Não precisa ser economista para perceber que há, pelo menos, duas pedras no caminho do desenvolvimento com valorização do trabalho.
Um deles responde pelo nome de Selic - a taxa básica de juros definida pelo Copom (Comitê de Política Monetária). Os atuais 13,75% colocam o Brasil na pole position dos juros reais. O juro nominal da Venezuela é de 22,52%, superior ao do Brasil, mas lá a inflação é maior. (Vale a pena também estudar por que a República Bolivariana tem esse juro tão alto).
Mas há uma coisa que pouco se fala e que pesa mais no seu, no meu, no nosso bolso: é o spread, diferença entre o custo de captação do dinheiro pelos bancos (Selic) e o juro cobrado no mercado (no cheque especial, no cartão de crédito, nos financiamentos, no crediário em geral).
70% da mordida do juro é decorrente do spread. Assim, afirma a turma que se diz especialista, a diminuição da taxa de juros de até um ponto percentual na reunião do Copom da próxima semana terá pouco impacto imediato no dia-a-dia do cidadão.
O jornal "O Estado de São Paulo" de hoje afirma que a composição média do spread bancário brasileiro é a seguinte: 37,35% para inadimplência (será que o calote é tão alto assim?); 26,93% é a parte do banco (ô lucrinho danadado!); 18,62% seriam tributos e taxas, 13,50% custo de administração (tudo isso!?) e 3,59% o custo do compulsório.
Para se ter uma pálida ideia do que signfica 30,3% de spread, o "Estadão" lista uma série de países cujos spreads variam de 7,5% a 6,4%, mais ou menos cinco vezes menor do que o do Brasil.
Quem ganha com isso é a turma da bufunfa, como diz o Paulo Nogueira Batista Jr. Os trabalhadores, os setores médios da sociedade e mesmo a burguesia produtiva se ferram. Essa realidade aponta que a luta por um projeto nacional de desenvolvimento tem uma ampla gama de aliaças possível e adversários bem visíveis: os rentistas brasileiros e seus aliados do Império.
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