O IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - é vinculado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Seu atual presidente, o professor Marcio Pochmann, apresentou no último dia 5 de maio um estudo denominado Distribuição Funcional da Renda pré e pós Crise Internacional no Brasil.
O Comunicado do IPEA é importante por que permite avaliar tanto a trajetória da distribuição funcional da renda no país como os impactos das políticas governamentais para melhorar ou piorar a participação relativa do trabalho na renda nacional.
O estudo explica que os quatro principais itens determinantes da participação relativa do trabalho na renda nacional são os seguintes: 1) rendimento médio real dos ocupados; 2) nível de ocupação; 3) produtividade do trabalho; 4) PIB.
Com base nesses critérios, o IPEA constata que no período compreendido entre 1959/1960 a 1999/2000, a participação do trabalho na renda nacional caiu de 56,6% do PIB para 48%, queda, portanto, de 29,3%. A contrapartida foi o aumento do chamado rendimento da propriedade (lucro, juros, alugueis, renda da terra, entre outros).
A piora para a renda do trabalho foi mais intensa na década de 90 (período, registre-se, do governo FHC) e na década de 80 (fim do regime militar e início do Governo Sarney), as duas décadas de menor expansão econômica no século XX no Brasil, coincindindo com a maior concentração da renda.
Na primeira década do século XXI (Governo Lula), começa a redução da desigualdade e maior participação do trabalho na renda nacional. Em 2008/2009, por exemplo, a fatia do trabalho aumentou 9,5%, chegando a 43,6% do PIB, contra 40% nos anos 1999/2000.
O problema, finaliza o documento, é que no período pós-crise a economia se recupera via aumento da produtividade do trabalho, sem acompanhamento, no mesmo ritmo, do aumento real do rendimento do trabalho e do nível de ocupação.
Se essa tendência não for estancada, pode-se retomar o ciclo vicioso mais favorável ao capital em detrimento do trabalho. Quem tiver interesse, recomendo a leitura na íntegra do Comunicado, disponível no www.ipea.gov.br.
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