Certos setores tentam vender a ideia de que Serra e Dilma são iguais, tanto faz qual dos dois venha a assumir a presidência em primeiro de janeiro de 2011. Por essa tese, os dois seriam desenvolvimentistas na economia, parecidos na política e não mexeriam "no social".
O conhecido jornalista Raimundo Rodrigues Pereira, em seminário promovido pela Fundação Maurício Grabois, entre críticas ácidas ao governo Lula externou esse ponto de vista, com um acento adicional. Para ele, Serra é até mais crítico à atual política macroeconõmica do que Dilma.
Em uma entrevista a um carderno especial do jornal "Valor Econômico", o sociólogo Gabriel Cohn, professor aposentado da USP, onde foi professor titular e diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, disse o seguinte:
"O que é o Serra? O Serra sempre representou, dentro do PSDB, a ala desenvolvimentista. Não seria uma diferença grande (o governo dele com o governo Lula), apesar da ânsia do Serra em desmontar tudo o que encontrar". Desmontar tudo o quê, ilustre professor?
Essas elocubrações ganham força quanto, por exemplo, o Lula diz, como disse ontem, brincando, que o Serra é o seu plano B, caso Dilma não vingue. Disse isso no contexto de uma reunião reservada de uma hora e meia entre os dois, sem testemunhas. Lula já chegou a dizer que é um luxo o Brasil ser governado por um dos dois (Serra ou Dilma).
Para além do controverso equivalente desenvolvimentista dos dois principais pré-candidatos nas presidenciais de 2010, deixo alguns registros para comparar a trajetória e as perspectivas em disputa.
Serra nunca recebeu lideranças sindicais ou do movimento popular no Estado, por diversas vezes tratou na porrada as mobilizações, alia-se ao que há de mais conservador na elite paulista, é o candidato queridinho da Folha, Estadão e Veja, é espartano nos gastos com políticas sociais (para ficar em um único e expressivo exemplo, São Paulo patina na educação pública com os piores indicadores do país).
Com ele presidente, a política externa do país sofreria uma inflexão negativa. Outro dia eu vi uma revista colombiana pró-Uribe, fazendo uma matéria bastante favorável ao governador paulista, eufórica com o favoritismo (nas pesquisas) do candidato brasileño nas eleições.
É um erro político grosseiro analisar as pessoas fora do contexto, do seu arco de relacionamento político e social, das engrenagens em que estão metidas. Serra tem orabo preso com o atraso, doa a quem doer.
Dilma constrói sua candidatura a partir de uma aliança centro-esquerda. Pode ser até que o centro fique mais forte, com a prioridade que se dá ao PMDB, mas a esquerda está presente na sua engenharia.
Outro é o caminho que segue o governador Serra. Ele navega com desenvolvutura nas águas da direita, firma um pacto importante com o Demo e procurar construir um campo de centro-direita para as eleições.
A verdadeira polarização está colocada. Ou se mantém e se aprofunda o ciclo progressista inaugurado com o governo Lula, ou recuamos e teremos as rédeas do país nas mãos conservadoras do tucananto e seus aliados.
A peroração rebuscada que tenta imacular a imagem do Serra não passa de cortina de fumaça para camuflar as diferenças e pavimentar o caminho do retorno dos conservadores ao governo. Não podemos pisar nessa casca de banana.
Pode-se e deve-se criticar o reformismo mitigado do Lula, sua postura de conciliação e não de reuptura e otras cositas más. Mas não captar as diferenças, aí não dá. Last, but nost least, o cara é palmeirense.
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