quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Os reis do Brasil


Todo mês o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central se reúne. Esses oito cavalheiros, diretores do BC, verdadeiros reis do Brasil (veja o nome deles abaixo) definem a chamada taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia), baliza para os juros praticados pelo mercado, um vetor essencial para a economia.
1)Henrique de Campos Meirelles – Presidente (foto ao lado)
2)Alexandre Antonio Tombini
3)Alvir Alberto Hoffmann
4)Anthero de Moraes Meirelles
5)Antonio Gustavo Matos do Vale
6)Maria Celina Berardinelli Arraes
7)Mario Gomes Torós
8)Mário Magalhães Carvalho Mesquita
O Copom é tão poderoso que tem gente que chega a afirmar que esses nobres senhores, que não obtiveram um único voto nas eleições, tem poder equivalente ao do presidente da República, já que eles definem as diretrizes da política monetária, a taxa básica de juros do país e a meta de inflação. São os xerifes da moeda, se preocupam com a chamada "estabilidade" macroeconômica e tem verdadeira ojeriza por crescimento acelerado, emprego e consumo. Eles é que fazem jus ao título que o governo recebe de conservadorismo na política macroeconômica, uma posição que se choca com setores desenvolvimentistas desse governo híbrido na economia.

Pois bem: recentemente, o Lula e outros membros do governo, em discursos ou em entrevistas, bateram mais forte na tecla de juros menores, como tem ocorrido em todo o mundo para dinamizar as economias combalidas pela crise. Mas o BC tem "autonomia operacional" e faz ouvidos moucos.

Muitos acham que a reunião dos dias 20 e 21 de janeiro, pode baixar o juro em até um ponto percentual. As centrais sindicais querem, no mínimo, 2% a menos. A Fiesp, neste ponto, foi até mais ousada. Embora a imprensa, nas edições de hoje, só tenham falado na proposta empresarial de reduzir salários e jornada de trabalho sem uma efetiva garantia de emprego, a sugestão do Paulo Skaf de um corte drástico na taxa Selic, dos atuais 13,75% para 8%, não teve repercussão. O silêncio da mídia nessa matéria é uma demonstração inequívoca de seu rabo preso não com os leitores/ouvintes/telespectadores, mas sim com a banca.
No sítio do Banco Central é possível ver a íntegra das atas do Copom. São textos áridos, em economês. Para saciar curiosidades, leiam os tr~es últimos itens da ata dos nossos ortodoxos cavalheiros do Banco Central:
"28. Nesse contexto, tendo a maioria dos membros do Comitê discutido a possibilidade de reduzir a taxa básica de juros já nesta reunião, em ambiente macroeconômico que continua cercado por grande incerteza, o Copom decidiu por unanimidade, ainda manter a taxa Selic em 13,75% a. a., sem viés, neste momento. O Comitê irá monitorar atentamente a evolução do cenário prospectivo para a inflação com vistas a definir tempestivamente os próximos passos de sua estratégia de política monetária.

29. No regime de metas para a inflação, o Copom orienta suas decisões de acordo com os valores projetados para a inflação, a análise de diversos cenários alternativos para a evolução das principais variáveis que determinam a dinâmica prospectiva dos preços e o balanço dos riscos associado às suas projeções. Há sinais de que o ritmo de expansão da demanda doméstica, que continuou se expandindo a taxas robustas no terceiro trimestre, estaria, atualmente, contribuindo de forma menos intensa para o dinamismo da atividade econômica, a despeito da persistência de fatores de estímulo, como o crescimento da renda, agindo sobre a economia. Por outro lado, a contribuição do setor externo para um cenário inflacionário favorável, diante da forte depreciação de preços de ativos brasileiros e da aparente redução na capacidade de importar, tornou-se menos efetiva. Nesse ambiente, cabe à política monetária trazer a inflação de volta à trajetória de metas já em 2009, de forma a evitar que a maior incerteza detectada em horizontes mais curtos se propague para horizontes mais longos e, assim, favorecer uma recuperação sustentada da atividade econômica. Evidentemente, na eventualidade de se verificar alteração no perfil de riscos que implique modificação do cenário prospectivo básico traçado para a inflação pelo Comitê neste momento, a postura da política monetária será prontamente adequada às circunstâncias.

30. Ao final da reunião, foi registrado que o Comitê voltará a se reunir em 20 de janeiro de 2009, para as apresentações técnicas, e no dia seguinte, para deliberar sobre a política monetária, conforme estabelecido pelo Comunicado 17.327, de 27/8/2008."




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