Luiz Manfredini aponta que "os governos militares chegariam a 1979 com um saldo macabro: cerca de 50 mil pessoas arrastadas aos cárceres por motivos políticos, 20 mil torturadas, 320 militantes mortos, incluindo os 144 dados como 'desaparecidos', quatro condenações à morte, 130 brasileiros banidos do País e 780 cassações de direitos políticos".
Deste livro, para atestar a brandura da nossa ditabranda, resgato que, para mitigar as dores de uma vizinha de cela supliciada por torturadores - e sem perspectiva diante da masmorra em que se encontravam - Gilse Consenza cometeu este verso, capaz de expressar a situação: "Minha vizinha de cela /Não tenha medo da dor / Mais vale ser um defunto / Que estar vivo e ser traidor."
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