O artigo do Altamiro Borges, publicado em seu blog, nos poupa da necessidade de comentar e celebrar os 10 anos da Revolução Bolivariana. Recomendo a leitura. Como comentário marginal, gostaria de destacar apenas uns poucos pontos.
Estive em Caracas o ano passado. Visitei diversos bairros da periferia, participei de assembléias populares e inauguração de obras, estive na Universidade Bolivariana e no ato com um milhão de pessoas comemorando a derrota do golpe de abril de 2002.
Vi também um esforço muito grande para a afirmação do PSUV, Partido Socialista Unido da Venezuela, e uma farta literatura revolucionária.
Duas coisas me chamaram a atenção: as relações difíceis do PSUV com o Partido Comunista da Venezuela e os eventos da prefeitura de Caracas para inaugurar obras ou fazer assembléia popular: nestas, percebi que havia uma espécie de claque que aplaudia o prefeito, enquanto fora do espaço da assembléia sentia uma certa indiferença da população. (Essa observação me marcou mais com a derrota dos bolivarianos nas últimas eleições municipais de Caracas).
Outra ponto da revolução que causa certa perplexidade é que a liderança do Chávez é tão grande que ofusca todas as outras e a luta para reelegê-lo tornou-se quase uma imposição.
Mas a gigantesca multidão no ato nos arredores do Palácio Miraflores, todos vestidos de vermelho, parece que, a despeito das enormes desigualdades sociais e a da grande dependência ao petróleo, a revolução segue o seu curso ancorada em forte e amplo apoio popular. E esse é o aspecto principal da análise que eu queria abordar.
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