sábado, 17 de janeiro de 2009

Obama

No próximo dia 20, terça-feira, Barack Hussein Obama toma posse como o 44º presidente dos Estados Unidos da América.

Protestante, descendente de muçulmano, filho de pai negro e mãe branca, Obama é advogado, formado na Universidade de Harvard, instituição na qual um dos seus professores foi Mangabeira Unger, ministro do presidente Lula.

O primeiro presidente negro dos EUA iniciará o seu governo em meio a maior crise da economia do seu país desde a grande depressão dos anos 30 do século passado (vide jornal acima à esquerda) e com seu país envolvido em guerra no Iraque e no Afeganistão. Seu mandato coincide também com o massadre promovido por Israel contra os palestinos da Faixa de Gaza.

"Thank you, change can change" (Obrigado, a mudança pode acontecer) é a última mensagem do seu sítio (ilustração abaixo) de sua campanha, que mobilizou corações e mentes dos americanos fartos do pesado legado de George Bush e em busca de rotas alternativas para tirar o big brother do norte do atoleiro em que está metido.

Com 47 anos e com mandato até janeiro de 2013, Obama movimentará as engrenagens do sistema de poder dos EUA com pouca margem de manobra. O poder político, econômico, militar e diplomático dos EUA ainda é muito grande, mas a maioria dos analistas concorda que a hegemonia americana ingressa em viés de baixa, para usar um termo roubado do economês.
Em vez do unilateralismo, da guerra preventiva e permanente, do "hard power", os EUA provavelmente terão que conviver com o multilateralismo, tomar decisões em fóruns mais amplos do que os restritos núcleos duros do seu stablishement, sem abandonar, no entanto, a força bruta, doença congênita do imperialismo.
Ao lado da tarefa de soerguer a combalida economia, Barack Obama conviverá com a emergência de novos concorrentes na liderança econômica, como a China. Parece que as profecias de Paul Kennedy, em "Ascenção e Queda das Grandes Potências", se encaixam no figurino atual dos EUA.
Mas todo império resiste à queda, reorientando posições para predrvar o status quo. Não por acaso, a secretária de Defesa escolhida por Obama, a senadora Hillary Clinton, adota o "smart power" (poder inteligente), como a nova marca da política externa dos EUA. A inteligência desse poder, no entanto, não prescinde de usar a superioridade militar como o último e definitivo argumento.
Rótulos e promessas de mudanças à parte, o grande movimento renovador desatado pela campanha de Obama tende a ser abortado pela blindagem que a grande burguesia americana construiu para preservar o império. Mas as contradições provocadas pela sua vitória devem provocar mudanças. Quais mudanças, sua amplitude e profundidade, só o tempo dirá.

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