Como a oposição não tem um programa alternativo para apresentar à sociedade, vive requentando factóides. Além da esfarrapada bandeira udenista da ética e da moralidade, tucanos e demos gostam de parolar sobre a gastança do estado, o aparelhamento dos cargos púbicos e outras baboseiras.
O Serra, por exemplo, também costuma atirar nessa direção. Quando foi prefeito de São Paulo nomeou seus apaniguados ex-prefeitos do interior para assumirem as funções de sub-prefeitos na Capital. A maioria deles não conhecia São Paulo e muito menos os bairros que eles deveriam administrar. Mas, como são cargos de confiança, de livre provimento, como se diz na língua da administração pública, o eleito tem o direito de escolher quem melhor lhe aprouver. Tudo bem. Só que, quando são os partidos da base do governo Lula (ou o próprio) que indicam aliados políticos para esta ou aquela função, pronto!, o mundo vem abaixo, é a cupinização do estado, como disse com a maior cara de pau o ex-presidente FHC. Para ele, isso é cupinização, mas comprar votos para a reeleição, vender na bacia das almas nossas estatais, perseguir trabalhadores e aposentados e afundar o Brasil no neoliberalismo é modernidade, avanço...
Mas toda essa enrolação é apenas um longo prolegômenos para o que de fato eu queria dizer. A operação da Polícia Federal que prendeu diretores e funcionários da Camargo Correa envolveu, entre outros, nomes ligados ao PSDB e ao DEM.
Como esse tipo de notícia torna hipócrita a campanha desses dois partidos paladinos dos bons costumes, a mídia subserviente corre logo para mostrar que a empresa também faz obras para o governo federal.
O portal UOL, por exemplo, neste momento mancheteia que a Camargo Correa faz obras para o PAC. Claro que faz, não é segredo para ninguém que essa construturora faz, sozinha ou em consórcio, praticamente todas as principais obras públicas do país. Em São Paulo, atualmente a empreiteira faz a famosa linha-4 do Metrô, obra de dois bilhões de dólares, o Rodoanel, etc.
Como não existe financiamento público para as campanhas eleitorais, essas empresas financiam praticamente todos os partidos, constrangendo a atuação de cada um deles na hora de fiscalizar obras, licitações, concorrências, superfaturamentos etc. e tal.
Essas empresas bancam as campanhas eleitorais não por convergência programática, espírito democrático. Na verdade, o que fazem é um investimento que reclama retorno. E nada de "a fundo perdido"... Essa relação promíscua, desgraçadamente, vive no fio da navalha. Daí para a ilegalidade é um passo. Não falo nem dessa operação específica, mas é assim que as coisas funcionam. Nesse ponto, nossos reformadores políticos se calam, só falam em restrições antidemocráticas como clásula de barreira, fim das coligações e outros casuísmos.
Financiamento público das campanhas eleitorais é o melhor remédio não para acabar, mas para minimizar o peso do poder econômico nas disputas eleitorais. Mas isso não passa no atual Congresso - e nem a dona mídia toda-poderosa e moralista aceita falar disso.
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